domingo, dezembro 24, 2006

Feliz Comercial!



Recebi uma mensagem de votos natalícios. Até me veio a bilis à abobada palatina! “Que todas as estações da tua vida sejam preenchidas de paz e alegria.” Paz?! Quem quer a paz? Tirando o pessoal do Bloco em relação à Palestina… porque é que esses palhaços não vão todos para lá ajudar a causa e colaborar no fabrico de rockets caseiros?

A paz é uma seca descomunal, não se passa nada, está sempre tudo bem e temos que aturar gajos chatos à mesa para manter a harmonia universal. Que se fxxa a harmonia! Queremos mesmo é movimento, sexo, mudança, paixão, revolução, acompanhar o tempo, fazê-lo.
Alegria? Guito! Deem-me guito até não poder mais e verão o sorriso na minha cara!

Amo independentemente da altura do ano, os meus amigos não o são mais por ser natal e não o são menos nos restantes dias. A quem eu amo, aos meus amigos e familia não preciso que me digam quando o devo fazer, a bem do espirito da quadra. Os outro levam um “tudo de bom para si e para os seus”, o que significa “nada”.

Mas vocês já sabiam isso, verdade?

sexta-feira, dezembro 22, 2006

A musica que mete nojo #3

Hoje é o meu último dia em Malta, um dos países onde se ouve a pior musica do mundo. Sim, é verdade, ainda pior do que em Alhos Vedros. Ainda por cima nesta altura a música está ao nível da tortura em qualquer prisão iraquiana; se já a tradicional era má, agora ainda tenho que levar com temas natalícios em versao boys band, cantados pelo Elvis (com dois baldes de batatas fritas e uma sandes dupla de bacon com maionese), pelo Neil Diamond (uma dor agúda e metálica em tudo semelhante à circuncisão percorre-me o corpo) e, ainda ontem, jantei ao som de músicas de natal tocadas pelo acordeonista de servico ... "Por favor, importa-se de me trazer um balde para eu vomitar e não se importa de por na conta do 7321?" Conseguirei sobreviver?

A cura? Vinho maltês, guronsan, as musicas de natal do South Park, talvez a colectânea do Sufjan Stevens (que ainda não ouvi) e, definitivamente, amanhã (dia 23) num Incognito perto de si.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Qual o objectivo da sua vida?

Ah pois, ser feliz... Porra, será que não se lembram de nada mais original tipo: participar num genocídio, fazer sexo com uma ovelha ou ter um carro igual ao James Bond?

PS: Continuo em Malta. O lobby do hotel está agradavelmente silencioso. Sem música. Tendo em conta a merda que passam, todos os hotéis deviam estar assim, sem qualquer música. O som do A/C basta-me. Obrigado.

terça-feira, dezembro 19, 2006

A musica que mete nojo #2

Todos os natais a mesma merda: mais uma colectanea, o melhor de , o pior de todos os tempos, o mais mau que cagar o pe' todo ate' ao pescoco, a musica dos Metallica cantada pelo Parvarotti mais os amigos de ocasiao...

Porra! Pois esta' bem, e' verdade sim senhor, que so' compra quem quer. Mas fica desde ja' aqui o aviso: se alguem te a bela ideia de me oferecer o cd dos U2 (que bela merda se tornaram) com os melhores exitos de 1993-2001, volume III, terei todo o prazer em enfia-lo no cu do peru a fazer de recheio.


PS: Continuo em Malta. Neste preciso momento estou no lobby do hotel a ouvir, pela 635 vez, o "Jimgle Bells". E' de despertar os mais profundos instintos homicidas no mais pacifico dos seres humanos.

sábado, dezembro 16, 2006

A musica que mete nojo #1

Musica. Ma', muito ma'. E' a que vende mais, o que prova o pessimo gosto das maiorias. Olhem para os tops. E' de levar as maos 'a cabeca e os tampoes aos timpanos.

Liguem a TV Cabo na MTV: Nelly Furtado (estou-me bem a cagar se e' portuguesa ou nao, e' uma bela merda), o R&B esta' la' como macacos no canto do nariz, Justin Timberlake, o sucesso de qualquer festa de adolescente imberbe, Eurotrash e USA trash. Musica para acefalos. E se fossem fazer coreografias para o circo seus palhacos? Liguei a MTV e la' estavam... os Depeche Mode? Vendidos de merda, a editarem colectaneas, "ao vivo" e covers do Coro de Santo Amaro de Oeiras. Porra, nao vos chega ja'? Editaram meia-duzia de originais e tem 213 cds de "vivos", ao "quase morto", remixes e homenagens ao Pai Natal mais o menino Jesus.

(Nota: Desculpem, mas em Malta nao ha' acentos nem cedilhas. Corrijo o texto quando chegar a Portugal, mas nao o podia deixar de escrever.)

terça-feira, novembro 28, 2006

R.I.P.

Quero, ao morrer, poder inspirar uma pequena necrologia no estilo da que segue: Este homem morreu jovem. Soube querer com todo o coração. Amou ilhas, mares, faróis, o bom vinho;
a mulher e palavras sentidas.

A sua vida foi ilógica. O seu pensar foi contraditório.
Descanse em paz, pela primeira vez.

sexta-feira, novembro 17, 2006

The Science Of Sleep



O filme segue o ponto de vista de Stéphane. Não o de Stéphanie. E isso é parte do sofrimento com que Stéphane se debate, não ser capaz de saber com certeza o que vai na cabeça de Stéphanie. É o ponto de vista de alguém a adormecer; alguém que não quer regressar da viagem.

Uma sucessão de eventos e emoções, progressivamente dramáticas, interrompidos por um vácuo. Parando apenas um pouco antes de chegar a uma conclusão, uma explicação. Um sonho é uma sucessão de altos e baixos, como curvas de temperatura, uma espécie de linha que apenas se conhece depois de ser atravessada, que interrompe a curva. É o fim do filme. Regressamos com um acontecimento dramático, o nosso sonho. Ou talvez seja de mim.

quarta-feira, novembro 15, 2006

O que cai #4


Uma estrada para cada um, esquece tudo e lembra-te.
Uma razão para tudo.
Pensar na eternidade afecta a realidade.
São os impérios caídos que nos governam.
Encontra a terra e torna-te chuva.

sexta-feira, novembro 10, 2006

A especiaria



Há qualquer coisa na especiaria. É o aroma sentido, tenso.
O azul é um aviso, mas não me impediu de admirar o mar,
os olhos, o sonho.
Irei acordar à oitava lua – tudo fará sentido então.

O sonhador, acordou.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Alternative take #2

O sol segue tranquilo, entra-me pela janela. Apenas as sombras se movem.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Alternative take #1



Pediu-lhe desculpa. Que não voltaria a acontecer.
Agora queria pensar, recolher-se, esquecer.
Tivesse sido necessário o vento para espalhar as folhas escritas.
Tivesse sido necessário o vento.
Falava com a desilusão, a gratidão de quem viveu.
Com a tristeza de quem procura uma pobre verdade em que se apoiar e descansar. Uma vida bela – seres, sonhos, sucessos, amor -, em que nada havia merecido.

segunda-feira, outubro 30, 2006

Todos e nenhum

Naquele inverno de 1999, em Lisboa duas velhas irmãs morriam de fome num hotel da avenida, deixando caixas cheias de medicamentos e antigos bilhetes de cinema; os amantes não encontravam cama e partiam para o sul; e os camionistas pediam para lhes duplicarem o salário para poder oferecer aos seus filhos a educação que lhes permitiria aceder a profissões de prestígio em que morreriam de fome. Todos doutores.

terça-feira, outubro 24, 2006

from Nietzsche's



Jesus Cristo foi apenas possível numa paisagem judaica. Apenas aí se poderia sonhar com o um arco-iris e a uma escada para o céu, da qual Deus desceria ao encontro do Homem.
Em qualquer outro lado, um dia de sol seria considerado a regra e uma ocorrência quotidiana.

terça-feira, outubro 17, 2006

Nadja

Fixo o olhar, humedece, dormente.
Provo o teu respirar, doces lábios. Lá estarei para sentir.
Viajando, caindo por detrás do vento. Lá estarei para me libertar.
É a ti que eu vejo no sonho, és tu, sou eu. És tu.
Rebolo no chão, arrasto-me na erva. Não me importo.
Fantásticos momentos congelados, coisas da loucura, de ser doido.
Outro momento para saber que nunca irás sair da minha vida.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Por um punhado de terra



Inclinou-se um pouco mais. Suava de febre e toda a sua testa brilhava de gotas. Eu pensava: “Está muito mal. Não tem dinheiro. Não se pode por bem porque não tem dinheiro. Se tens que morrer, não conheces ninguém. Vai morrer porque se morre em todo o mundo.”
Reuni três moedas de euro. Decidimos tomar um café.

Era um café vazio e mal iluminado. O balcão ficava ao fundo, fechando uma esquina, com o empregado mais velho sentado porque sofria do coração, e apenas se levantava para os clientes habituais. Outros três jogavam dominó. Chegavam os sons de um fado entre os golpes das peças no mármore.
Ficámos apenas um momento; o justo para tomar o café. Ao sair continuava tudo igual: o velho atrás do balcão, olhando para os seus pés inchados; os outros a jogar. A música e a luz pareciam ir a desaparecer. Vendo-os pela última vez, ficavam como uma má recordação, negra e triste. No passeio, debaixo das árvores, começou a queixar-se, e quiz-se sentar. Procurou uma árvore e, apoiado nas suas costas, desatou a chorar. Toquei-lhe a cabeça, ao baixar a mão caiu-me uma lágrima. Chorava sobre os seus joelhos, sobre os punhos fechados na terra.

sexta-feira, setembro 22, 2006

The Pillowman



”Será crueldade matar uma criança? E quando esse acto a poupa a uma vida de sofrimento? O que prevalece: o direito à vida ou o direito à felicidade? A uma vida feliz, dir-se-á. Mas as palavras são tão fáceis de pronunciar e construir frases é tão mais simples que vivê-las. Que tudo pode mudar, que há sempre solução... penso que (quase) todos sabemos que não é bem assim.”
Fernando M.

Uma comédia não poderia ser mais negra. Os risos provocados pelo Homem-Almofada são do tipo nervoso, antes e após um engolir em seco, apropriados a um espectáculo em que temos um homem suspeito de torturar e matar crianças, sem piedade e com muita imaginação. A este respeito uma amiga comentava a semelhança com a vontade de rir nos velórios, mesmo os de pessoas mais próximas. É verdade, confesso que fico particularmente inspirado nessas alturas. Penso ser uma espécie de manobra de diversão.
“Não estou a tentar dizer absolutamente nada.” O Homem-Almofada celebra o instinto humano cru para fantasiar, para mentir por desporto, para pescar com peixes mais pequenos. Este instinto é tão primário como o apetite por sexo e comida. A vida é curta e (muitas vezes) brutal, mas as histórias são divertidas. Mais, ao contrário de nós, elas têm a oportunidade de viver para sempre.

Todos os personagens do Homem-Almofada acabam por ser contadores de histórias. Os estilos de narrativa vão desde os contos negros de fadas de Katurian até às decepções dos policias; e do interrogatório oficial, acompanhado por tortura, que é o motor para a inesperada fantasia sobre uma velhice com rebuçados.
A relação entre narrador e ouvinte tem os seus aspectos sado-masoquistas. Caçar apenas para me divertir, a mim e à criança que dorme em todos nós – a criança que esconde a cabeça entre os cobertores e pede, “Pai, assusta-me.”

quinta-feira, setembro 21, 2006

O que cai #3

Ontem fui ao médico. A minha tensão arterial estava boa, embora um pouco baixa (10,8 - 6,5); fora isso, a Srª Drª disse-me que tinha apenas cinco meses e três dias de vida.
A ver se vou ao teatro hoje.

quinta-feira, setembro 14, 2006

O que cai #2



Retirou os cobertores bruscamente e escutou com toda a atenção. Não se tinha enganado. Uma voz gritou ainda várias vezes: «Socorro!»
O Sr. L vivia numa vivenda junto ao rio. A voz vinha de um desgraçado caído ao Zezere.
Sem pensar no frio que fazia tremer os seus membros ressequidos, precepitou-se para o exterior. Atravessou a calçada e apoiado no parapeito olhou a água negra. Um homem, como se apanhado num líquido viscoso, debatia-se.

«Sou velho – disse o Sr. L – Que posso esperar mais da vida? Se salvo este homem que se está a afogar, terei mais satisfações que as que me podem dar alguns anos de vida miserável.»
Subiu o parapeito e lançou-se à água.
Foi ao fundo, porque tinha um coração de pedra.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Uma certa água #2

Ao abotoar as calças, senti o umbigo saltar como uma concha empurrada por uma onda mais forte e, logo, o mesmo ruído, agora mais nítido, mais alto. Sentei-me, passei a mão pela cara, prevendo a barba áspera por fazer, apenas esperava.

Levantei-me para ver a minha cara no espelho, as calças cairam sobre os sapatos desatados, e abri a boca. Foi então que a àgua começou a jorrar boca fora. Primeiro em gotas, depois em fluxos mais fortes, ondas, marés, até que um quase maremoto me arrastou para fora da casa-de-banho. Espantado, tentei agarrar-me ao corrimão da escada, cheguei a esticar os dedos, mas não havia dedos, apenas água derramando-se escadas abaixo, atravessando o corredor, a saleta de fotografias desmaiadas. Antes de chegar ao saguão pensei que seria bom, agora, não ser mais riacho, nem fonte, nem lago, mas um rio farto, caminhando em direcção à rua, talvez ao mar.

segunda-feira, setembro 04, 2006

Vou Ouvindo



So pull me out of this dream
Turn off the television
Put on a romantic vinyl
And come to bed again
Please be my next morning flower
But don't be there all the time
Leave me a couple of hours
Then bring me food and wine

sábado, setembro 02, 2006

Parei

Porque precisei de olhar para dentro, longe dos olhares dos outros.
Um verão introspectivo, diferente, único...

quinta-feira, agosto 31, 2006

Why don't you shoot that gun on me?



Se considerarmos que tem havido uma media de 160.000 tropas no teatro de operações do Iraque durante os últimos 22 meses, e um total de 2.112 mortes, isso dá um rácio de mortes por arma de fogo de 60 por cada 100.000 soldados.

O rácio de mortes por arma de fogo em Washington D.C é 80,6 por cada 100.000 para o mesmo período. Isso significa que tens 25% mais de possibilidades de ser alvejado e morto no Capitólio, que tem uma das leis mais restritas de controlo de armas, do que no Iraque.

Tudo isto nos leva a uma única conclusão possível: Os Estados Unidos deviam retirar de Washington imediatamente.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Uma certa água #1

O primeiro aviso foi um ruído, de manhã bem cedo, quando me inclinava para lavar os dentes sobre o lavatório. Pensei que fosse o jorro de água da torneira e não prestei muita atenção: por vezes esquecia-me de portas, janelas e torneiras abertas.
Fecho a torneira para ouvir, como todos os dias, o silêncio meio azulado das manhãs, com os rumores dos automóveis, poucos ainda. Mas o ruído continuava. Como uma pequena fonte: água clara na pedra – recordei (só um pouco, porque não havia tempo) passeios remotos.
Quando me agachei para atar o sapato percebi que o ruído vinha do solo e, ainda mais agachado, exactamente de dentro do meu próprio pé esquerdo. Voltei a prestar muita atenção, até achei agradável poder sacudir de vez em quando o pé para ouvir o ruído trazer mares, memórias. Quanto atei o sapato direito, voltei a ouvir o mesmo ruído e sorri para mim próprio no espelho.

sexta-feira, agosto 11, 2006

Terna é a noite



Noite dentro existe o sonho, na manhã procura-se o significado, à tarde o sentimento. Na tarde existe o sentimento em que qualquer coisa descansa, qualquer coisa se acumula, existe resignação, reconhecimento, repetição.

A noite foge-nos ao controlo.

terça-feira, agosto 08, 2006

sexta-feira, agosto 04, 2006

Face ao Objecto

Agora estou sozinho em frente ao objecto. Aqui está sobre a mesa a garrafa por que procurei mais de 20 meses.

Por agora pego na garrafa, mas não a viro. Como posso bebê-lo? Em pé como um falso suícida, com o perigoso jogo nas mãos, arma de vidro e copo de veneno... Porque tenho medo de bebê-lo até ao fundo, medo de saber a que sabe, enquanto me cresce na boca o sabor, sal que tempera a vida. Ou será pimenta? Cravinho, amoras, beijos, pele húmida.

quarta-feira, agosto 02, 2006



A sua mulher, uma dessas chamadas “colunáveis”, era célebre pela sua obesidade precoce, que lhe valia o cognome de “Bola da Sebo”. Baixinha, toda ela gorda, um sabonete monstruosos de dedos sapudos, estrangulados nas falanges e parecidos com um bouquet de salsichas cocktail, de pele reluzente e um peito enorme que pareciam querer saltar da roupa, continuava a ser solicitada pela sua presença e frescura social. A sua cara parecia uma maçã corada, e lá dentro, em cima, abriam-se dois magníficos olhos negros, sombreados por pestanas espessas. Mais abaixo, uma boca encantadora, húmida para o beijo, adornada por um dentinhos reluzentes e microscópicos.

sexta-feira, julho 28, 2006

É a loucura!




Observando Fernando M. e Filipe N. (o homem da Valise) bem de perto, não penso que tenham sido invalidados ou limitados pelo que foi feito ao Jackie Chan, por exemplo. Filipe propôs que Fernando fosse contratado pelo Sagrado Coração de Maria. No seu bloco de notas, Fernando escreveu um artigo sobre contracepção.
Fernando poderia ter melhor sorte se deixásse a teologia na paz do senhor.

Meninas e meninos, senhores e senhoras, cavalheiros e ovelhas... é a loucura!
Mais uma noite e a tasca encerra para descanso do pessoal.

Depois, se quizerem mais, terão que ir no primeiro fim-de-semana de Agosto à Ilha do Farol.
Sim, é verdade, Fernando M. e Filipe N. em versão "pop my beach up"!

terça-feira, julho 25, 2006

Já sei...

Ao fim de muitos anos à procura, ao engano, à tentativa-erro, à ilusão do perfeito... finalmente encontro, ao abrir uma qualquer revista na cadeira da varanda onde me sento a ouvir música, ali estava aos meus olhos a resposta à questão: o que queria?

«Eu quero uma coisa que não haja!»

domingo, julho 23, 2006

Does She?



Os retro revivalistas transformaram o ambiente do festival com toda a intensidade de um clube escuro de Manchester por volta de 1980. A música dos She Wants Revenge – intimidante e não aconselhável a electrofóbicos – é apenas perfeita, arte em som.
Justin Warfield domina o palco: a maneira como segura o microfone faz-me lembrar Ian Curtis. Em “These Things” parece possuído pelo seu espírito, seguramente inquieto.

Apesar de tudo, música deste tempo.

sexta-feira, julho 14, 2006

Borboleta



Regra geral, não gosto de borboletas. Abro aqui uma excepção.

Um dos meus videos favoritos.

Outro que arrepia pode ser encontrado num blog embirrante. Radiohead, “Street Spirit”. Uma obra-prima feita de música, imagens e (acima de tudo) de sentir. Depressa, antes que alguém o troque só para embirrar.

quinta-feira, julho 13, 2006

O admirável escritor C.



Quando estás de ressaca, de repente recordas-te do que se passou na noite anterior, as quedas e as rasteiras, a gente que insultáste, a quantidade de imbecilidades que pronunciaste e os segredos sobre ti mesmo que soltaste, e então não tens vontade de continuar a viver; só quando estás de ressaca e pensas no suicídio, de repente ocorre-te a frase escondida: que será de ti? E sabes que mais? Penso agora que escrever é a tua defesa contra o suicídio, como se escrevendo te escapásses a ti mesmo, escrevendo talvez pudesses responder à pergunta... que será de ti, quem eras e que és agora mesmo.

terça-feira, julho 11, 2006

O escritor C.

Retorcia as suas frases tentando subir mais alto, dando-lhes outra volta, impondo mais uma subordinada, outra metafora a parágrafos desproporcionados. Até que o voo se mostrava no solo impossível e indecente, e então regressava precipitadamente, de hélice atada ao próprio corpo, uma frase em queda livre. Mas pisava o chão com pés de chumbo, atabalhoado e confuso, ainda cego pela próximidade da luz omeçava a descida veloz da escada como se fosse arrastado pela inércia da hélice e aterrava no patamar do rés-do-chão, onde antes o esperavam os seus amigos. E, com o tom de quem acaba de regressar do deserto e ainda traz a areia incrustada nos olhos e na língua, propunha-lhes uma garrafa de cerveja, duas garrafas, uma em cada mão, desde que fossem eles a pagá-las.

Ele era o artista sofredor e incompreendido, o maldito do poeta. Eu tinha outro nome para ele: fraude.

segunda-feira, julho 10, 2006

Carvalhal



Dispo-me e entro no mar, perfumado de terra, lavo-me nele, lábio a lábio, há tanto tempo, a terra e o mar.
Imerso na água fria e transparente; com um zumbido nos ouvidos, a boca salgada – nado. Tirar do mar os braços molhados para que se dourem ao sol e fazê-los desaparecer de novo com uma torção de todos os músculos; o movimento da água sobre o meu corpo, a onda que me estica as pernas – e a ausência de horizonte. Na praia, caio na areia, de regresso ao mundo, de volta ao meu peso de carne e ossos, olho para os meus braços onde na pele que seca, ao deslizar a água, surgem as manchas de sal. Temperado de mar.
Gostava que ela estivesse aqui. Que estivesses comigo.

A terra respirava lentamente antes de entrar na sombra. Dentro de um momento, com a primeira estrela, cairá a noite. Mar, campo, silêncio, cheiro a terra, mordo a maçã. Acordo o silêncio.

segunda-feira, julho 03, 2006

Outra madrugada

Os abismos atraem. Tento adivinhar os teus pensamentos, a origem dos teu actos. Desejos que se removem no fundo, ondulantes. De que se alimenta o meu olhar? De nada a não ser dos olhos que me devolvem a descoberta.

Às vezes a vertigem desvia os olhos de ti. Mas volto sempre. Atraído pelo abismo, deixo-me cair.

quinta-feira, junho 29, 2006

Madrugada



Não esqueço a madrugada, o dia acabado de nascer, o lugar prestes a adormecer, a hora em que o teu olhar me encadeou.
Entreguei-me a esse olhar, às palavras ditas contigo nelas, à minha ansiedade.

Adormeci a pensar na beleza deste dia que assim começou.
Já o apanho, assim que acordar.

domingo, junho 25, 2006

Aconteceu-me

Ontem, ela disse-me que estava inspirado.
Como podia não estar, estando lá ela?

segunda-feira, junho 19, 2006

Parcela



Cumpri a minha parte de crueldade e destruição. Os efeitos do amor ou da ternura são fugazes, mas o do erro, os de um único erro, não acabam nunca, como uma doença sem cura. Li que nas regiões boreais, quando chega o inverno, a congelação da superfície dos lagos acontece de forma súbita, um golpe que cristaliza o frio, uma pedra atirada, uma pegada, um pé que salta fora dela e ao cair um segundo depois é aprisionado no gelo.

quarta-feira, junho 14, 2006

Obscuro

O amor não é senão a necessidade de sentir-se com outro, de pensar-se com outro, de deixar a insuportável solidão de quem se sabe vivo e condenado. E assim, procuramos no outro não quem o outro é, mas uma simples desculpa para imaginar que encontrámos uma alma gémea, um coração capaz de bater e quebrar o silêncio entre os latidos do nosso, enquanto corremos pela vida ou a vida corre por nós até acabarmos.

sexta-feira, junho 09, 2006

O grande dilema



No fundo, tudo se resume a este grande dilema que me atormenta: a Branca de Neve ou o pomar?

Tenho mesmo que escolher?

segunda-feira, junho 05, 2006

Fazer amor com uma ovelha vai contra tudo o que é masculino.



Bem, já conheci e até tenho alguns conhecidos ovinosexuais, incluindo campinos ribatejanos e um motard de Faro; muitos actores de teatro e de novelas também o são – com efeito, o Victor Espadinha era considerado o arquetipo do homem português (por alturas da Exposição do Mundo Português). Foi um grande choque quando confessou publicamente que o que mais gostava nas ovelhas não era o queijo! Então o que há de errado em todos estes homens que expressam o seu amor por ovelhas? O que há de horrível nisso? Uma sociedade que desvaloriza o amor, desvaloriza tudo aquilo em que se baseia uma sociedade civilizada – amor e compromisso.

Então isto é algo que os heterosexuais devem temer dos ovinosexuais? Bem, podem estar relaxados, todos os straight guys. Não têm nada com que se preocupar. A grande maioria dos ovinosexuais prefere ter sexo no mesmo ambiente emocional que vocês – como expressão de amor mútuo, afecto e comprometimento. Não os vão violar ou forçá-los a uma posição submissa. A maioria dos ovinossexuais não quer ter sexo com vocês porque procuram algo numa relação sexual apenas possível com uma ovelha – o amor e o afecto de uma parceira devota. Não têm nada que os temer, vocês não os atraem minimanente. Apenas uma minoria (e é uma muito pequena minoria – menos de 3%) que também gosta de sexo com heterosexuais percebe os vossos medos e não irão ter sexo a menos que fique claro que é de comum acordo e que não há qualquer tipo de impedimento para gritar béééé ao atingir o orgasmo.

sábado, junho 03, 2006

Aberração

“Qualquer desvio de outra pessoa relativamente aos nossos hábitos de pensamento, quando ainda não se lhe pode chamar demência.”
Dicionário do Diabo

quarta-feira, maio 31, 2006

Coisas de que eu me lembro #1

Lembro-me que, em tempos, conheci um anónimo.

terça-feira, maio 30, 2006

Critica-me isto!



Se, para além da nossa mãe, há algo em que podemos acreditar toda a nossa vida: os críticos de cinema são uma merda.
Não tenho qualquer tipo de problema com as suas opiniões sobre filmes, ou sobre o seu carácter como ser humano, mas tenho problemas com a sua capacidade de percepção completamente condicionada por tudo o que um crítico espera de um crítico. Na realidade, eles escrevem uns para os outros.
Eles é que a levam a direito. Fizeram um curso de qualquer coisa com uma boa média para uma universidade privada, usaram os seus dons de retórica para sacar gajas, beberam marcas de cerveja de que ninguém ouviu falar (conhecidas nas respectivas terras como “aquela merda que sabe a mijo de gato mas que os estrangeiros gostam de beber para se armar”), e acabaram finalmente num qualquer jornal dito de referência a criticar filmes para as massas ignorantes (nós, portanto).
O problema é que que estes grupos de comunicação social, estas corporações do anti Cristo, lavam-lhes a massa cinzenta e fazem-nos escrever tanto que não lhes sobra tempo para escrever algo que seja criativo e valha a pena ler. São forçados a assistir a horas sem fim de filmes por semana, sobre os quais é esperado que escrevam críticas com 2 a 5 centenas de palavras até à sua reforma.
O resultado deste abuso são centenas de páginas merdosas com dezenas de críticos de cinema a plagiarem-se uns aos outros e a escreverem a mesma merda de opinião. É claro que há uns poucos inconformados por aí. Se todos os outros dizem que o filme é uma merda, eles que é uma obra-prima.
Este espertos do demo descobriram que para serem notados se devem por à parte do esparguete popular, e fazer uma crítica completamente oposta ao que o povo anda a dizer. O povo gosta de dizer coisas, e de esparguete sobre-cozido com ketchup às costas. Estes génios do mal descobriram que o seu jornal dá valor a esta cruzada contra o gosto popular.
O problema é que estes críticos são acefalos. Na verdade, eles não têm qualquer opinião acerca do filme, e escrevem a crítica numa perspectiva que não a própria. E ainda piora, agora todo o crítico aprendeu isto, atirou a ética janela fora e começou a fazer o mesmo.

A solução para os críticos de cinema e suas opiniões de merda:

Não lhes dês atenção. Se és um adolescente imberbe, um rebelde que fuma charros, como podes não curtir o Tom Cruise a rebentar com tudo em seu redor? Não há nada mais divertido do que o som de um pescoço a quebrar para os poucos que têm a capacidade de ver a coisa de um ângulo completamente diferente. A percepção é tudo, e a maior parte dos críticos de cinema devia estar a coçar as hemorróidas na aula em que este conceito foi ensinado.
Se vais escrever uma crítica, primeiro aprende a ser original e criativo (não copies este texto como eu). Vê o filme de todos os ângulos possíveis, e percebe que a tua opinião é apenas isso. Irás então descobrir a tua independência como escritor que é livre de escrever o que bem lhe apetecer, e que podes finalmente e de uma forma honesta afirmar que todos os críticos de cinema são uma merda.

Cinema Descodificado

Fui ver o filme que lidera as bilheteiras nacionais. Nunca nenhum outro filme foi tão visto na primeira semana de exibição. Um livro milionário que se transformou em filme milionário. E os críticos de cinema não perderam a oportunidade de fazerem a criticazinha da praxe; a literatura descartável que pode, ou não, resultar num bom filme.

Pensei que fossem críticos de cinema, mas afinal também percebem de literatura! Porquê que tudo o que é mainstream tem de ser considerado mau pelos supostos intelectuais. Será que a democratização das ideias põe em causa o estatuto de iluminados da triste elite de intelectuais.

Fui ao cinema, não fui ver o filme, fui ao cinema, fui à sala que não tem pipocas distrair-me um bocado. Sem expectativas. Não gostei do filme, foi fraco, muito fraco. Gostei do livro, não o transformei na verdade absoluta da minha vida ou da minha crença religiosa. Foi importante ter uma perspectiva diferente do que veio pre-formatado da minha educação religiosa, dos sermões dos padres, do mistério divino. Descartável? Pôs uma população inteira a ler, numa sociedade em que a leitura está longe de ser um hábito corrente. Os líderes religiosos entraram em pânico, fizeram comunicados, palestras, proibiram, ameaçaram. Descartável?

Quando tantos milhares de portugueses se interessam por um tema tão controverso, é porque estamos no bom caminho. Descartável? Os críticos é que têm de descartar as ideias preconcebidas do que é descartável, não é desprezível uma curiosidade colectiva que provoca questões e discussões.

É pena a arrogância não ser destacável!

segunda-feira, maio 29, 2006

A tua igreja é uma bela merda!

Este homem era um padre de uma igreja local. O meu amigo não estava a falar. O padre queria saber porque tinha ele deixado de ir lá. O meu amigo sorriu e disse-lhe educadamente para ir levar onde as galinhas põem os ovos, e que agora ia a outra igreja ali para os lados da fonte luminosa. Agradeceu a preocupação. O padre perguntou porque não tinha ele regressado à “sua” igreja. O meu amigo, mais uma vez tentando ser educado, tentou contornar a questão e não decarregar neste homem ambos os cartuchos da sua caçadeira emocional de canos serrados. Eu consegui perceber que ele estava a ficar um pouco desconfortável. Tentei dizer algo, mas o padre interrompeu-me. Tentei desviar a conversa quando me olhou e disse, “Quer fazer o favor de não se meter nisto? Isto é entre o João e eu.” Acho que exagerou e o meu amigo rebentou. “Muito bem. Quer mesmo saber porquê?” “Sim.” Disse inquisidor. O meu amigo olhou para ele e tentou explicar, mas sempre que lhe saia uma palavra o padre contrapunha com uma qualquer obscura razão que nada tinha a ver. Estava a tentar invalidar os pontos de vista do meu amigo, e a fazer um pessimo serviço nesse aspecto. Finalmente, quando o nível de frustação aqueceu mais do que um ferro em brasa para marcar um bezerro tresmalhado, olhos nos olhos e em bom som, “Aqui estão as razões porque acho que a sua igreja é uma merda.” Quando começa esta lista olha para mim e repara no meu sorriso – nunca o tinha ouvido falar assim.

sexta-feira, maio 26, 2006

A mais bela bandeira



As bandeiras penduradas de nada serviram. Triste país este em que patriotismo é coisa de bola e em que todos os seus deprimidos cidadãos se mobilizam à volta de 11 macacos que ganham por mês o mesmo que eles em dois anos para andarem atrás do esférico que rola no relvado. Dá todo um novo significado a "dinheiro a pontapés".

As esperanças perderam-se, as bandeiras estão murchas. Em breve, poderão voltar a ser guardadas, umas e outras junto ao terço, até ao próximo show de bola.

terça-feira, maio 23, 2006

Budapeste

Fui a Budapeste, a ver se me encontrava. Afinal, não era eu.
Dei uma volta, regressei. Cheguei cansado e encontrei-me, perdido.

sexta-feira, maio 19, 2006

Eurotrashvision Song? Conteste!



Ontem dei por mim a tentar saber o que é na realidade o Festival da Eurovisão, e até onde poderá descer a sua qualidade? Ou será que é propositado, como uma escultura de Nossa Senhora de Fátima feita de excrementos de ovelha enquanto objecto artístico?

Desde 1956 que o Festival da Eurovisão atemoriza as pessoas pela Europa fora. Os países votam em canções (?) e em grupos, destes juris fazia parte a minha avó (em 1977, o Reino Unido teve um concorrente punk, que ficou em último lugar com uma canção chamada "Shut the Door in my Face". Eu tinha 7 anos e até eu teria achado uma merda). Por vezes, os países escolhem as suas maiores estrelas para os representar... De qualquer modo, a maior parte dos concorrentes da Eurovisão parece que vieram directamente de um salão de cabeleireiros especializados em choques electricos. A Eurovisão é fundamentalmente uma questão de vergonha nacional.
Ocasionalmente, como no caso dos Abba, a banda vencedora segue para a fama e fortuna, mas a maior parte nem por isso. Tem ali mesmo os seus 3 minutos e 12 de fama e ficam condenados ao limbo eterno das festas de provincia, talk shows matinais para estrelas decrepitas que nunca o foram e natais de hospitais.

quarta-feira, maio 17, 2006

Be my sheep



O casamento inter-espécies iria forçar as igrejas a casar homens e ovelhas mesmo tendo uma objecção moral em fazê-lo. Este argumento, usado pelas igrejas que se opõem ao casamento inter-espécies, é simplesmente falso. Não há nada em nenhuma lei matrimonial, existente ou proposta, que obrigue uma igreja a casar um casal contra a sua vontade. As igrejas sempre puderam recusar casais, e por qualquer razão que lhes sirva, e isso não irá mudar. Algumas igrejas continuam a recusar casamentos interraciais, e outras casais de diferentes religiões, e alguma ainda recusam casais com grandes disparidades etárias ou porque têm os dentes tortos ou por qualquer outra razão que lhes apeteça ou porque sim.

O casamento ovinossexual não irá alterar qualquer direito da igreja para recusar a santificar qualquer casamento inteiramente ao seu gosto – iria simplesmente dar às igrejas a oportunidade de casar legalmente casais inter-espécies – a liberdade religiosa iria na verdade expandir-se, não contrair-se.

sexta-feira, maio 12, 2006

Estranho desconforto



Desafio os liberais a repensar as suas ideias de diversidade e do Estado-providência. Há não muito tempo atrás, Portugal era um país estratificado por classes e regiões. Na maior parte das cidades, subúrbios, vilas e aldeias era possível prever atitudes, e até o comportamento, das pessoas que lá viviam. Na maior parte do país, hoje já não é verdade. O país deixou de ser a família da santíssima trindade: futebol, fado, fátima.

Para algumas pessoas isto é causa de desorientação – uma mudança que associam à crescente incivilidade da vida urbana moderna. Para mim, é um sinal da inevitável, e benvinda, marcha da modernidade. Após séculos de normalização, industrialização, urbanização, construção da nação e revolução, os portugueses ficaram mais livres e, consequentemente, mais diferentes entre si.

quinta-feira, maio 11, 2006

No metro

É curioso ver como os limites de tolerância ao desconforto, formas de vida, prioridades variam conforme a sociedade onde estamos. Em Londres as pessoas vivem em quartos alugados grande parte das suas vidas, partilham a casa de banho com desconhecidos, no frigorífico da casa tem direito a uma prateleira e suportam o cheiro das cenouras em avancado estado de decomposição da outra prateleira.

Lembro-me de quando cá estive a viver (estou a escrever de Londres) o Harpic era o meu melhor amigo, a rotina matinal. Tudo correu mais ou menos mal ate o quarto do fundo ter sido ocupado por uma inglesa que assaltava o frigorífico.

Em Lisboa as pessoas ficam escravas da casa, da prestação do banco, dos impostos municipais, ao condomínio e das 1001 cartas que chegam todos os anos/meses com novas contas que nunca ouvimos falar.

Estilos de vida... Opções?

Eu? Nunca mais comprei Harpic. Mudei de marca...

terça-feira, maio 09, 2006

The Fucking Mansions - part 2



As Mansions têm um historial de violência e são uma armadilha em caso de fogo ou qualquer tipo de acidente que cause o pânico generalizado. Tomem nota: um aviso do guia da Lonely Planet – “Take a look down the light wells off the D-Block stairs for a vision of Hell”. As Mansions são um aglomerado de cerca de 900 casas de hóspedes, pensões, lojas, restaurantes, nano-apartamentos e fábricas incrustadas numa velha estrutura de 17 andares. Têm a reputação de ser um lugar onde se pode satisfazer qualquer tipo de vício.

Há mais de 30 anos que as mansões têm sido um iman para as legiões do baixo orçamento que chegam a Hong Kong. O seu lado positivo? Não há nenhum. Podem dizer que é barato, mas o que se poupa em Hong Kong Dollars desperdiça-se em horas de sono perdidas. O meu sono tem um preço, e não é este.

sexta-feira, maio 05, 2006

The Fucking Mansions - part 1



Este é o diário possível das experiências (muitas delas, intensas) vividas. O ponto de chegada foi Hong Kong. Foram-nos recomendadas umas tais de Mansions, fomos para as Mirador Mansions (versão light das Chungking) ; alojamento barato e típico. Seguimos a recomendação, reservamos quartos. Chegámos lá já de noite – impacto profundo.

Há pouco tempo, uns clientes desta estranha forma de pensão (algo entre um formigueiro e as traseiras de um restaurante chinês manhoso) queixaram-se acerca de um cheiro pestilento que vinha de um quarto. O pessoal chamou a polícia que, por sua vez, chamou os bombeiros. Quando entraram, encontraram dois corpos mortos há um dia ou dois. A verdade é que, nas deambulações pelos corredores, deparei com alguns cheiros estranhos. Quantos seriam de mortos? E quantos de pés por lavar?

(sem comentários)

quinta-feira, maio 04, 2006

Obrigado, Quixote.

Estava longe, no UM do sofá. Cheguei ontem, voltei a esgravatar a relva e fui avisado pela Pury que um Quixote que sonha em Marrakech nos tinha oferecido algo.

É escusado esgravatar a relva quando nos caem no sofá prendas assim.

O momento 123456

Recebi ontem um e-mail onde era avisado que na madrugada de quinta-feira, 4 de Maio 2006, 2 minutos e 3 segundos depois das 01:00 AM da manhã, a data completa seria 01:02:03 04/05/06.

Era também informado que isto nunca mais iria acontecer na minha vida. O momento 123456... Bem, por outro lado, o momento 2:50 PM, 04/05/06, também nunca mais se repetirá na nossa vida.

Chama-se a isto Tempo: imparável e irrepetível, apenas passa por nós uma única vez.

quarta-feira, maio 03, 2006

Regressei.



Esta luz de Maio tudo atravessa;
tudo no hoje de ontem,
que o tempo conta nas suas maduras horas.
A ti, esta minha nostalgia.

sexta-feira, abril 28, 2006

Shark in the head



“Seman é um homem solitário de meia idade. Os seus dias são passados ou à janela de um modesto apartamento ou vasculhando no lixo em busca de surpreendentes tesouros recicláveis. Invariavelmente de calções e chinelos, e com um cigarro ao canto da boca, Seman não hesita em meter-se com os transeuntes oferecendo-lhes uma boa piada, um ou outro bom conselho ou, até mesmo, uma incompreensível tirada filosófica. Seman sente-se particularmente atraído por uma das vizinhas que lhe devota algum carinho e atenção. Mas Seman tem um lado mais negro, fruto de pesadelos, alucinações e fantasias. Seman é o protagonista deste SHARK IN THE HEAD, primeira longa da checa Maria Procházkóva. O filme, que mistura imagem real e animação, é não só uma bizarra viagem ao interior da mente de um esquizofrénico mas também uma delicada meditação sobre a solidão.”

Na minha opinião, e tendo em conta os filmes que vi, este foi o melhor da competição de longas metragens do Indie Lisboa. Não é particularmente dramático, sério ou com uma mensagem pesada. É um filme triste e bonito. Daqueles que não se esquecem porque todos nós temos um Shark in the head.

Ainda vai estar em exibição no sábado, cinema Londres, por volta das 14h.

quarta-feira, abril 26, 2006

All the invisible Children


Fiquei muda, com um nó no peito, os olhos a arder do sal, triste, ombros caídos, impotente.

Não tenho palavras para descrever... Resta-me deixar os links para os mais curiosos.

http://www.alltheinvisiblechildrenmovie.com/index2.pl
http://www.alltheinvisiblechildren.org/

E um pedido, vejam o filme, vai estrear no circuito comercial. Vejam o filme. E mesmo que não vejam, comprem o bilhete, pode ajudar alguma destas crianças invisíveis.

terça-feira, abril 25, 2006

A perfect Couple



Com planos de dez minutos a acção fica demorada, aproxima-se do drama real, do desespero. Senti-me incomodada, dei demasiadas voltas na cadeira, não tenho espaço nos bolsos para um filme tão pesado. Fiquei cansada...

Concordo com a introdução do realizador, Nobuhiro Suwa, feita na primeira pessoa, o filme não retracta uma situação extraordinária da vida de um casal, é uma separação, ou a decisão de uma separação, um momento difícil, de muitas dúvidas e trocas de palavras azedas. É uma história banal, onde cada espectador sente à sua maneira, vê um filme diferente.

Não deixa de ser estranho a perspectiva japonesa de uma situação europeia. Sente-se a diferença, é da luz, dos planos afastados e cortados. Mas não deixou de ser intimista.

Desligar

Começou ontem a semana sem televisão com o objectivo de “despertar para alternativas mais enriquecedoras à cultura do sofá”.

Uma iniciativa promovida por TV. Turnof Network

Eu já desliguei a minha.

sexta-feira, abril 21, 2006

Sessão de Abertura



Michael: I just wish I had met her 50 years sooner.
Christine Jesperson: Yeah.
Michael: But then maybe I needed 70 years of life to be ready for a woman like Ellen.

Sem dúvida o melhor filme que vi este ano (até agora). Começou com a confissão do Michael, um idoso que viveu a vida toda com uma mulher que não amava e quando encontrou o amor da sua vida não podia sair do lar.

Richard Swersey: I don't want to have to do this living. I just walk around. I want to be swept off my feet, you know? I want my children to have magical powers. I am prepared for amazing things to happen. I can handle it.

Todas as personagens são ricas e perigosamente reais. Não são bonitas, feias, despachadas, felizes, infelizes, boas, más. São pessoas, com vidas, sentimentos, em cenários não herméticos. A realidade é crua, pesada, bonita, sentida. A realidade é, mesmo quando é idealizada por uma realizadora de cinema.

quarta-feira, abril 19, 2006

Indie Lisboa



Começa já amanhã com Me and you and everyone we know na sessão de abertura.
Gosto destes eventos, ver filmes ao desbarato, ser surpreendida por uma grande obra prima que nunca chega ao circuito comercial, ou entediar-me com algum devaneio de excesso de umbigo.

O The Girl From Monday foi o filme que mais me marcou no Indie 2005, o Hal Hartley numa prestação ainda mais independente que não voltou a passar nas salas portuguesas.

terça-feira, abril 18, 2006

Parabéns Sofá

Ano, n. Um período de trezentas e sessenta e cinco desilusões.

Dicionário do Diabo

quarta-feira, abril 12, 2006

Fagote



É assim que se bebe um fagote num dia de semana. Com o corpo de um vinho do Douro e a leveza de uma nota musical.

segunda-feira, abril 10, 2006

Amanhã, vou.



Respira fundo, caminha. Chegas a uma porta com uma maçaneta que, na verdade, é uma batata. O nosso escritório em Floriana, morada correcta. Ela não envio nenhuma cópia. Sabes?

O verbo enrrola-se-me na boca: gostar. Muito. O sol foi-se. Beba-se água.

Volta a caminhar. Surge um rapaz com olhos de pedra. Ou seriam apenas pedras nos olhos?

Amanhã, vou. Parto com o Fernando M. para parte quase incerta. Certo que é o nosso regresso. Nos primeiros dias de Maio, estico-me no sofá; de um modo terapêutico, prometo continuar a dizer disparates e coisas sérias no meio, como tomates cereja numa salada de rucola. Até lá, esqueçam tudo o que vos disse. Quero ser recordado como alguém que não está.

Amanhã, vou. Deixo beijos e abraços para quem os estimar e for alimentando.

sexta-feira, abril 07, 2006

The Knife



Descoberta da semana:
http://www.myspace.com/silentshout
É calma, doce, gira, florida. Primavera...

quinta-feira, abril 06, 2006

Preciosa



A noite viva, a chuva silenciosa que vai do interior do homem até aos olhos, iluminando sombras, revelando beleza, como se ao morrer terminásse a morte, como sangue que se derrama. Tenho esperança de sonhar que amo, a minha carne será um dia como água corrente e o meu corpo silencioso.
A sombra converte-se em mistério, o último esquecimento morrerá com o homem, e a minha voz, e os meus olhos, tudo será divino ao perder a memória.
A dor insiste, mas não se acaba. A angústia queima-me os olhos, procuro a palavra precisa, eu ofereço-te a sombra, a paciência onde esqueço a espera, onde esqueço está angústia que não se move.

Ainda cai a chuva, escura como o mundo do homem, negra como a nossa carência, cega sobre cruzes. Um som como milhares de batimentos de coração em simultâneo, o som de pés sujos. No campo de sangue onde as pequenas esperanças são enterradas: o cérebro humano. Cai o sangue dos homens famintos.
No coração auto-exterminado, feridas de uma triste e incompreendida obscuridade, lágrimas de uma lebre abatida.

Terça-Feira



à noite, em casa, sem nada para fazer...

quarta-feira, abril 05, 2006

Consegui!

Bilhete para os Sisters of Mercy. Radar. E lá vou eu pela segunda vez ver os Sisters com um convite!

terça-feira, abril 04, 2006

Music business

The music business is a cruel & shallow money trench, a long plastic hallway where thieves and pimps run free, & good men die like dogs. There's also a negative side - Hunter S Thompson

sexta-feira, março 31, 2006

Lift me UP UP and Away!



Apenas queria passar música que fizesse as pessoas dançar e rir.” Fernando M. acaba de beber o seu café, recosta-se na cadeira e sorri. “Ou ambos.”
Esclarece, “não de um modo manipulador, é que é uma honra. O que poderia ser melhor do que ter alguém a rir, procriar, levantar-se ou dançar a música que escolhes?”

“Desde pequeno que sou viciado em música.”

quarta-feira, março 29, 2006

She Wants Revenge



Colado aos ouvidos…

Late last night I was looking through pictures
Flooded with memories I lied on the floor

You can occupy my every sigh,
You can rent a space inside my mind
At least untill the price becomes too? HIGH

Lovers hold hands to numb the pain,
Gripping tightly to something that they will never own

She's in the bathroom, she pleasures herself

Right face wrong time, she's sweet
(But I don't wanna fall in love)
Too late, so deep, better run cause
(but I don't wanna fall in love)
Can't sleep, can't eat, can't think straight
(I don't wanna)

It's only just a crush, it'll go away
It's just like all the others it'll go away
Or maybe this is danger and you just don't know
You pray it all away but it continues to grow

Make up sex and a brand new start
Broken promises for broken hearts

We can't slow down even if we tried
If the record keeps spinning so will I

terça-feira, março 28, 2006

Civismo? Só se for ele!



A questão do civismo está relacionada com práticas quotidianas, nomeadamente na forma como as pessoas contribuem para nada melhorar o bem estar além do seu próprio.
- A atitude cívica é inseparável da ética, é uma acção que segue princípios que um individuo escolhe, de livre vontade, para se relacionar com os outros. "Não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti", é um exemplo de um princípio cívico que quase todos dizem e quase todos ignoram. O corolário actual é “faz aos outros antes que te façam a ti”.
- Um comportamento cívico é frequentemente encarado como o respeito por um conjunto de regras de convivência, fruto de consensos colectivos, que apenas visam integrar os indíviduos em algo chamado sociedade (que aqo contrário do que muitas pessoas pesam, nada tem a ver com a Caras ou o Jetset) e evitar conflitos. Dado o estado de abandono e incumprimento, deveriam as infracções graves serem punidas? Porque temos todos tanta aversão a sanções? Hoje, muitos pais não põem as suas crianças de castigo, receando talvez traumatizá-las, preferem passar o jantar a ver o dvd do Noddy.
- As sociedades são anteriores aos próprios individuos que as constituem. Tem memórias, valores e heranças patrimoniais que importam preservar, sob pena de perderem aquilo que as diferencia e individualiza como tais. O civismo é uma atitude de defesa da própria cidade e da cultura que a mesma possui. Será que só nos restaram os costumes dos bárbaros que cá andaram? O curioso é que esses bárbaros vinham dos chamados paises nórdicos, onde o civismo não é apenas uma questão de retórica.

O civismo é um conceito fundamental numa sociedade que garante direitos fundamentais dos cidadãos, como a liberdade e a igualdade, mas que em troca também necessita da participação activa dos mesmo. É aqui que reside o problema: quantos de nós participa? Quantos já se puseram à nossa frente e quantos desses já foram ultrapassados? Todos queremos chegar primeiro, todos temos pressa, queremos o melhor. Uma (a melhor ou a pior) das hipóteses é chegarmos todos ao mesmo tempo e lutarmos como se fosse pela nossa vida. Até que apenas um de nós reste. Esse afortunado, nunca mais irá ter que esperar por nada a não ser pela sua própria morte.

segunda-feira, março 27, 2006

Uma ideia

Técnicas para afastar os chatos ou chatas que se colam atrás de nós nas filas, bichas e afins:
1. Tossir convulsivamente para cima do chato ou chata.
2. Espirrar com uma chuva de gafanhotos, projectados na direcção do chato ou chata.
3. Libertar um gás mal cheiroso e sonoro para que não restem dúvidas quanto à origem do odor perfumado.
4. Perguntar se o chato ao chata nos quer passar à frente, de preferência com a voz e expressão agressivas e os caninos de fora. Corremos o risco de a resposta ser afirmativa, neste caso colamo-nos nós ao chato ou chata que nos acaba de passar à frente na fila, bicha ou afim.

sexta-feira, março 24, 2006

Os 100 mil "fundamentais"



A sub-directora-geral da Saúde revelou recentemente quais os portugueses “fundamentais” para a Nação, que irão receber anti-virais em caso de pandemia da gripe das aves. Por aqui se depreende que os restantes 9.900.000, nos quais eu me incluo, são dispensáveis. Tudo bem, até compreendo que o critério de “fundamental” distinga aqueles que são necessários para manter Portugal a funcionar; mas, por outro lado, penso que todos sabemos como funcionam os critérios de selecção, em particular os dos concursos públicos.
O parecer da funcionária pública – seguramente uma “indispensável” – levanta uma série de dúvidas. Será constitucional? Outra será a do grau de ameaça real, para a qual nós, os dispensáveis não estamos a ser informados. Antes pelo contrário, é-nos dito que está tudo bem, que a galinha da vizinha morre mais que a minha. Sendo que a vizinha está bem longe.
Esqueçam as cenas tipo Titanic, “mulheres e crianças primeiro” e o capitão é o último a sair. Hoje, a tripulação é a primeira a entrar nos salva-vidas.

Vejam as coisas pelo lado positivo: uma pandemia é o que melhor pode acontecer às finanças. Ao eliminar quase 10 milhões de inúteis, velhos que teimam em não bater a bota ou crianças que só dão despesas e trabalho. Com a vantagem adicional de resolver o problemas das pessoas com cancro e seropositivos de uma assentada; isto sem referir outros males maiores, como os Morangos Com Açucar, as claques de futebol, Felgueiras e as lojas chinesas.

Ainda se queixam? Portugal vai ser um país bem melhor para viver. Só é pena já não estarmos cá.

(Baseado num texto de João Paulo Guerra)

quarta-feira, março 22, 2006

O animal que se esquece

Acredito que há amizades que se esquecem. Nesse caso, não são amizades.
Será mesmo assim? O facto de já não fazerem parte do nosso presente, significa que nunca existiram? Será que os amores idos, nunca o foram?

Animal



A amizade é como um animal familiar, um animal vivo e dócil. Um animal cujo olhar te reconforta. Ninguém vê os seus dentes. Mas é um animal que tem uma particularidade curiosa: morde quando está morto.

terça-feira, março 21, 2006

Barco

Margens inertes abrem os seus braços
Um grande barco no silêncio parte.
Altas gaivotas nos ângulos a pique,
Recém-nascidas à luz, perfeita a morte.
Um grande barco parte abandonando
As colunas de um cais ausente e branco.
E o seu rosto busca-se emergindo
Do corpo sem cabeça da cidade.

Um grande barco desligado parte
Esculpindo de frente o vento norte.
Perfeito azul do mar, perfeita a morte
Formas claras e nítidas de espanto

Sophia de Mello Breyner Andresen

segunda-feira, março 20, 2006

No teu quarto



Naquele quarto, pensavam apenas em si mesmos e em conhecer-se por completo, em abrir as suas vidas. Noites semelhantes, rostos cansados, silêncios sedutores, e deixava-a passar os seus dedos pelo ombro; fechava os olhos, sorria de prazer. Abraçados repousavam, adormeciam após doces susurros, emergiam do sonho para aproximar os lábios. E continuava o sonho conjunto. Como não dormir juntos?

Ao amanhecer, ele saia suavemente, tentando não a acordar. Às vezes ela abria os olhos. "Não vás." Ele assegurava que voltaria em breve. Como poderia não voltar?

sexta-feira, março 17, 2006

Loucura?!

Mas afinal o que vem a ser a loucura?...

Um enigma... Por isso mesmo é que às pessoas enigmáticas, incompreensíveis, se dá o nome de loucos...

Que a loucura, no fundo, é como tantas outras, uma questão de maioria. A vida é uma convenção: isto é vermelho, aquilo é branco, unicamente porque se determinou chamar à cor disto vermelho e à cor daquilo branco. A maior parte dos homens adoptou um sistema determinado de convenções:

É a gente de juízo...

Pelo contrário, um número reduzido de indivíduos vê os objectos com outros olhos, chama-lhes outros nomes, pensa de maneira diferente, encara a vida de modo diverso. Como estão em minoria... são doidos...

Mário de Sá-Carneiro em "Loucura"

quarta-feira, março 15, 2006

Outro palco



Tu, que não conheceste aquele tempo, tens o direito de não ter a memória, abriste os olhos quando estava já acabado. Mas foi na tua imaginação onde voltei a nascer, melhor do que fui, limpo da cobardia e da verdade.

terça-feira, março 14, 2006

Dúvidas – parte 1

Amor, n. Demência temporária que se cura com o casamento, ou afastando o paciente das influências que provocam a enfermidade. Esta doença, tal como a carie e outras, prevalece apenas entre as raças civilizadas que vivem em condições artificiais; as nações bárbaras que respiram ar puro e comem alimentos simples são imunes aos seus ataques. Chega a ser fatal, embora mais para o médico do que para o paciente.”

Dicionário do Diabo

segunda-feira, março 13, 2006

F.


F. era um homem de uns trinta e meia-dúzia de anos, alto, de pele morena e cabelos negros.

Os olhos fundiam-se nas órbitas, como se o olhar tivesse querido esconder-se.