segunda-feira, janeiro 30, 2006

À Manha



Encolho os ombros, olho para o céu, duas ou três núvens que andam de sobreiro em sobreiro, que desaparecem de seguida por detrás de um monte, em direcção ao sul, o sol esconde-se atrás delas. Amanhã talvez faça menos calor que hoje, o ar seca, as folhas caem, eu caminho, marcado por uma felicidade que não tem definição, nome, classe.
Continuo, como uma figura que não encaixa na cena, que não consta no argumento, mãos nos bolsos, camisa branca enrrugada. Mantenho-me a passo com uma brisa ligeira que trás da terra a recordação da chuva, do céu, da distância e, de ainda mais longe, outras cenas, outras figuras, desde onde se poderia imaginar a cidade como a fronteira mais distante a partir da qual existe outro mundo.


No sábado fui ao teatro S. Luiz ver uma peça fantástica, baseada num livro de José Luiz Peixoto: "À Manhã". Recomendo que não a deixem para o dia a seguir.

http://lazer.publico.clix.pt/artigo.asp?id=144152

5 comentários:

Lu disse...

Já tenho bilhete!

mariannegreen disse...

Espero que chegue cá em cima.

Unknown disse...

Não mal me engane, acho que vais gostar, Pury.
À saída, vê quem está a controlar o som...

beijos

Unknown disse...

Não sei para onde vão eles (Teatro Meridional) a seguir, Marianne. Caso não subam no país, é sempre uma boa desculpa para vir cá abaixo.

Lu disse...

Foi sem dúvida uma das melhores peças de sempre. As Palavras do José Luís Peixoto quase cantadas. Uma ternura. Com o sol. Com a Lua.
A próxima é do Gonçalo Tavares, "Sobreviver". Também promete.