sexta-feira, março 27, 2009

Earth Hour? Acende mazé a luz, ó borrego!



Apagar as luzes e desligar seja o que for não poupa nenhuma energia. Os geradores de electricidade não irão reduzir de repente a sua produção, nem tão-pouco irão armazenar o excesso de energia... ela é pura e simplesmente perdida. E pior que isso, ainda se encorajam as pessoas a gestos simbólicos completamente inúteis e desprovidos que sentido (embora pensem que estão a ser úteis à humanidade), o que definitivamente não é o que o planeta precisa. Nem de uma merda como a Earth Hour irá convencer os cépticos do aquecimento global a alterar os seus hábitos.

quinta-feira, março 26, 2009

Violência doméstica



«Estava eu a preparar-me para dormir ontem à noite, decidi manter uma vigilância apertada à minha mulher. Ainda me dói o olho, e queria ter a certeza que ela não me iria dar outro enxerto. Qualquer pessoa que nos conheça sabe que ninguém irá acreditar que ela me espanca, a não ser que eu tenha começado. E se eu me dirigir à esquadra para apresentar queixa, ainda fica eu preso ou chamam-me de Castelo Branco para baixo (preferia, claro, ser preso e sodomizado por um gorila).
Enquanto me deitava no escuro, temendo o espancamento a caminho, tive um deja vu (it’s french). Esta não é a primeira vez que me deito cheio de medo de ser espancado pela minha mulher (e não me refiro a uma forma sexual do acto).

(Isto agora é uma espécie de flashback)

Ainda não éramos casados. Eu era um funcionário público. Uma noite, depois de ver um filme muito mau, entrei na cama de mansinho. Inclinando-me, beijei-a na testa. Ela senta-se na cama e, numa execução perfeita, aplica-me um soco no olho! A mulher que amava e com quem iria casar deu-me um incrível panadão por a ter beijado! Por sorte, ela não é propriamente a Wonder Woman (embora a trocasse de bom grado pela Linda Carter na flor da sua juventude) e não doeu assim tanto, mas o choque foi grande.
Sem uma palavra, deita-se e adormece. Não a querendo hostilizar, fiquei ali deitado entregue a pensamentos profundos: “Mas que merda foi esta?” Quando chegou a manhã e eu me levantei da cama, a Solange já tinha saído para trabalhar. Naquele dia fui a casa de um amigo para ajudá-lo com umas coisas. A mulher dele olha para mim e pergunta, “O que aconteceu ao teu olho?” Eu ainda não me tinha visto bem ao espelho nessa manhã, então não é que a bácora me tinha posto um olho negro!

Quando finalmente cheguei a casa, a Solange estava no computador. Ela viu-me entrar em casa. Com um grande sorriso, levantou-se e deu-me um abraço e um beijo. Eu apontei-lhe o dedo e ergui a voz, “Tu, mantém-te a dez metros de distância de mim!” Ela queria saber porque se tinha que afastar. Eu queria saber porque sentiu ela a necessidade de me esmurrar. Relembro-a da história do olho negro, e o que faz ela? A minha querida e amorosa mulher rebola no chão a rir. Não se lembra de o ter feito. Pelo menos é o que ela diz. Até à noite passada, ela afirma não se lembrar de nada.

A noite passada, a meio da noite, abana-me, senta-se na cama: “deve ter sido dos nervos.”»
João Mosquito, 36 anos

segunda-feira, março 23, 2009

O ataque dos Morangos Assassinos?



Os atiradores das escolas de Erfurt, Emsdetten e Winnenden têm todos uma coisa em comum: são todos provenientes da mesma sociedade alemã. No entanto, ao procurar conclusões a retirar deste acto monstruoso, não devemos olhar apenas para novas leis, proibições ou limitações (à loucura de alguns e a liberdade de outros). Devemos sobretudo olhar-nos ao espelho.

Aqueles que dizem agora saber o que deve ser feito estão a mentir. A lista de exigências agora feita faz parte do processo de recalcamentos em curso. Os conservadores atacam os jogos de video violentos, um hobby bastante comum dos jovens eleitores poucos dados a conservadores e conservantes. E, com os políticos e conselheiros da praxe sob pressão, os resultados são apresentados hoje para serem questionados amanhã.

As discussões políticas no rescaldo dos tiroteios escolares irão seguir o rumo do costume: as leis sobre o porte de armas ficarão mais rigorosas. Até mesmo as questões colocadas aos políticos e aos espertos do costume são as mesmas: Poderia alguém ter evitado este tiroteio? Porque não pode a polícia monitorizar os chat rooms na Internet, onde são insinuados crimes e escapadelas pendentes?

A questão da responsabilidade pessoal é uma que raramente surge, mas é esta que deveria estar em foco no debate público. Se os pais não podem ser responsabilizados pelas acções dos seus filhos, quem pode?

quinta-feira, março 19, 2009

O preservativo é o látex do Demónio!



A Igreja Católica anda a dizer às pessoas dos países atingidos pela SIDA para não usarem preservativos pois estes têm pequenos buracos pelos quais o HIV pode passar. A igreja divulga esta mensagem em quatro continentes apesar do consenso científico de que os preservativos são impermeáveis ao HIV. Um porta-voz do Vaticano apoia estas afirmações sobre a permeabilidade, apesar da OMS garantir que são falsas.

Estas afirmações da igreja foram reveladas ao mundo num programa da BBC1, Sex and the Holy City. O presidente do Conselho Pontifico para a Família do Vaticano, Cardeal Alfonso Lopez Trujillo, disse no programa: "O vírus da SIDA é cerca de 450 vezes menor que um espermatozóide. O vírus pode passar facilmente pela 'rede' que é formada pelo preservativo.” Eu acrescentaria: “O cérebro do Cardeal Alfonso é cerca de 104 vezes menor que um espermatozóide. Deverá este pensar que o preservativo é uma rede de pesca? Será uma espécie de milagre dos peixes dos nossos dias?"

quarta-feira, março 18, 2009

Sindroma da Mão Alienígena



Esta rara patologia neurológica dá-se quando uma das mãos parece adquirir personalidade própria e age de tal modo que fica completamente fora de controlo. Por exemplo, a mão alienígena pode desabotoar camisas ou tirar roupa enquanto a outra mão está a tentar abotoar ou vestir. Os indivíduos atribuem uma personalidade à sua mão alienígena e irão tentar puni-la por desobediência.

Eu próprio padeço desta patologia e, por vezes, perco o controlo da minha manápula. Na escola era conhecido como o “mexilhão à espanhola”.

segunda-feira, março 16, 2009

O caos? Amanhã, logo se vê.



A crise global é compatível com o ressurgimento do artesanal. A sociedade da informação poderia ter uma espécie de "especialização flexível", uma alternativa à produção em massa que tem a vantagem da antecipação e da independência para enfrentar mercados de consumo como os actuais, irregulares, complexos e flutuantes. Não fosse o político que prefere a especialização inflexível (a flexibilidade não é definitivamente uma característica política) e mecanizada, e os processos de especialização flexíveis -apoiados em mecanismos simples – poderiam aplicar-se igualmente aos actos de governação.

Mas não, agora não dá jeito, amanhã talvez, logo se vê.

quarta-feira, março 11, 2009

Intolerância Religiosa: Aborto



Não tenho tempo para beatices. Pronto está bem, até tenho. Normalmente tento encontrar tempo suficiente para demonstrar que os beatos são pessoas intolerantes com valores e ética bipolar, de modo a que se encaixem sempre neles. Aqui vai disto.

Segundo a Igreja, qualquer mulher que aborte é uma terrorista. Bem, a Igreja tem o direito de pensar o que bem entende (aqui há uns séculos atrás, também pensava que a Terra era o centro do universo e, ainda hoje, há quem defenda o creacionismo, isto é, que foi Deus que criou todas as criaturas da Terra, que descendemos de Adão e Eva e que os nossos antepassados ainda deram uma volta na Arca de Noé), e imagino que será dever de um líder religioso tentar encorajar as pessoas a acreditar nestas balelas.

Eu sou pro-escolha, o que não faz de mim (nem de ninguém) um adepto de abortos. Não reconheço à Igreja (nem ao Estado) o direito de impor o que devemos ou não fazer, o moralmente correcto e o errado, o bem e o mal. Nem a Igreja, nem o Estado, nem eu sabemos das circunstâncias que levaram à decisão de abortar, não sabemos que tipo de vida iria essa criança ter, não sendo desejada. Se alguém acredita que essa é a melhor opção (mas nunca fácil), então acredito que deve ter o direito de o fazer, não irei julgá-la por isso pois apenas posso falar por mim próprio.
São curiosas as posições da Igreja quando o Cristianismo professa a tolerância, o perdão, pede às pessoas para dar a outra face. Não me parece que passe por demonizar as pessoas pelo modo como decidem viver as suas vidas.

E que dizer de quem encorajou o encobrimento do abuso de crianças por padres Católicos. Houve um documento elaborado pelo Cardeal Joseph Ratzinger, antes deste se ter tornado Papa, que apelava ao secretismo no tratamento destes casos.

A outra face? Isso não era um filme?

segunda-feira, março 09, 2009

A Igreja e as Gajas



Ontem foi Dia da Mulher. Era suposto estar a escrever sobre a minha mãezinha que é uma santa… nada disso. Em vez disso, o que penso sobre a natureza insidiosa de uma perspectiva bíblica chamada complementarismo. Bem, depois de algum trabalho (confesso que) feito em cima do joelho fiz um apanhado de algumas opiniões. Eis porque acho tudo isto uma bela merda.
O complementarismo descreve uma visão teológica defendida por alguns cristãos de que os papéis distintos e não sobrepostos do homem e da mulher, assumidos no casamento, na igreja, na lide e na liderança, são biblicamente imperativos. O termo é relativamente recente mas não é mais do que a versão politicamente correcta do que era conhecido como a visão Tradicionalista ou Hierárquica das relações entre géneros (embora por vezes o tradicionalismo se aplique, não estou aqui a falar de relações sexuais).

O complementarismo é uma esquema complicado de ginástica intelectual que tenta justificar a atribuição da autoridade ao macho, com o fundamento de que a autoridade é apenas um entre muitos outros papéis desempenhados pelos seres humanos (sendo o passar a ferro outro papel muito importante que deveria ser exclusivo da fêmea, por exemplo).

Será que estas eminências parvas cristãs compreendem a natureza do amor mútuo e tudo o que isso implica?