sexta-feira, dezembro 30, 2005

Junto ao rio



O amor tinha-me transformado, o meu sentir vestia novas roupas, despertavam emoções pela primeira vez. Até então fazia-me falta o aroma. Tinha a certeza. Como teria passado todas os verões sem perceber o seu perfume que agora me enlouquece, engrossando o sangue e levando o meu pensamento para tão longe?
Não era menos verdade que até então tinha estado surdo. Já não escutava notas tocadas em pianos de brincar, agora a música entranha-se no peito, afunda-se no corpo e, algumas vezes, faz-me saltar as lágrimas. Eu, antes tão sólido e equilibrado, mostro-me inquieto e nervoso, entrego-me a comportamentos (que me dizem ser) infantís; mas, apesar de isto, era mais feliz que nunca. A minha vida anterior parecia-me a existência hibernante de uma besta fechada, ruminando ou dormindo, sem qualquer noção de um mais além.

2 comentários:

black_bri disse...

Cada vez que sentimos um amor a entrar, abrimos a porta e partimos para a nossa melhor época. De quando eramos crianças... É tão bom. Só é pena, é não durar!!!

Unknown disse...

A minha avózinha, que deus (ou o meu avô) a guarde, continua a dizer-me que eu sou uma criança. É a forma carinhosa que uma avó tem para nos dizer que às vezes parecemos atrasados mentais...

beijos BB