Aquilo não foi paixão, foi uma vaga ternura. O que se dá a uma criança doente; o que inspira os tempos idos e as noites pálidas.
Só com a comoção cantamos por dentro: quando o sentir nos agita, se recolhe e cala.
Tivesse sido paixão, verdadeira, e estas palavras noutro tempo mais alegres, não teriam letras mas apenas lágrimas.
8 comentários:
Lágrimas de segredo. Gostei do título, das palavras, da pontuação. Mas sobretudo, do final surpreendente.
E eu conto um segredo.
Obrigado Quixote.
Os meus segredos guardo-os nos bolsos, junto das moedas e das chaves de casa. Tiro-as sempre com cuidado, não se vá nenhum escapar.
o problema é que no momento talvez parecesse paixão
claro. por vezes, gostamos de nos iludir tentando prolongar a felicidade, manter a esperança só mais um pouco. pode ser que esteja enganado... "vamos ver o que isto dá". quando se chega a este ponto, percebe-se que afinal não.
Fiquei perturbada com este post e estes comentarios.
Vaga ternura é triste. E o "vamos ver o que ısto dà" também...
Felizmente ando sempre apaixonada! Por um livro, por um olhar, por um quadro, por uma cor de céu... Por um momento màgico... Por um conjunto de palavras...
Mas também ja esperei para ver o que dava...
Nem tudo é triste, nem tudo é fado. Há também estranhas paixões que a impossibilidade alimenta; paixões entre tripulantes de barcos feios ancorados em margens distantes.
Estas paixões são raras e (ainda mais) raramente se apagam.
Se o caminho fosse sempre em frente, perdiamos a surpresa do acaso... Não vejo nada de triste numa paixão que se alimenta da impossibilidade. Há paixões que só existem na medida em que não se concretizam, permanecem, vividas a uma luz média. No entanto não se está na escuridão total. Nem sempre os barcos são feios e muitas vezes as margens não estão assim tão distantes, mas é perigoso aproximar os barcos, a deslocação pode apagar a tenue luz que a mantem acensa.
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