No fundo somos um blog de conversas de sofá, é o que nos apetece no momento. Cuidado para não entornar o copo de vinho tinto. Põe a música mais alta. Hummmmm, tiramisu...
segunda-feira, outubro 30, 2006
Todos e nenhum
Naquele inverno de 1999, em Lisboa duas velhas irmãs morriam de fome num hotel da avenida, deixando caixas cheias de medicamentos e antigos bilhetes de cinema; os amantes não encontravam cama e partiam para o sul; e os camionistas pediam para lhes duplicarem o salário para poder oferecer aos seus filhos a educação que lhes permitiria aceder a profissões de prestígio em que morreriam de fome. Todos doutores.
terça-feira, outubro 24, 2006
from Nietzsche's
terça-feira, outubro 17, 2006
Nadja
Fixo o olhar, humedece, dormente.
Provo o teu respirar, doces lábios. Lá estarei para sentir.
Viajando, caindo por detrás do vento. Lá estarei para me libertar.
É a ti que eu vejo no sonho, és tu, sou eu. És tu.
Rebolo no chão, arrasto-me na erva. Não me importo.
Fantásticos momentos congelados, coisas da loucura, de ser doido.
Outro momento para saber que nunca irás sair da minha vida.
Provo o teu respirar, doces lábios. Lá estarei para sentir.
Viajando, caindo por detrás do vento. Lá estarei para me libertar.
É a ti que eu vejo no sonho, és tu, sou eu. És tu.
Rebolo no chão, arrasto-me na erva. Não me importo.
Fantásticos momentos congelados, coisas da loucura, de ser doido.
Outro momento para saber que nunca irás sair da minha vida.
segunda-feira, outubro 09, 2006
Por um punhado de terra
Inclinou-se um pouco mais. Suava de febre e toda a sua testa brilhava de gotas. Eu pensava: “Está muito mal. Não tem dinheiro. Não se pode por bem porque não tem dinheiro. Se tens que morrer, não conheces ninguém. Vai morrer porque se morre em todo o mundo.”
Reuni três moedas de euro. Decidimos tomar um café.
Era um café vazio e mal iluminado. O balcão ficava ao fundo, fechando uma esquina, com o empregado mais velho sentado porque sofria do coração, e apenas se levantava para os clientes habituais. Outros três jogavam dominó. Chegavam os sons de um fado entre os golpes das peças no mármore.
Ficámos apenas um momento; o justo para tomar o café. Ao sair continuava tudo igual: o velho atrás do balcão, olhando para os seus pés inchados; os outros a jogar. A música e a luz pareciam ir a desaparecer. Vendo-os pela última vez, ficavam como uma má recordação, negra e triste. No passeio, debaixo das árvores, começou a queixar-se, e quiz-se sentar. Procurou uma árvore e, apoiado nas suas costas, desatou a chorar. Toquei-lhe a cabeça, ao baixar a mão caiu-me uma lágrima. Chorava sobre os seus joelhos, sobre os punhos fechados na terra.
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