sexta-feira, março 24, 2006

Os 100 mil "fundamentais"



A sub-directora-geral da Saúde revelou recentemente quais os portugueses “fundamentais” para a Nação, que irão receber anti-virais em caso de pandemia da gripe das aves. Por aqui se depreende que os restantes 9.900.000, nos quais eu me incluo, são dispensáveis. Tudo bem, até compreendo que o critério de “fundamental” distinga aqueles que são necessários para manter Portugal a funcionar; mas, por outro lado, penso que todos sabemos como funcionam os critérios de selecção, em particular os dos concursos públicos.
O parecer da funcionária pública – seguramente uma “indispensável” – levanta uma série de dúvidas. Será constitucional? Outra será a do grau de ameaça real, para a qual nós, os dispensáveis não estamos a ser informados. Antes pelo contrário, é-nos dito que está tudo bem, que a galinha da vizinha morre mais que a minha. Sendo que a vizinha está bem longe.
Esqueçam as cenas tipo Titanic, “mulheres e crianças primeiro” e o capitão é o último a sair. Hoje, a tripulação é a primeira a entrar nos salva-vidas.

Vejam as coisas pelo lado positivo: uma pandemia é o que melhor pode acontecer às finanças. Ao eliminar quase 10 milhões de inúteis, velhos que teimam em não bater a bota ou crianças que só dão despesas e trabalho. Com a vantagem adicional de resolver o problemas das pessoas com cancro e seropositivos de uma assentada; isto sem referir outros males maiores, como os Morangos Com Açucar, as claques de futebol, Felgueiras e as lojas chinesas.

Ainda se queixam? Portugal vai ser um país bem melhor para viver. Só é pena já não estarmos cá.

(Baseado num texto de João Paulo Guerra)

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