segunda-feira, dezembro 12, 2005

Aprendo



Da lua não tinha medo, era mais lunar do que solar; fixava, com os olhos bem abertos nas madrugadas tão escuras, a lua sinístra (assassina, na música que tanto gostava). Então banhava-se em raios lunares, como quem tomava banhos de sol. E ficava, límpida.

Alivia-me, sentir a tua mão na minha, por momentos sinto que a morte não existe porque já estamos em verdade na eternidade, faz com que sinta que amar não é morrer, que a entrega de mim mesmo não significa a morte, faz com que sinta uma alegria modesta e diária, faz com que não te questione demasiado, porque a resposta seria tão misteriosa como a pergunta; sinto-me previlegiado pelo sono que durmo, e deus nada tem a ver com isto.

Vou esperar, ainda que se passem anos; olho à minha volta, vejo o que tenho feito por mim e considero uma vitória minha a cada dia que passa. Amei acima de todas as coisas. Aceitei o que não entendia por não querer passar por imbecil. Não temos nenhuma alegria que não tenha sido catalogada; disfarçamos com um pequeno temor o medo maior e, por isso, nunca falamos do que realmente interessa, sorrimos em público do que não achamos piada quando estamos sós. Tivemos medo um do outro, acima de tudo, mas eu escapei disso.
Um dia será o mundo com a sua impersonalidade contra o meu amor-próprio, nunca seremos um só. Avanço. Já não preciso de coragem, baixo a cabeça. Nada temo pois sei que nada voltarei a ter.

16 comentários:

black_bri disse...

Sem palavras.
Quando leio e fecho os olhos a seguir, sinto-me a viajar de mão dada.

Unknown disse...

Haverá melhor coisa do que viajar?
Nem que seja dentro de nós próprios.

black_bri disse...

Até poderá haver muitas outras coisas boas. Mas esta é sem dúvida uma das melhores. Conseguir viajar dentro de nós. Como se as palavras que escreves-te, tenham sido ditas por mim. Ou tenham sido sentidas por mim. Devem andar por aqui algumas almas gémeas!!!

Anónimo disse...

também aprendi a esperar, a não fazer questões a não esperar respostas. É que há coisas que só se lêem nos sorrisos, não são traduziveis em palavras!

Unknown disse...

Ai esses sorrisos...

Anónimo disse...

não são também os sorrisos os espelhos da alma? ou são só os olhares sorridentes....

Unknown disse...

A alma tem muitas formas de se espelhar. Por vezes misteriosas.

Anónimo disse...

Ai esses mistérios...

Alexandre disse...

Já vi que és tão dramático quanto eu...serás caranguejo?

Lu disse...

Já vi que este sofá se parece muito com um aquário. Peixes e um carangueijo...

Unknown disse...

Pessoalmente, prefiro sapateiras...

Lu disse...

E eu a pensar que era de ostras!

Lu disse...

Com limão... E champanhe...

Unknown disse...

Estavamos a falar de animais de casca. É claro que prefiro ostras! Aliás, na escola até era conhecido como o Rapaz-ostra...

Com limão e champanhe a escorrerem num peito descoberto. Lambidas, sugadas, todo o peito, todo o corpo, deixar ir, perder lógicas e racionalidades, seguir aromas, saborear cada goticula.

Lu disse...

Pessoalmente, prefiro doce de abóbora...

Unknown disse...

Hummmm... corpos colados, pegajosos, dedos do pé lambidos. E o aroma, a pele brilhante, quente, quase queima tanto desejo.

Que bem me sabia fazê-lo e não estar para aqui a salivar-me no teclado.