sexta-feira, março 31, 2006

Lift me UP UP and Away!



Apenas queria passar música que fizesse as pessoas dançar e rir.” Fernando M. acaba de beber o seu café, recosta-se na cadeira e sorri. “Ou ambos.”
Esclarece, “não de um modo manipulador, é que é uma honra. O que poderia ser melhor do que ter alguém a rir, procriar, levantar-se ou dançar a música que escolhes?”

“Desde pequeno que sou viciado em música.”

quarta-feira, março 29, 2006

She Wants Revenge



Colado aos ouvidos…

Late last night I was looking through pictures
Flooded with memories I lied on the floor

You can occupy my every sigh,
You can rent a space inside my mind
At least untill the price becomes too? HIGH

Lovers hold hands to numb the pain,
Gripping tightly to something that they will never own

She's in the bathroom, she pleasures herself

Right face wrong time, she's sweet
(But I don't wanna fall in love)
Too late, so deep, better run cause
(but I don't wanna fall in love)
Can't sleep, can't eat, can't think straight
(I don't wanna)

It's only just a crush, it'll go away
It's just like all the others it'll go away
Or maybe this is danger and you just don't know
You pray it all away but it continues to grow

Make up sex and a brand new start
Broken promises for broken hearts

We can't slow down even if we tried
If the record keeps spinning so will I

terça-feira, março 28, 2006

Civismo? Só se for ele!



A questão do civismo está relacionada com práticas quotidianas, nomeadamente na forma como as pessoas contribuem para nada melhorar o bem estar além do seu próprio.
- A atitude cívica é inseparável da ética, é uma acção que segue princípios que um individuo escolhe, de livre vontade, para se relacionar com os outros. "Não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti", é um exemplo de um princípio cívico que quase todos dizem e quase todos ignoram. O corolário actual é “faz aos outros antes que te façam a ti”.
- Um comportamento cívico é frequentemente encarado como o respeito por um conjunto de regras de convivência, fruto de consensos colectivos, que apenas visam integrar os indíviduos em algo chamado sociedade (que aqo contrário do que muitas pessoas pesam, nada tem a ver com a Caras ou o Jetset) e evitar conflitos. Dado o estado de abandono e incumprimento, deveriam as infracções graves serem punidas? Porque temos todos tanta aversão a sanções? Hoje, muitos pais não põem as suas crianças de castigo, receando talvez traumatizá-las, preferem passar o jantar a ver o dvd do Noddy.
- As sociedades são anteriores aos próprios individuos que as constituem. Tem memórias, valores e heranças patrimoniais que importam preservar, sob pena de perderem aquilo que as diferencia e individualiza como tais. O civismo é uma atitude de defesa da própria cidade e da cultura que a mesma possui. Será que só nos restaram os costumes dos bárbaros que cá andaram? O curioso é que esses bárbaros vinham dos chamados paises nórdicos, onde o civismo não é apenas uma questão de retórica.

O civismo é um conceito fundamental numa sociedade que garante direitos fundamentais dos cidadãos, como a liberdade e a igualdade, mas que em troca também necessita da participação activa dos mesmo. É aqui que reside o problema: quantos de nós participa? Quantos já se puseram à nossa frente e quantos desses já foram ultrapassados? Todos queremos chegar primeiro, todos temos pressa, queremos o melhor. Uma (a melhor ou a pior) das hipóteses é chegarmos todos ao mesmo tempo e lutarmos como se fosse pela nossa vida. Até que apenas um de nós reste. Esse afortunado, nunca mais irá ter que esperar por nada a não ser pela sua própria morte.

segunda-feira, março 27, 2006

Uma ideia

Técnicas para afastar os chatos ou chatas que se colam atrás de nós nas filas, bichas e afins:
1. Tossir convulsivamente para cima do chato ou chata.
2. Espirrar com uma chuva de gafanhotos, projectados na direcção do chato ou chata.
3. Libertar um gás mal cheiroso e sonoro para que não restem dúvidas quanto à origem do odor perfumado.
4. Perguntar se o chato ao chata nos quer passar à frente, de preferência com a voz e expressão agressivas e os caninos de fora. Corremos o risco de a resposta ser afirmativa, neste caso colamo-nos nós ao chato ou chata que nos acaba de passar à frente na fila, bicha ou afim.

sexta-feira, março 24, 2006

Os 100 mil "fundamentais"



A sub-directora-geral da Saúde revelou recentemente quais os portugueses “fundamentais” para a Nação, que irão receber anti-virais em caso de pandemia da gripe das aves. Por aqui se depreende que os restantes 9.900.000, nos quais eu me incluo, são dispensáveis. Tudo bem, até compreendo que o critério de “fundamental” distinga aqueles que são necessários para manter Portugal a funcionar; mas, por outro lado, penso que todos sabemos como funcionam os critérios de selecção, em particular os dos concursos públicos.
O parecer da funcionária pública – seguramente uma “indispensável” – levanta uma série de dúvidas. Será constitucional? Outra será a do grau de ameaça real, para a qual nós, os dispensáveis não estamos a ser informados. Antes pelo contrário, é-nos dito que está tudo bem, que a galinha da vizinha morre mais que a minha. Sendo que a vizinha está bem longe.
Esqueçam as cenas tipo Titanic, “mulheres e crianças primeiro” e o capitão é o último a sair. Hoje, a tripulação é a primeira a entrar nos salva-vidas.

Vejam as coisas pelo lado positivo: uma pandemia é o que melhor pode acontecer às finanças. Ao eliminar quase 10 milhões de inúteis, velhos que teimam em não bater a bota ou crianças que só dão despesas e trabalho. Com a vantagem adicional de resolver o problemas das pessoas com cancro e seropositivos de uma assentada; isto sem referir outros males maiores, como os Morangos Com Açucar, as claques de futebol, Felgueiras e as lojas chinesas.

Ainda se queixam? Portugal vai ser um país bem melhor para viver. Só é pena já não estarmos cá.

(Baseado num texto de João Paulo Guerra)

quarta-feira, março 22, 2006

O animal que se esquece

Acredito que há amizades que se esquecem. Nesse caso, não são amizades.
Será mesmo assim? O facto de já não fazerem parte do nosso presente, significa que nunca existiram? Será que os amores idos, nunca o foram?

Animal



A amizade é como um animal familiar, um animal vivo e dócil. Um animal cujo olhar te reconforta. Ninguém vê os seus dentes. Mas é um animal que tem uma particularidade curiosa: morde quando está morto.

terça-feira, março 21, 2006

Barco

Margens inertes abrem os seus braços
Um grande barco no silêncio parte.
Altas gaivotas nos ângulos a pique,
Recém-nascidas à luz, perfeita a morte.
Um grande barco parte abandonando
As colunas de um cais ausente e branco.
E o seu rosto busca-se emergindo
Do corpo sem cabeça da cidade.

Um grande barco desligado parte
Esculpindo de frente o vento norte.
Perfeito azul do mar, perfeita a morte
Formas claras e nítidas de espanto

Sophia de Mello Breyner Andresen

segunda-feira, março 20, 2006

No teu quarto



Naquele quarto, pensavam apenas em si mesmos e em conhecer-se por completo, em abrir as suas vidas. Noites semelhantes, rostos cansados, silêncios sedutores, e deixava-a passar os seus dedos pelo ombro; fechava os olhos, sorria de prazer. Abraçados repousavam, adormeciam após doces susurros, emergiam do sonho para aproximar os lábios. E continuava o sonho conjunto. Como não dormir juntos?

Ao amanhecer, ele saia suavemente, tentando não a acordar. Às vezes ela abria os olhos. "Não vás." Ele assegurava que voltaria em breve. Como poderia não voltar?

sexta-feira, março 17, 2006

Loucura?!

Mas afinal o que vem a ser a loucura?...

Um enigma... Por isso mesmo é que às pessoas enigmáticas, incompreensíveis, se dá o nome de loucos...

Que a loucura, no fundo, é como tantas outras, uma questão de maioria. A vida é uma convenção: isto é vermelho, aquilo é branco, unicamente porque se determinou chamar à cor disto vermelho e à cor daquilo branco. A maior parte dos homens adoptou um sistema determinado de convenções:

É a gente de juízo...

Pelo contrário, um número reduzido de indivíduos vê os objectos com outros olhos, chama-lhes outros nomes, pensa de maneira diferente, encara a vida de modo diverso. Como estão em minoria... são doidos...

Mário de Sá-Carneiro em "Loucura"

quarta-feira, março 15, 2006

Outro palco



Tu, que não conheceste aquele tempo, tens o direito de não ter a memória, abriste os olhos quando estava já acabado. Mas foi na tua imaginação onde voltei a nascer, melhor do que fui, limpo da cobardia e da verdade.

terça-feira, março 14, 2006

Dúvidas – parte 1

Amor, n. Demência temporária que se cura com o casamento, ou afastando o paciente das influências que provocam a enfermidade. Esta doença, tal como a carie e outras, prevalece apenas entre as raças civilizadas que vivem em condições artificiais; as nações bárbaras que respiram ar puro e comem alimentos simples são imunes aos seus ataques. Chega a ser fatal, embora mais para o médico do que para o paciente.”

Dicionário do Diabo

segunda-feira, março 13, 2006

F.


F. era um homem de uns trinta e meia-dúzia de anos, alto, de pele morena e cabelos negros.

Os olhos fundiam-se nas órbitas, como se o olhar tivesse querido esconder-se.

sexta-feira, março 10, 2006

Sonho Roubado

Aconteceu mesmo.

O Simão ligou-me, era fim de tarde e através da janela do carro conseguia apreciar o afrouxar da cidade. Estava entusiasmado, falava alto num turbilhão de palavras coladas e inquietas, os seus gestos quase que se adivinhavam no meu lado do telefone.

“Nem imaginas o sonho que eu tive, e tu também estavas lá na varanda com grade de ferro e vista para o rio.”

Senti-me incomodada, algo naquelas palavras vagas gritava familiaridade, eu conhecia aquela janela com vista para o rio.

“Ouve Susana, foi tudo tão real, depois entraste em casa e eu fui atrás de ti, para dentro da casa, mas as divisões estavam todas ligadas, entravas por uma porta e saías por outra...”

Todas aqueles pormenores apelavam a memórias que julgava arrumadas na antecâmara do meu subconsciente, memórias de um sonho antigo reduzido a lágrimas salgadas.

Desligámos o telefone, parei o carro sem perceber onde estava, tinha de parar e sair, ansiava pelo ar fresco do fim de tarde, precisava de fugir a correr de dentro do sonho do Simão.

Saí do carro, olhei para cima, estava em frente a uma porta, mesmo colado à ombreira o número nove, desavergonhado, olhava para mim. Era a porta, que dava para a rua, da casa da varanda com vista para o rio, no último andar de um prédio antigo, com todas as divisões ligadas como se fosse uma casa circular.

Só faltou o cheiro a baunilha neste sonho roubado.

quinta-feira, março 09, 2006

Corpos celestes



Tê-la nos meus braços, beijar-lhe a pele onde o cabelo se converte em pelinhos sedosos. O perfume doce mistura-se com outro aroma, o meu; a sua mão que descansa em mim, e as pontas dos dedos que descem; rodar e enrolar, enredados em braços e pernas; descontrolados num espaço que se fragmenta e se dissolve.


http://www.sigur-ros.co.uk/media/

quarta-feira, março 08, 2006

Pequim


Agosto 2004

Fotografia da chegada a Pequim depois de quase 3 semanas de comboio desde São Petersburgo, perspectiva da porta da estação.

Lembrei-me desta fotografia porque fui ver “O Mundo”, o novo filme do Jia Zhang-Ke. Passa-se em Pequim, num parque temático sobre o mundo, com miniaturas dos monumentos mais emblemáticos das principais cidades mundiais.

Senti uma emoção entre a estranheza e a familiaridade quando mostraram a estação de comboios projectada na tela de cinema. Era a perspectiva de entrada, ele, forasteiro de passagem, ia apanhar o mesmo comboio que eu, mas eu cheguei e ele partiu. Eu encontrei uma cidade completamente nova à minha frente, um bafo de calor húmido e asfixiante, uma parafernália de barulhos irritantes e pessoas apressadas aos encontrões. Ele deixou uma cidade velha para trás, talvez um amor que provavelmente só teve importância no momento da partida.

É assim com a vida, quando somos confrontados com uma situação nova, a nossa atenção é absorvida pela novidade, pela agitação da curiosidade. Na partida, o nosso olhar é triste, fica sempre algo de nós para trás, pelo menos até subir os degraus de ferro da carruagem do comboio.

Não consigo ter uma opinião muito clara sobre o filme. Achei interessante no ponto de vista social e de encontro de culturas. Interessante apenas. Ficou a imagem da estação, um minuto em duas horas e um quarto de filme.

Casa-me espécie



O casamento entre espécies diferentes irá levar à legalização do incesto, poligamia, irmãs Lúcias e todo o tipo de outras horríveis consequências. Um exemplo clássico da falácia reductio ad absurdum, é suposto criar medo na mente de quem ouve este argumento. É, claro, desprovido que qualquer base experimental. Se o argumento fosse verdadeiro, não teria já acontecido em países onde o casamento inter-espécies já existe? A realidade é que este tipo de casamento já é legal há já uns anos em alguns países escandinavos, e nenhuma das terríveis consequências aconteceu. É uma clássica táctica de intimidação – tornando o cenário final tão assustador e tão horrível de modo a que o primeiro passo nunca seja dado.

segunda-feira, março 06, 2006

Finalmente

São as 15h, estão a chegar...
Já só faltam 4h...
para chegar a casa...

...

mais um segundo...

Estado de Espírito

Estou farta do frio
O meu coração pesa mais que 24 toneladas
Tenho saudades do livro que não consigo ler
Tenho medo do que pode estar na minha caixa de correio logo
Não me apetece comer
O dia parou entre as 14h10 e 14h40, nunca mais chegam as 19h
Tenho de ir à casa de banho. RÁPIDO...

sexta-feira, março 03, 2006

Meds



Já saiu o novo álbum dos Placebo, voltou a surpreender depois de uma longa ausência (detestei o álbum anterior).
Este só o posso comparar a um Sangre de Toro, um vinho que deixou as suas marcas no passado e hoje não passa de uma memória entre o doce e o avinagrado. O Meds é a parte doce da memória.

quinta-feira, março 02, 2006

À Face



A face humana é um poder vazio, um campo deserto. Após incontáveis milhares de anos em que a face humana falou e respirou, ainda tenho a impressão de que ainda nem começou a dizer o que é e o que sabe.

quarta-feira, março 01, 2006

Sobreviver – Fragmentos

Tenho Fome
Todas as pessoas sabem que as doenças surgem com os exames médicos
É o seu pai. Está a morrer
Acredito em tudo o que aprendi antes dos seis anos. Tudo o que me disseram a seguir é mentira
Tenho a cabeça descalça
Conta os dedos. Cinco dedos. Vês, tens a mão toda
Sou esquizofrénica

Sobrevivente
É impossível morrer com tanta fome
Não me esqueci
Há alguma igreja que ainda esteja aberta?
Engoli um prego. Tenho um prego na garganta.
Julgo que três milhões é um bom valor
Quem comete um erro é excluído; é fechado dentro de uma caixa. Quem está fora vê apenas a caixa. Mas quem está fechado, excluído, consegue ver cá para fora. Vê tudo. Vê-nos a todos
Tenho fome

Teatro S. Luiz – Gonçalo M. Tavares

Afinal os Vikings são frouxos



O Governo dinamarquês vai organizar, em Março, uma conferência para promover o diálogo religioso. Mas que diálogo sera possível com atrasados mentais que atacam embaixadas e ameaçam de morte todo um povo?
Será ainda financiado um festival islâmico na capital dinamarquesa… Se calhar o fogo de artifício vai ser feito segundo os preceitos islâmicos: colocando dinamarqueses numa catapulta, com um colete de bombas e um cronometro.

Mas está tudo doido?! Cambada de frouxos de merda! Já agora porque não se viram todos para Meca, de joelhos e rabinho bem espetado prontos a serem enrabados a sangue frio em nome do profeta?