No fundo somos um blog de conversas de sofá, é o que nos apetece no momento. Cuidado para não entornar o copo de vinho tinto. Põe a música mais alta. Hummmmm, tiramisu...
sexta-feira, abril 28, 2006
Shark in the head
“Seman é um homem solitário de meia idade. Os seus dias são passados ou à janela de um modesto apartamento ou vasculhando no lixo em busca de surpreendentes tesouros recicláveis. Invariavelmente de calções e chinelos, e com um cigarro ao canto da boca, Seman não hesita em meter-se com os transeuntes oferecendo-lhes uma boa piada, um ou outro bom conselho ou, até mesmo, uma incompreensível tirada filosófica. Seman sente-se particularmente atraído por uma das vizinhas que lhe devota algum carinho e atenção. Mas Seman tem um lado mais negro, fruto de pesadelos, alucinações e fantasias. Seman é o protagonista deste SHARK IN THE HEAD, primeira longa da checa Maria Procházkóva. O filme, que mistura imagem real e animação, é não só uma bizarra viagem ao interior da mente de um esquizofrénico mas também uma delicada meditação sobre a solidão.”
Na minha opinião, e tendo em conta os filmes que vi, este foi o melhor da competição de longas metragens do Indie Lisboa. Não é particularmente dramático, sério ou com uma mensagem pesada. É um filme triste e bonito. Daqueles que não se esquecem porque todos nós temos um Shark in the head.
Ainda vai estar em exibição no sábado, cinema Londres, por volta das 14h.
quarta-feira, abril 26, 2006
All the invisible Children
Fiquei muda, com um nó no peito, os olhos a arder do sal, triste, ombros caídos, impotente.
Não tenho palavras para descrever... Resta-me deixar os links para os mais curiosos.
http://www.alltheinvisiblechildrenmovie.com/index2.pl
http://www.alltheinvisiblechildren.org/
E um pedido, vejam o filme, vai estrear no circuito comercial. Vejam o filme. E mesmo que não vejam, comprem o bilhete, pode ajudar alguma destas crianças invisíveis.
terça-feira, abril 25, 2006
A perfect Couple
Com planos de dez minutos a acção fica demorada, aproxima-se do drama real, do desespero. Senti-me incomodada, dei demasiadas voltas na cadeira, não tenho espaço nos bolsos para um filme tão pesado. Fiquei cansada...
Concordo com a introdução do realizador, Nobuhiro Suwa, feita na primeira pessoa, o filme não retracta uma situação extraordinária da vida de um casal, é uma separação, ou a decisão de uma separação, um momento difícil, de muitas dúvidas e trocas de palavras azedas. É uma história banal, onde cada espectador sente à sua maneira, vê um filme diferente.
Não deixa de ser estranho a perspectiva japonesa de uma situação europeia. Sente-se a diferença, é da luz, dos planos afastados e cortados. Mas não deixou de ser intimista.
Desligar
Uma iniciativa promovida por TV. Turnof Network
Eu já desliguei a minha.
sexta-feira, abril 21, 2006
Sessão de Abertura
Michael: I just wish I had met her 50 years sooner.
Christine Jesperson: Yeah.
Michael: But then maybe I needed 70 years of life to be ready for a woman like Ellen.
Sem dúvida o melhor filme que vi este ano (até agora). Começou com a confissão do Michael, um idoso que viveu a vida toda com uma mulher que não amava e quando encontrou o amor da sua vida não podia sair do lar.
Richard Swersey: I don't want to have to do this living. I just walk around. I want to be swept off my feet, you know? I want my children to have magical powers. I am prepared for amazing things to happen. I can handle it.
Todas as personagens são ricas e perigosamente reais. Não são bonitas, feias, despachadas, felizes, infelizes, boas, más. São pessoas, com vidas, sentimentos, em cenários não herméticos. A realidade é crua, pesada, bonita, sentida. A realidade é, mesmo quando é idealizada por uma realizadora de cinema.
quarta-feira, abril 19, 2006
Indie Lisboa
Começa já amanhã com Me and you and everyone we know na sessão de abertura.
Gosto destes eventos, ver filmes ao desbarato, ser surpreendida por uma grande obra prima que nunca chega ao circuito comercial, ou entediar-me com algum devaneio de excesso de umbigo.
O The Girl From Monday foi o filme que mais me marcou no Indie 2005, o Hal Hartley numa prestação ainda mais independente que não voltou a passar nas salas portuguesas.
terça-feira, abril 18, 2006
quarta-feira, abril 12, 2006
Fagote
segunda-feira, abril 10, 2006
Amanhã, vou.
Respira fundo, caminha. Chegas a uma porta com uma maçaneta que, na verdade, é uma batata. O nosso escritório em Floriana, morada correcta. Ela não envio nenhuma cópia. Sabes?
O verbo enrrola-se-me na boca: gostar. Muito. O sol foi-se. Beba-se água.
Volta a caminhar. Surge um rapaz com olhos de pedra. Ou seriam apenas pedras nos olhos?
Amanhã, vou. Parto com o Fernando M. para parte quase incerta. Certo que é o nosso regresso. Nos primeiros dias de Maio, estico-me no sofá; de um modo terapêutico, prometo continuar a dizer disparates e coisas sérias no meio, como tomates cereja numa salada de rucola. Até lá, esqueçam tudo o que vos disse. Quero ser recordado como alguém que não está.
Amanhã, vou. Deixo beijos e abraços para quem os estimar e for alimentando.
sexta-feira, abril 07, 2006
quinta-feira, abril 06, 2006
Preciosa
A noite viva, a chuva silenciosa que vai do interior do homem até aos olhos, iluminando sombras, revelando beleza, como se ao morrer terminásse a morte, como sangue que se derrama. Tenho esperança de sonhar que amo, a minha carne será um dia como água corrente e o meu corpo silencioso.
A sombra converte-se em mistério, o último esquecimento morrerá com o homem, e a minha voz, e os meus olhos, tudo será divino ao perder a memória.
A dor insiste, mas não se acaba. A angústia queima-me os olhos, procuro a palavra precisa, eu ofereço-te a sombra, a paciência onde esqueço a espera, onde esqueço está angústia que não se move.
Ainda cai a chuva, escura como o mundo do homem, negra como a nossa carência, cega sobre cruzes. Um som como milhares de batimentos de coração em simultâneo, o som de pés sujos. No campo de sangue onde as pequenas esperanças são enterradas: o cérebro humano. Cai o sangue dos homens famintos.
No coração auto-exterminado, feridas de uma triste e incompreendida obscuridade, lágrimas de uma lebre abatida.