Trabalhei como de costume de manhã e de tarde. Ao fim do dia abandonei o telemóvel em casa e fui dar um passeio pelos bosques detrás da cidade. Ainda não consegui perceber o que há nesses bosques, o que me atrai. O seu silêncio parece mais profundo que qualquer outro silêncio. Nestes bosques abandonados e incultos há uma curiosa estranheza, e ainda que vá sozinho, tenho a sensação de que seres invisíveis, nem humanos nem inhumanos, andam em meu redor. Algumas vezes, por detrás de uma árvore, parece estar uma sombra que me vê passar. Há uma atmosfera suspensa, como se tudo em meu redor estivesse à espera que acontecesse algo.