Uma chama invisível, a tua cólera persistente seca o mundo, sangra-o, para acabar com tudo.
Arde sem chamas, apagado e ardente, cinza e carvão incandescente, arde no céu e faz subir as núvens. Arde na solidão que nos desfaz, que enlouquece. Entre os meus ossos, arde como arde o tempo, como caminha o tempo para a morte, com os seus passos apressados; arde como a solidão que te devora, imola-te sem chama, sede dos lábios. Para acabar com tudo.
4 comentários:
Gostei da descrição da cólera, da raiva em forma de solidão. Só há um pormenor que me inquieta, aliás que me revolta: "sede sem lábios."
Mais do que a àgua precisamos dos lábios para matar a sede.
Porquê essa revolta? Pela escrita, pelas palavras, pelas ideias?
Aí está. "Sede dos lábios".
A minha revolta. Não pelas ideias, nem pela escrita. Pela angústia que tive ao ler o Fogo, este Fogo. Sem poder fazer nada.
Agradeço-te. Estranhas relações estas do universo bloguistico. Entranham-se.
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