sexta-feira, março 26, 2010

Tejo



Um dia recordado de ar pesado, concentrado e azul como vapor; cúpulas ateadas em névoa sulfurosa; o rio como um selo cinzento e o sol emergente sobre Lisboa, pálido. Mas o dia é um copo inclinado e o seu sol uma sucata de ferro vermelho a verter em água parada.

segunda-feira, março 22, 2010

Feijoada de coelho



Cheguei para almoçar ao sítio do costume (Broa de Mel, em Linda-a-Velha) e o Sr. Zé lá avançou uma sugestão: “hoje temos uma feijoadinha de coelho”. Pareceu-me estranho mas bom. “A feijoada então, Sr. Zé.”

Só quando a iguaria chegou à mesa me lembrei já ter comido feijoada de lebre, pelo que, esta seria uma versão “mainstream” e mais económica da coisa. Com o decorrer da degustação chego à conclusão de que o coelho era aqui irrelevante, podendo facilmente ser substituído por gato, porco ou até mesmo uns nacos de caniche; o importante na feijoada é (por estranho que pareça) o feijão, para além do refogado, uns enchidos e umas folhas de couve que serviram de isco ao coelho. Há, no entanto, algumas excepções dignas de registo em que algo se sobrepõe ao hidrato de carbono: a feijoada de lebre à moda de Elvas da Tasca do Manel (Bairro Alto), a feijoada de chocos do Retiro do Raposo (Bucelas) e a feijoada de búzios do Sacas (Zambujeira do Mar).

Mas estava bom, sim senhor Zé.

quinta-feira, março 11, 2010

Låt den rätte komma in (Deixa-me entrar)



A prova que não é preciso sangue a jorros e tripas a voar para a coisa ser intensa. Se calhar, por não ter isso mesmo (e porque não precisa), é o que torna este filme sueco tão especial. A fotografia é excepcional e os miudos são muito bons.

Enquanto isso, cá em Portugal temos Morangos C/Açucar versão cabidela...

quarta-feira, março 10, 2010

Sabes, Maria?



Vezes demais, subestimamos o poder de um toque, um sorriso, uma palavra, da cornucópia de um ouvido disponível e interessado, do mais pequeno movimento. Todos eles têm o poder de mudar completamente uma vida.

sábado, março 06, 2010

Estou lá



A vida é toda uma acumulação de sentir que se chama Anabela. O sentir de 60 anos preenchidos, de quem chamo mãe. Sim, também lá estou.