quinta-feira, junho 26, 2008

Linguagem de corpo presente



Nunca vi esse corpo apesar de o ter tocado, as suas coberturas, sapatos, roupa interior. Esse corpo que mantém a promessa de não se abster, de modificar o seu comportamento, de parar o veneno. Mais insecto que animal. Esse corpo que quer sofrer, preso numa jaula de costelas, numa grelha de arame farpado que liga dente a dente com apenas o espaço necessário para respirar pois a humilhação pode tornar-se num objecto de desejo. Esse corpo que exigiu a minha lealdade, que me ensinou a tremer, que aprendi de cor a sua topografia de carne marcada, cada osso fracturado, cada lágrima de pele meio-curada.

segunda-feira, junho 23, 2008

Um milhão apenas

Em sentimentos, em silêncio, sem razão ou matemática ou mapas-mundo, apenas um milhão de pensamentos tocados pelo desejo e memórias fantasiadas; navegamos à vista, um quadro em movimento, pintado ao amanhecer, sem palavras, sem jogos.

quinta-feira, junho 19, 2008

Gestão engarrafada



Numa conversa recente com uma pessoa que trabalha no hotel Corinthia Lisboa, surgiu-me a necessidade de falar sobre a questão dos engarrafamentos que atrofiam a gestão das empresas. Tudo isto apesar do que se diz em entrevistas, que a inovação ou as pessoas são o o que de mais importante existe na empresa. A realidade, essa é bem diferente. Baseando-me no conhecimento algo profundo do Corinthia Lisboa, e da sua gestão, vou debruçar-me sobre as práticas correntes.
Porque será tão difícil aplicar os modernos princípios de gestão? O que será preciso para os gestores agirem como tal, e não como um híbrido de merceeiro e ditador de terceiro mundo? Apesar dos inúmeros artigos e livros sobre o assunto, desde a Harvard Business Review até à TV Guia, ainda ninguém conseguiu identificar os atributos psicológicos que ajudariam a alcançar o sucesso empresarial. Talvez a resposta esteja na psicologia. Mas como?

Diariamente, guio de Lisboa até Carnaxide, a saída da auto-estrada está congestionada todas as manhãs. Um dia, estava eu parado no semáforo antes de um cruzamento e observei o caos instalado. Alguns carros já estavam a bloquear o cruzamento. Quando acende a luz verde, o carro à minha frente arranca com jactância, queima pneus em três curtos metros e rapidamente está parado – colado a todos os outros veículos no centro do cruzamento.

Faz-te lembrar alguma coisa? Nos engarrafamentos, quando a luz fica verde (e não me estou a referir à dos peões, que não são para aqui chamados), porque se apressam a pessoas em avançar – apesar do cruzamento estar bloqueado? Não é óbvio que isto apenas irá piorar as coisas? Que necessidade será esta de nos colocarmos em ainda piores situações do que a actual? Porque não aprendemos com a experiência (algo que qualquer macaco Gervásio faz) para descobrir soluções que não sejam as piores? Em resumo, serão tão limitadas assim as nossas capacidades?

Alguns dias mais tarde, guiava eu em Évora. Cheguei a um cruzamento em que os semáforos não estavam a funcionar. Iria o pesadelo recomeçar? Para minha grande surpresa, o tráfego fluía suavemente. Seria de estar no Alentejo? Levou-me alguns segundos a perceber que cada condutor:

a) Conseguia memorizar a ordem de chegada ao cruzamento; e
b) Tinha o cuidado para apenas entrar no cruzamento quando fosse a sua vez.

Por outras palavras, as luzes não eram necessárias. E duas simples capacidades tornaram este milagre possível: a capacidade de aquisição de conhecimentos e a capacidade de se relacionar com outros seres humanos de uma forma honesta.
Poderá isto ser o princípio da solução do problema dos engarrafamentos?

Outros dias passados, estava em a caminho de Carnaxide, meditando no meu engarrafamento habitual. Tal como esperava, o cruzamento à minha frente estava bloqueado. A luz ficou verde… tive uma ideia. Que tal esperar um pouco – sem entrar no cruzamento, apesar de ser a minha vez de me juntar à confusão – deixar o tráfego fluir? Não seria isto muito melhor para todos os carros bloqueados em ambas as ruas? Quantos minutos, talvez horas, teriam ganho dezenas de condutores, apenas porque um carro estaria disponível a esperar perante uma luz verde. Será Utopia? Esta era sem dúvida uma solução: decidir esperar independentemente do que os outros estivessem a fazer. Reformulei a questão: porque repetimos os mesmos comportamentos que nos impedem de adoptar acções mais eficientes?

Voltemos atrás. O que tem a ver a vida empresarial com um engarrafamento? Dado que a maioria dos gestores diz ter uma abordagem racional à tomada de decisões, arranques e travagens bruscas nunca deveriam ser comportamentos de gestão. Os gestores do Corinthia Lisboa dizem que recolhem informação, analisando-a e decidindo sobre isso. Porque não conseguem o que querem? Porque perdem quota de mercado e os seus melhores elementos fogem para a concorrência? Porque, como condutores a entrar num cruzamento movimentado, ficam surpreendidos com as consequências das suas acções?

Simplesmente porque o modelo de tomada de decisão utilizado por estes gestores está muito próximo do IJR (Ignorar/Julgar/Reagir). Estarei a exagerar? Os condutores bloqueados não sabem como sair do engarrafamento e a tensão sobe. A determinado ponto – quando a luz fica verde e as emoções estão ao rubro – julgam que é a sua vez e reagem arrancando em direcção ao estrangulamento.

Exactamente o mesmo que acontece com estes gestores. Todos ignoram as causas profundas de situações de negócios, tal como as consequências reais daquilo que julgam ser a “melhor” solução e reagem assim, com decisões que estão limitados com as suas ideias preconcebidas.

Aprenderam alguma coisa, entretanto? Sinal verde… lá arrancaram eles a queimar borracha!

quinta-feira, junho 12, 2008

Os carochos do petróleo



O consumo de petróleo aos níveis actuais é insustentável. Todos nós dependemos de petróleo para manter o nosso estilo de vida, mas as reservas são finitas, e as emissões de gases com efeito de estufa causadas pelos veículos motorizados são as principais responsáveis por alterações climáticas a uma escala calamitosa. Precisamos de mudanças radicais a todos os níveis, do pessoal ao global.
A crise energética dos ‘70s levou a uma acção de choque. Os preços galopantes dos combustíveis levaram a uma crescente preocupação com a eficiência energética por parte dos fabricantes de automóveis. Mas os gigantes do petróleo baixaram os preços e retomámos os nossos maus hábitos.

Os motoristas que protestam contra os preços elevados estão a esquecer-se que os combustíveis teriam inevitavelmente que custar mais, face ao problema das alterações climáticas. O princípio de um esquema de comércio de emissões é tornar mais caras as coisas que produzem mais gases com efeito de estufa e, uma vez que 20% das nossas emissões vêm dos transportes isto significa, inevitavelmente, que os preços de combustível têm que subir.

Todos dizemos que é preciso proteger a terra, o lince da Malcata, o urso panda, o pólo norte, a costa alentejana, a pele do menino, as sardinhas e as férias na neve. Mas, quando chega à altura de pagar mais por um dos principais responsáveis, um poluente, o que fazemos? Greves, paralisações, filas intermináveis para encher o depósito… Parecemos os “carochos” que quando chegam à porta da clínica de desintoxicação, voltam para trás.

sexta-feira, junho 06, 2008

Manifesto #9



E se fossem todos manifestar-se para a Sibéria, os reaccionários de merda, revolucionários do cravo de papel, proletariado anacrónico, paquidermes em loja de cristal falida, gente bruta que quebrou a loiça da Marinha Grande, arruinou os campos do Alentejo e quando vêm os espanhóis
(quixotescos inimigos) ainda se queixam.

Ainda se queixam, seus inúteis?! É a única coisa que sabem fazer, estes calimeros feitos gente.
Manifestem-se mas é na Coreia do Norte e em Cuba!

segunda-feira, junho 02, 2008

Os boicotes ao combustível são completamente inúteis



Eis a premissa: o combustível (gasolina e gasóleo) está caro demais, o que podemos fazer? Vamos boicotar os abastecimentos por um, dois ou três dias (ou uma semana, ou, à francesa, nem sequer deixamos circular os camiões-tanque)! Então elas (as petrolíferas) irão reduzir seguramente reduzir os preços. Descontos, reduções e saldos de super g-force e ultra diesel para todos!
Mas esta questão não é assim tão simples, ou será?

1. Não comprar combustível por um dia, uma semana, ou até um mês, não irá eliminar o facto de que, como sociedade e como indivíduos, somos literalmente movidos por derivados de petróleo;

2. O petróleo é um recurso escasso, a economia básica explica que uma procura crescente (mais e mais pessoas a pedir mais e mais combustível) irá conduzir a um aumento generalizados dos preços quer esperes até terça-feira para encher o depósito ou nem por isso;

3. O consumo de combustíveis fósseis é o principal responsável pela alteração do clima (aquecimento global) – este é um facto cientificamente provado, embora algumas pessoas continuem a contestar – tornar o combustível mais barato não irá ajudar a melhorar esta situação (e não, apontar o dedo à China, ou à América, não te irá absolver desta responsabilidade).

Se todas as pessoas, que ficam tão indignadas cada vez que o preço dos combustíveis sobe 5 cêntimos, unissem as suas brilhantes mentes para, de alguma maneira, lutar por uma alternativa viável aos combustíveis fósseis, talvez então a sociedade se pudesse desenvolver de uma forma um pouco menos insustentável. Em vez disso, temos este tipo de acção reaccionária esgalhada em cima do joelho como desajeitada tentativa de vencer uma batalha impossível: contra o tempo, e as forças do mercado.

Serei o único a ver isto como um comportamento irracional?

São precisamente as mesmas pessoas que berram e protestam contra os preços dos combustíveis que dizem coisas como “os Chineses são os piores emissores de gases com efeito de estufa, e nunca irão parar, por isso não vejo porque razão tenho que pagar € 1,593 por litro.” Um argumento fantástico, que ilustra o tipo de egoísmo que atrofia o desenvolvimento em nome do lucro e dos interesses pessoais.

Será que estas pessoas pensam realmente que não poderemos desenvolver um veículo movido a outro tipo de energia caso haja um esforço e vontade nesse sentido? Já dividimos o átomo. Desenvolvemos armas nucleares que têm capacidade para destruir a Terra, e provavelmente o resto do sistema solar. Temos a tecnologia e a habilidade para clonar seres humanos ou a nossa ovelha favorita. Acreditam realmente que não conseguiríamos desenvolver um simples carro eléctrico?

domingo, junho 01, 2008

Techniches englishas




Fore hime, nocing more den a vote ofe gude parties: ui ichiu a méri crissmas ui ichiu a méri crissmas ende a épi niu iar.

Ai ello iere bat ai ave tu gou although to the west coast to the Allgarve bitches, tu reste and slip on mai shits.
Piss on iu.