quarta-feira, agosto 05, 2009

Os Limites do Controlo



Suspeito que o Jim Jarmusch gosta de fazer as pessoas pensar. Nada contra o "Blockbosta de Verão 2/3/4" etc.; comer pipocas (de boca fechada, caso seja possível), finais felizes, comédias românticas e porcos que falam (é bem capaz de ser um pleonasmo). Vejo um filme do Jarmusch, e interrogo-me porque é que aquele negro a fumar numa paragem de autocarro de Memphis fala um Japonês perfeito, o que está por detrás de uma conversa o Tom Waits e o Iggy Pop num diner, e o que leva um assassino a fazer ver a uma rapariga a importância da leitura. Mystery Train, Coffee and Cigarettes, Ghost Dog, e todos os outros filmes dele podem não ter o molho de natas, mas tem definitivamente a carne que se mastiga e o sabor que se sente muito depois de a engolir. A sua obra é uma reflexão sobre parcelas da cultura Americana desvalorizadas e frequentente ignoradas.

Neste último The Limits of Control, há um Lone Man (de Lone Ranger, logo americano?) que não fala espanhol, francês ou japonês, há uma Europa aqui tão perto, caixas de fósforos e papéis engolidos, um caminho, uma busca, um final sem molho de natas nem cogumelos enlatados.