sexta-feira, julho 29, 2005

E-mail

"Na nossa vida encontramos pessoas especiais que não têm nada a ver com os outros. Podem meter medo a princípio, mas se nos ligarmos a elas, será para sempre".
(Iris Murdoch ou Ana Teresa Pereira, uma delas escreveu isto)

Acabei de receber por e-mail

Humanos, todos pouco humanos

O Cristianismo como antiguidade. – Quando ouço os velhos sinos badalar numa manhã de domingo pergunto-me: como é possível? Isto, por um judeu, crucificado à dois mil anos atrás, que dizia ser o filho de deus? A prova de tal afirmação está em falta. A religião cristã é uma antiguidade projectada através dos tempos, desde a pré-história.

Alguém que leva os seus discipulos a beber o seu sangue; orações por intervenções miraculosas; uma justiça que aceita o inocente como sacrifício; pecados cometidos contra um deus, de acordo com um deus; medo de um além para o qual a morte é o portal; a forma da cruz como um símbolo num tempo que já não conhece a sua função; mais tribunais, a inquisição! Pode alguém acreditar que tais coisas continuem a ser acreditadas?


(L. Katz Nietzsche)

Deserto de Gobi, Agosto 2004

Também em Lisboa o céu parece um fresco do Miguel Angelo.

quinta-feira, julho 28, 2005


Sinto-me como uma avestruz com a cabeça enterrada na areia à procura de minhocas.

Bienvenidos a Portugal!


portugal_1561 Posted by Picasa

Após prolongado périodo de reflexão, tentativa de encontrar uma explicação racional para a situação actual do país, finalmente a resposta (um quase ovo de Colombo “a la minute”): por razões desconhecidas, desde há uns anos que se assiste ao alastramento das ideossincrasias do Entroncamento por todo o território nacional. Tal como um cancro, estamos perante uma progressão geométrica da patologia que temo ser irreversível.

Senhores e senhoras, benvindos a Portugal: o país Fenómeno!

quarta-feira, julho 27, 2005

A Chuva

Ontem foi o dia da Chuva. Eu adoro a chuva. Na escola achavam-me doida porque eu gostava de abrir os braços, avançar para o céu aberto e deixar a roupa colar-se ao corpo gota a gota. Hoje em dia seguro o corpo, é isso que fazemos quando envelhecemos, mas deixo o pensamento voar, abro as janelas, inspiro os vapores da terra quente e quando posso sinto as pingas frescas a aquecerem à medida que escorregam pelo pescoço.

9 Songs

Ontem fui à antestreia do filme “radar” no cinema king. Saí da sala logo a seguir à música dos dandy warhols. Gosto tanto daquela música.

O filme? É pornografia intercalada com concertos de música Rock. Argumento? Não reparei se havia algum e os diálogos eram quase inexistentes.
Não considero o filme chocante, só não acho interessante ver sexo explícito numa tela de cinema.

Culpa #2

À entrada da câmara de gás, “aguentem sem respirar o mais que possam”.
Como se isso o desculpasse.

terça-feira, julho 26, 2005

Coimbra

Detesto vir aqui.
Ainda por cima, esta manhã, descobri 3 cogumelos mutantes no vaso das minhas plantações. Ontem não estavam lá! Como é possível cresceram 2,5 cm numa noite. Nem quero imaginar o que vou encontrar quando chegar a casa! Um cogumelo maior que o frigorífico ou tão grande que nem consigo abrir a porta da rua...

Corre atrás dele!

Nascer, crescer, dançar, comida, caminhar no mundo,
fugir perante um exército chegado não se sabe de onde,
chegar a uma cidade caída de uma estrela, rodeado de terra que cheira a chuva.
Espera e agora deixa-te ir.

Leitor do mundo e de estas palavras, desprende-te, depressa a toda a pressa, foge em tudo quanto viaja, de barco, em dias, em amores, recordações, objectos que rapidamente apodrecem.
Ainda pensas que deus escreveu o mundo?
Pobre coitado, é assim que queres decifrar o copo de água que bebes, a paisagem e a morte que te espera?
Não compreendes o mundo, interpretas a vida de bíblia na mão, como se fosse um país estrangeiro, como se a vida fosse uma língua estranha.
És marciano, anjo, cão, turista?
És estrangeiro no mundo, na vida, na tua casa, no teu corpo?
Entráste em ti como num táxi?

Hoje, o sol fugiu. Corre atrás dele!

segunda-feira, julho 25, 2005

O Rapaz Ostra


the boy with nails on his eyes Posted by Picasa

A duas semanas da primavera ofereçeram-me um livro; apaixonei-me. Foi o início de uma bela amizade, esta entre o Rapaz Ostra e o Rapaz Cubo de Gelo. Mais tarde, tive a sorte de conhecer a Rapariga de Olhar Penetrante.

Os contos são bizarros, pertubantes e com um sentido de humor (negro) apuradissimo. Uma colecção de crianças e criaturas estranhas que o mundo que as rodeia e os próprios pais rejeitam. As suas características especiais, anormais perante os comuns, tornam-se por força da standartização social uma praga que os acompanha e acaba por ser responsável pelo final das suas curtas existências.

Tu és a mulher da minha Vida

Ela a mulher dos meus sonhos



Não resisti ao título, à capa e às primeiras páginas desta BD, comecei a rir na fnac em frente à secção de música clássica e acabei no dia seguinte entre lençóis ainda com os restos de cerveja a turvarem-me o raciocínio e a lembrança do homem que tinha sido confundido com um urinol canino no miradouro do Adamastor (é verdade, tinha as calças com uma mancha amarelada e fez questão em contar a aventura a 3 desconhecidos que estavam sentados num muro a rir).

Nesta pequena narrativa ilustrada, uma planta feia e estranha provoca alucinações e entra nos sonhos das personagens. Claro que não estou a falar de uma planta fumável (esta palavra existe?), seria demasiado óbvio! Gostei do livro, não fui eu que o escolhi, foi ele que me escolheu a mim numa altura em que os meus vasos estão todos plantados com ervas aromáticas e ando à procura da planta com as folhas de cinco bicos para a minha sala. Gosto de ter a casa perfumada.

As almas

As almas juntam-se em algum lugar da floresta, saltando entre copas, formando um rio que tem pássaros como peixes; outras, descem ao interior da terra, aproveitando os poços e grutas, unem-se debaixo de lagoas tranquilas e regressam à floresta em forma de cogumelos, míscaros e insectos.
Outras, transformam-se em pequenas chamas, que ardem por vezes nos lugares mais distantes e improváveis.

sexta-feira, julho 22, 2005

MJ

As palavras de lama caem da sua boca de batráquio. Há apenas o som da sua queda, ruidoso e próximo. Tenho que matar a imagem deste ser de uma vez por todas, que se transforme em pedra. Que deixe de viver como um parasita, alimentando-se com a desgraça do outro; sendo feliz com a nossa miséria.
O tempo não lhe irá trazer alívio; todos lhe mentiram. Quem lhe disse que o tempo iria aliviar a sua dor! Está tudo na sua cabeça, e nada tem a ver com felicidade. A sua cabeça é um grande pedaço de irreversível nada. Decide acabar com a memória de uma cama vazia, onde apenas tem a companhia dos seus pelos e de nódas a quem já deu nome.
Não pode fazer crescer uma recordação quando ela nunca o foi. O amor nunca o foi; morreu como a mente morre. O desejo puro expirou.

O arrependimento é inútil. Não chores pelo que deves limpar, pelos erros do passado, pela dor: eles hão-de acompanhar-te sempre! Morre! Deixa as tuas veias correrem frias. Desaparece; não haverá flores para ti.

A lua ontem no Cabo Espichel



"Fiquei à espera.
Uma voz ao lado e piano solto do outro.
E levantei-me, meio entortado com chinelos pés de pato a desviar as curvas do sofá até à portada.
E olhei.
Sabia que a encontrava.
Já a tinha visto, mas não estava como eu gosto.
Ou gostava.
Como eu a queria.
Como eu a queria moldar como peça, como escultura perfeita, massajada pelo meu toque sonhado.
Esperei.
Tranquilo e viajante.
Estou de ombro na portada.
A ouvir o que me rodeia, a criar sinfonia.
A olhar para a conquista.
Desejada.
Agora. Sim, chegou.
Aquela luz iluminada nos meus olhos manchados.
De cansaço do dia.
De alegria partilhada.
Agora és minha, Lua."
Quixote

quinta-feira, julho 21, 2005

Lua



“Quando Endemião, o pastor,
Guardava o seu rebanho,
Ela, a Lua, solene,
Viu-o, amou-o, procurou-o
Descendo dos céus
Até à clareira do Latmos.
Beijou-o e deitou-se ao seu lado
Abençoada a sua sorte!
Para sempre adormecido ficou,
Sem se agitar nem mover
Endemião o Pastor.”

Teócrito

Dizem que, ainda hoje a lua vem visitar Endemião todos os dias com o seu manto prateado. Hoje, lua cheia, talvez a vejamos a deitar-se no horizonte, junto ao pastor adormecido.

Culpa?

Ia à procura do último álbum dos ladytron e só encontrei o dos humanos. Hoje saí tarde de casa porque estive a ouvir 3 vezes a mesma música (como será o resto do álbum?). No carro fui resgatada por uma música dos radiohead.

A CULPA É DA VONTADE (António Variações)

a culpa não é do sol
se o meu corpo se queimar
a culpa é da vontade
que eu tenho de te abraçar
a culpa não é da praia
se o meu corpo se ferir
a culpa é da vontade
que eu tenho de te sentir
a culpa é da vontade que vive
dentro de mim
e só morre com a idade
com a idade do meu fim
a culpa é da vontade
a culpa não é do mar
se o meu olhar se perder
a culpa é da vontade
que eu tenho de te ver
a culpa não é do vento
se a minha voz se calar
a culpa é do lamento
que suporta o meu cantar

Subtracção

Divido contigo a separação, negra e permanente.
Porquê chorar? Abraço-te e prometo um regresso impossível;
sabes bem que as montanhas não se aproximam.
Envio-te estas palavras, a meio de uma noite.

quarta-feira, julho 20, 2005

Fim do Dia

"Devias estar aqui rente aos meus lábios
para dividir comigo esta amargura
dos meus dias partidos um a um"

Eugénio de Andrade

Donnie Darko

Eu fui vê-lo a primeira vez que cá esteve. Foi uma surpresa para mim, nada sabendo do filme confesso que me assustei com o nome do Patrick Swayze no cartaz. Muitas pessoas não gostaram, desaconselharam tarde demais (o mal já estava feito e eu já o tinha visto); e não gostaram porque não o sabem explicar, porque o filme não cede a expectativas de bilheteiras e àquilo que chamam de “entretenimento”.
A compreensão, o conseguir explicar, é assim tão importante para o disfrutar, o prazer do que é estranho? Esta necessidade de explicação, de lógica e racionalidade estraga-nos as emoções, que se querem expontâneas, inexplicáveis, que se entranham.

Fui ver o Donnie Darko

Analgésico


image #19 Posted by Picasa

Fotografias de experiências e memórias partilhadas.
Palavras e linhas atadas, pensamentos que despertam imagens;
peças que se juntam em significados, ocasiões para incendiários.
Quando as minhas emoções se enterram, estas fotos adormecem a dor.

terça-feira, julho 19, 2005

É?

É a imaginação misturada com desejo e saudade.

E o que é?

O que é um sonho? Ser livre, um dia de verão, uma tempestade, um momento do passado, lembrar um amigo que se teve, um cão que morreu, o primeiro desenho do primeiro caderno de folhas brancas, a nossa vida e uma caixa de ostras.

Sonho

Hoje sonhei. Era um sonho dentro de um sonho.

sexta-feira, julho 15, 2005

Ze French Revolution


Cartier-Bresson Posted by Picasa

"Bliss was it in that dawn to be alive
But to be young was very heaven!"
William Wordsworth

A sua perspectiva no início da Revolução Francesa; este entusiasmo não iria durar muito.

Ontem, dia 14 de Julho, comemorou-se a tomada da Bastilha. Penso ser pertinente aproveitar a oportunidade para colocar a questão: estaremos a precisar de uma Revolução?
Comecemos por Portugal, por uma vez na vida vamos dar um bom exemplo!
Mas, numa demostração de que aprendemos com os erros do passado, nada de bolcheviques, estalinismos, grandes caminhadas de revoluções culturais, nada de companheiros Vascos, Otelos e PRECs sindicais. Está bem? Tudo bem, vamos lá então.

quinta-feira, julho 14, 2005

Bookcrossing

Fiquei curiosa...

http://bookcrossing.com.sapo.pt/

Soneto de amor

Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!

José Régio

Ser Humano #2

Há um modo correcto e um incorrecto de fazer as coisas. Fazer algo bem feito é uma forma de respeito. A incompetência resulta da falta de atenção, que vem de pessoas que estão a fazer alguma coisa que não querem fazer. E fazer o que não se quer fazer significa ou que não se tem escolha, ou que não se pensa que há momentos da vida que merecem que se lute por eles.

Ser Humano

“O ser humano é tão reservado em matéria de intimidade, e essa intimidade é o mais espantoso que há em nós, ainda mais espantoso que racionalidade.”
Iris

Porque que é que é tão difícil falarmos do que sentimos? Teremos medo de nos despir? Ou de sentir mais ainda com a emoção de darmos um pouco de nós?

quarta-feira, julho 13, 2005


Numa casa de chá uma mulher fuma cachimbo de água.

Uma mulher numa mesquita, segura o chador com as mãos.

Na mão deste menino está um molho de envelopes com poemas que podemos escolher ao acaso. É o destino em forma de versos.

Este rapaz vendia milho na beira da estra. Ficou tão entusiasmado com os dois turistas que foi buscar um amigo para ver.

Perto do acampamento nómada, jovens passam o tempo. As motas são o principal meio de transporte motorizado.

Uma cara suja de olhos grandes no acampamento nómada.

O menino das mãos pintadas.

As mãos de um menino no acampamento nómada. Estão pintadas com o elemento frio da natureza. A textura é arrepiante, fria...

Esta menina quis oferecer-me um gelado. Que olhos curiosos.

Duas mulheres à porta de um mercado.

RUY BELO

Ontem vi na televisão o programa da Bárbara Guimarães, Palavras Soltas. O convidado era o João Gil e falaram de Ruy Belo e do poema das casas. Fiquei surpreendida com a paixão com que o João Gil falou das casas, para ele todos nós temos casas dentro de nós, como se fossem compartimentos, pedaços de memórias, cantinhos onde nos refugiamos. Este está longe de ser o meu poema preferido do Ruy Belo, mas também eu tenho casas, casas onde encontro um abrigo dentro de mim e casas onde procuro o consolo fora de mim.

OH AS CASAS AS CASAS AS CASAS

Oh as casas as casas as casas
as casa nascem vivem e morrem
Enquanto vivas distinguem-se umas das outras
distinguem-se designadamente pelo cheiro
variam até de sala pra sala
As casas que eu fazia em pequeno
onde estarei eu hoje em pequeno?
Onde estarei aliás eu dos versos daqui a pouco?
Terei eu casa onde reter tudo isto
ou serei sempre somente esta instabilidade?
As casas essas parecem estáveis
mas são tão frágeis as pobres casas
Oh as casas as casas as casas
mudas testemunhas da vida
elas morrem não só ao ser demolidas
elas morrem com a morte das pessoas
As casas de fora olham-nos pelas janelas
Não sabem nada de casas os construtores
os senhorios os procuradores
Os ricos vivem nos seus palácios
mas a casa dos pobres é todo o mundo
os pobres sim têm o conhecimento das casas
os pobres esses conhecem tudo
Eu amei as casas os recantos das casas
Visitei casas apalpei casas
Só as casas explicam que exista
uma palavra como intimidade
Sem casas não haveria ruas
as ruas onde passamos pelos outros
mas passamos principalmente por nós
Na casa nasci e hei-de morrer
na casa sofri convivi amei
na casa atravessei as estações
respirei - ó vida simples problema de respiração
Oh as casas as casas as casas

Amateur

"I don't know what I'm sorry for. But I am sorry. That's got to mean something, right? I mean, whatever it is she told you...Whatever it is I was...This is me. Now. What else can I do?"

Há um homem que não sabe quem é. Com a amnésia, começa uma vida; uma nova pessoa que se descobre em alguém que tem a sorte de encontrar. Quantas vidas podemos nós começar?

O "Amateur" do Hal Hartley é um dos filmes da minha vida. Ainda estará hoje (13 Jul) no cinema Ávila, às 21:30.

terça-feira, julho 12, 2005

Again

Again
You’re tearing me apart
Crushing me inside
You used to lift me up
Now you get me down
If I
Was to walk away
From you my love
Could I laugh again ?
If I
Walk away from you
And leave my love
Could I laugh again ?
Again, again...

You’re killing me again
Am I still in your head ?
You used to light me up
Now you shut me down
If I
Was to walk away
From you my love
Could I laugh again ?
If I
Walk away from you
And leave my love
Could I laugh again ?

I’m losing you again
Like eating me inside
I used to lift you up
Now I get you down

Without your love
You’re tearing me apart
With you close by
You’re crushing me inside
Without your love
You’re tearing me apart
Without your love
I’m dazed in madness
Can’t lose this sadness
I can’t lose this sadness

Can’t lose this sadness

You’re tearing me apart
Crushing me inside
Without your love
(you used to lift me up)
You’re crushing me inside
(now you get me down)
With you close by
I’m dazed in madness
Can’t lose this sadness
You’re ??? me apart
It’s tearing me apart
It’s tearing me apart
I don’t know why
It’s riping me apart
It’s tearing me apart
It’s tearing me apart
I don’t know why
I don’t know why
I don’t know why
I don’t know why
Without your love
Without your love
Without your love
Without your love
It’s tearing me apart

Shiraz



Ainda não falei da cidade que deu o nome à famosa casta de vinho.

É uma cidade cosmopolita, onde os prédios se erguem mais alto e as cores são variadas. É a cidade dos poetas, com jardins dedicados aos grandes mestres e onde são recitadas, regularmente, obras conceituadas.

Nesta zona do Irão, as pessoas recorrem a poemas escolhidos ao acaso para anteciparem qual será a sua sorte numa viagem ou viragem.

É nos arredores que Shiraz que fica Persepolis, o palácio de verão do primeiro império persa, talvez a principal obra arquitectónica engendrada por este povo antigo.

O primeiro império persa foi derrotado pela chegada de Alexandre o Grande que incendiou a cidade e derrotou os vários reis do vasto império.

O que sobrou do incêndio foi ainda saqueado por arqueólogos Europeus e Americanos e por habitantes locais que necessitavam da matéria-prima para construir as suas casas.

Segundo o que se diz por aqueles lados, as principais esculturas e objectos de Persepolis estão espalhados pelo Hermitage, British Museum, Louvre e Museu de Chicago.

Ali, ss Ruínas continuam mágicas, transportam-nos para uma realidade sonhada de outros tempos. As aves exóticas que sobrevoam a zona, fazem o resto.

Magia....

Parabéns



É oficial, vou ser TIAAAAAAAAAA... quase tia!

Admirável Mundo Velho

A maior parte das pessoas que conheço acha aberrante esta minha ideia de não querer ter filhos. “Isso é o que dizes agora!”, dizem-me com a convicção da sua normalidade. Há seguramente mais de uma década que lhes ouço esta certeza. Será que não percebem que se trata de uma opção? Não. Supostamente, é para ter filhos que cá andamos, para continuar o nome da família (mas o nome são apenas algumas letras e, além disso, nem todos os membros da família são recomendáveis), porque já está na altura e (se não o fizer) vou-me arrepender para toda a eternidade. Ou talvez não.
Acho extremamente redutor pensar que a procriação é o objectivo último da nossa existência.

segunda-feira, julho 11, 2005


trust Posted by Picasa

Homens Simples

"There is no such thing as adventure. There's no such thing as romance. There's only trouble and desire.
That's right. And the funny thing is, when you desire something you immediately get into trouble. And when you're in trouble you don't desire anything at all.
It's a fucking tragedy is what it is."

Ontem revi um dos meus filmes favoritos: "Simple Men", do Hal Hartley. Diálogos incríveis na boca de personagens por quem nos apaixonamos. Simples? Nem por isso.

Este filme faz parte de um ciclo de cinema independente americano que está a decorrer, até Setembro, no Ávila. Não faço tenções de perder, ainda esta semana, o "Amateur" e o "Henry's Fool".

Menos, e menos.

Não podes fazer crescer uma recordação quando ela perdeu a sua raiz. O amor não é mais. Morreu como a mente morre: o desejo puro expira.
O arrependimento é inútil. Não vou chorar pelo que devo limpar, pelo erro do passado, pela dor.

Ciúme

“La Jalousie naît avec l’amour, mais ne meurt pas avec lui"
Iris

Então é por isso que os amantes quando se separam não toleram a imagem, a ideia, a vida um do outro.

No meio do mais inocente desejo de felicidade mutua existe o ciúme, a não aceitação da felicidade do outro sem nós.

Não me considero uma pessoa ciumenta mas já passei por uma situação semelhante. Com a despedida desejei-lhe felicidades, mas nem pensar assistir ao que representaria a insignificância do amor vivido. Preferia pensar que “ele tinha desperdiçado a sua felicidade no momento em que desperdiçou a minha”.

Mas a felicidade não foi desperdiçada, a vida simplesmente mudou de rumo.

sexta-feira, julho 08, 2005

O anjo escrevia

- Olá Anjo
- Olá Lua
- Ontem esqueci-me que te amava
- Como esqueceste tu um amor como o nosso?
- Esqueço-me todos os dias para todos os dias aprender a amar-te.

Fotografia #2

Estava muito além, nesse mais além que fica onde se dirige o olhar quando atravessa a janela e se converte em cais de embarque. Nada pode deter uns olhos que se aproximam de uma janela, nem proibir-lhes que percorram o mundo até aos seus confins.

Fotografia

Sinto-me viva, a vida acontece e eu fico com o peito cheio. São as palavras de um desconhecido, a lembrança de um poema ou uma frase perdida no meio de um texto. É também a cor do céu, o calor libertador, a água fresca do mar, uma praia cheia de rochas.

Quando o dia perde o encanto, tenho uma fotografia em casa que me faz sonhar. Sonhos que enchem a minha almofada de mil cores e flores.

Pensei em várias formas de proteger o meu sonho delicado, mas deixaria de ser surpreendida e desconfio que a falta de liberdade estragaria a magia.

quinta-feira, julho 07, 2005

" "

"A vida vale só se sabes que a tens, senão a morte apanha-te desprevenido"
Iris

Global... e a São?

O termo “globalização” adquiriu uma força emotiva de uma novela da TVI. Alguns veem-na como um processo benéfico – a chave para o desenvolvimento económico mundial – e também inevitável e irreversível. Outros veem-na com hostilidade, medo até, acreditando que aumenta a desigualdade entre as nações, ameaça o emprego, os padrões de vida e o progresso social.
Em que ficamos? E que meios justificam que fins?

Rotunda

Hoje passei por um carro, numa rotunda, em sentido contrário. Estaria eu no Irão? Não, estava mesmo dentro do meu carro, no rádio um concerto dos Depeche Mode. Já tenho bilhete! Youuuupieeeeee

Epílogo

Passados uma semana, três dias e 1 hora do meu regresso posso, talvez, fazer uma breve apreciação da minha viagem ao Irão.

As pessoas perguntam-me se gostei! Parece ser a questão óbvia, mas eu não tenho uma resposta pronta. O que significa gostar? É ter ficado encantada com as coisas que vi? É ter posto em causa as minhas concepções de vida, de liberdade, de humanidade, de sociedade? É ter encontrado pessoas apaixonantes que vivem por um sonho? É ter tido experiências únicas e inesquecíveis?

Tudo isto é verdade, mas voltei enjoada. Já não conseguia olhar para as mulheres com os mantos negros e olhares carregados. A noção de espaço pessoal, claramente diferente da minha, incomodava-me, sentia-me agredida cada vez que me davam um encontrão, cada vez que tentava atravessar uma estrada na passadeira.

A segregação social das mulheres é demasiado violenta para a mentalidade ocidental. É opressiva, inibidora e revoltante! Uma mulher nunca pode tocar um homem em público, nas mesquitas tem uma zona isolada tapada com lençóis, não tem o direito de se divorciar sem a autorização do homem, dificilmente consegue um emprego com uma remuneração superior a 100 Euros, tem de andar toda tapada com várias camadas de roupa larga e muitas vezes com tecidos sintéticos.

Os casamentos são arranjados entre as famílias e o homem pode visitar UMA vez a mulher antes da cerimónia. Claro que em nenhuma circunstancia a mulher poderá dançar em público, mesmo na festa do próprio casamento!

É sem dúvida um povo muito estranho, para lá da minha capacidade de compreensão. São considerados um dos países do eixo do mal e o orgulho nacional resume-se a umas t-shirts com marcas americanas ou a dizer USA. Embargo económico? Então porquê que a coca-cola e outras marcas globais de grande consumo se encontravam largamente distribuídas? Querem abrir o país para o turismo mas para visitar um simples parque natural é necessário uma autorização com 3 meses? Serão eles realmente preocupados com a natureza? Então não seria aceitável o facto de Teheran ser a cidade mais poluída do mundo, os carros terem uma média de 30 anos, os resíduos não serem tratados e a higiene nas ruas ser um conceito desconhecido!

Falta acrescentar que nós ocidentais somos considerados, juntamente com a carne suína, sujos. Não somos dignos de entrar em locais puros.

É evidente que não estava à espera de encontrar um país sofisticado, igual a muitos outros que já visitei. Não fiquei desiludida com o que encontrei. Não estava à espera de sentir tanto, de ficar tão absolutamente absorvida com o que me rodeava.

Se me perguntarem se gostei vou continuar a dizer que sim...

quarta-feira, julho 06, 2005


11 - Yazd, as ruas.

10 - Yazd, uma menina com o melhor pão do mundo, quente, com especiarias.

9 - Yazd, Prisão de Alexandre o Grande.

8 - Yazd, uma mini fábrica.

7 - Yazd, uma parede imponente sem nada por trás.

6 - Abyaneh, uma vila feita de lama no meio da montanha.

5 - Mercado de Kasham, especiarias, roupas, tapetes, fruta. Tudo com muitas cores.

4 - Uma casa em Kasham, transformada em jardim para a população local.

3 - Entrada do centro religioso de Quom, aqui todas as mulheres têm de entrar de chador. É o principal centro religioso do país.

2 - Os edifícios com pinturas das vítimas locais da guerra Irão/Iraque. Em Teheran e em todas as vilas e cidades.

1 - Teheran com uma nuvem de poluição

Do you feel like

“Essa emoção é parecida com isto”, mas “isto” é uma abstracção total da nossa experiência real. Não andamos às voltas em nossa casa a dizer, “estou tão emocional agora mesmo!”

terça-feira, julho 05, 2005

Estranho mundo

As coisas que mais estranho tendem a ser os aspectos mundanos da cultura contemporânea. Estou um pouco fora do meu tempo. As coisas normais afastam-me e as pessoas estão sempre a dizer para me agarrar ao progresso. Qual progresso? Admira-me como o fantástico se torna parte do tecido da nossa vida quotidiana, tão rápido e com tanta facilidade.

p.s. Para uma outra abordagem... http://tonidosbifes.blogspot.com/

segunda-feira, julho 04, 2005

Estranho Amor

Será possível uma pessoa apaixonar-se pelas palavras de uma outra pessoa?

http://estranhoamor.blogspot.com/

Já me aconteceu! (num outro tempo)

Are you happy?

A ditadura da superficialidade, a generalização da mediocridade a todos os níveis. Já poucas pessoas se dão ao "trabalho" de aprofundar, preferindo boiar à tona do ready-made. Uma nova indústria avança a passos largos: o "fast feeling".
Não percas a promoção do dia: um "Happy Life" por apenas uma alma.

Alegoria

Ainda há alguns homens que querem ver cores onde outros se satisfazem com sombras. Das sombras alguns outros sonham com as cores que alguns viram ou dizem que viram.

Dois milhões de vezes

As tuas palavras não são apenas para falar,
como um jarro não é apenas para levar água,
o teu coração não é para bombear sangue,
como o sol não é apenas para derramar luz,
os teus passos não são para caminhar,
como a água não é para ser bebida.

sexta-feira, julho 01, 2005

O Futuro distante

Com o muito que custa a liberdade, e o pouco que a apreciam os homens sem espírito (que são a maioria), os que proclamam a igualdade do homem matam a sua liberdade de poder ser diferente.

Silvia

Estive com Silvia, estava mais bonita, com um brilho especial no olhar. O brilho dos sentimentos desmedidos, das promessas loucas de amor, dos sonhos de vida em Marte.

A minha visita prolongou-se além dos 60 minutos habituais, falámos como velhas amigas à procura de um conforto num dia quase cinzento, quase azul.

Falámos de tantas coisas, do javali do ronco ameaçador, da praia sem acessos ideal para uma noite inesquecível, de como o sorriso inocente de uma criança pode ser tão maravilhoso, do desejo/projecto adiado de abandonar o nosso lugar para desbravarmos novos caminhos...

No fim ela escreveu num papel dobrado e velho as coisas que eu lhe disse e deu-me um postal com o nome da aldeia espanhola perdida no meio de uma serra, uma aldeia que só vem nos mapas mais ambiciosos, que tem javalis e um tanque de pedra cheio de flores.

Também gostei do corte de cabelo.