A Chrysta Bell é muito mais que uma carinha (e um corpo, já agora) laroca. É sempre tão bom quando se percebe que a voz do disco é a mesma do palco, sem recurso a auto tunes e demais artifícios; perceber que estamos perante uma grande voz. Outro aspecto a salientar, e que lhe é igualmente natural, é a sua sensualidade em palco; sem precisar das coreografias circenses nem das poses manhosas do alegadamente “sexy” que a malta do R&B tanto gosta. Não é por acaso que está a colaborar com o David Lynch, ou que este faz música especialmente para ela: a Chrysta Bell poderia muito bem ser uma personagem de um dos seus filmes.
Outra coisa boa foi o facto da alegada “comunidade indie” ter preferido os arraiais de música duvidosa, sangria com vinho do Minipreço e sardinhas a preço de cherne. Haverá coisa mais “mainstream” – que eles tanto detestam – do que isso? Conseguimos bilhete facilmente e havia espaço na sala.
O concerto de domingo passado no Musicbox foi uma sucessão de momentos de rara beleza, poucas vezes se sente música assim. O álbum “This Train” é das melhores coisas deste século e este concerto não ficou atrás.