terça-feira, novembro 28, 2006

R.I.P.

Quero, ao morrer, poder inspirar uma pequena necrologia no estilo da que segue: Este homem morreu jovem. Soube querer com todo o coração. Amou ilhas, mares, faróis, o bom vinho;
a mulher e palavras sentidas.

A sua vida foi ilógica. O seu pensar foi contraditório.
Descanse em paz, pela primeira vez.

sexta-feira, novembro 17, 2006

The Science Of Sleep



O filme segue o ponto de vista de Stéphane. Não o de Stéphanie. E isso é parte do sofrimento com que Stéphane se debate, não ser capaz de saber com certeza o que vai na cabeça de Stéphanie. É o ponto de vista de alguém a adormecer; alguém que não quer regressar da viagem.

Uma sucessão de eventos e emoções, progressivamente dramáticas, interrompidos por um vácuo. Parando apenas um pouco antes de chegar a uma conclusão, uma explicação. Um sonho é uma sucessão de altos e baixos, como curvas de temperatura, uma espécie de linha que apenas se conhece depois de ser atravessada, que interrompe a curva. É o fim do filme. Regressamos com um acontecimento dramático, o nosso sonho. Ou talvez seja de mim.

quarta-feira, novembro 15, 2006

O que cai #4


Uma estrada para cada um, esquece tudo e lembra-te.
Uma razão para tudo.
Pensar na eternidade afecta a realidade.
São os impérios caídos que nos governam.
Encontra a terra e torna-te chuva.

sexta-feira, novembro 10, 2006

A especiaria



Há qualquer coisa na especiaria. É o aroma sentido, tenso.
O azul é um aviso, mas não me impediu de admirar o mar,
os olhos, o sonho.
Irei acordar à oitava lua – tudo fará sentido então.

O sonhador, acordou.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Alternative take #2

O sol segue tranquilo, entra-me pela janela. Apenas as sombras se movem.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Alternative take #1



Pediu-lhe desculpa. Que não voltaria a acontecer.
Agora queria pensar, recolher-se, esquecer.
Tivesse sido necessário o vento para espalhar as folhas escritas.
Tivesse sido necessário o vento.
Falava com a desilusão, a gratidão de quem viveu.
Com a tristeza de quem procura uma pobre verdade em que se apoiar e descansar. Uma vida bela – seres, sonhos, sucessos, amor -, em que nada havia merecido.