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No dia seguinte persisti. Na primeira semana, lutei por manter o meu olhar no espelho, incapaz de dizer uma palavra. Cerca de dez dias mais tarde já era capaz de me olhar frontalmente. Mas quando chegava à altura de dizer alguma coisa, apenas sorria.
Não conseguia falar, assustado demais para reconhecer quem eu era. Só passadas algumas semanas conseguia pôr-me em frente ao espelho e dizer, “Obrigado por me teres feito um gato”. Nunca uma frase me tinha custado tanto a dizer como aquela. Durante anos, senti-me separado da minha masculinidade.