No fundo somos um blog de conversas de sofá, é o que nos apetece no momento. Cuidado para não entornar o copo de vinho tinto. Põe a música mais alta. Hummmmm, tiramisu...
terça-feira, junho 26, 2007
Obscuro (inspirado em Blanchot)
Todas as vezes, quando o mundo se esvaziava de tudo menos do sol e este movimento parava ao seu lado, envolvia no seu silêncio a imobilidade, levada por esta profunda insensibilidade, sentindo toda a calma do universo condensar-se nela através dele, não se atrevendo a fazer um movimento ou a ter um pensamento, vendo-se a arder, morrendo, os seus olhos, a sua face em chamas, a boca meio aberta libertando um último folego, tornando-se denso, mais silencioso que o silêncio. Um momento desumano e vergonhoso que começava a cada novo dia, e do qual ela não se conseguia escapar.
terça-feira, junho 12, 2007
Santos Populares? Santo Tirso!
Vamos lá aos Santos Populares, pelo menos para uma sardinha, já que aqui estamos. Tudo bem, eu já estava à espera de muita gente de muitos tipos. Mas já não me recordava de ser assim tão chunga, forrado a vomitado e copos de plástico pisados. Desculpe, quanto é que disse que custava uma sardinha? Não, era mesmo só uma e não estava a confundi-la com um cherne.
É esta a ideia de uma festa? Era suposto eu divertir-me? Não, não vou querer uma merda de sardinha ex-congelada com um copo de vinho martelado. Andei ali perdido por uma hora, enquanto as pessoas se atropelava de um lado para o outro, tipo carruagem de comboio algures na Caxemira, já com a bilis na glote. Tinha que sair dali o mais rápido possível, aproveitei o espaço aberto por uma ambulância (concerteza uma sardinha indisposta), evitei o Metro e segui a pé até uma paragem de autocarro relativamente deserta.
Enquanto adormecia, pensava que aquela não era a minha festa, mas sim da “fauna” com que me cruzava no “Feira Nova” da Belavista, algures entre a charcutaria e o corredor dos vinhos de mesa. Esta cidade tem outras dentro dela.