sexta-feira, novembro 21, 2008

Contra o tempo



Ela parte hoje no primeiro avião a sair do país. As últimas palavras que lhe disse foram ‘tenta não sentir a minha falta’. Fez as malas, apanhou um táxi para o aeroporto. Pensava em tempo para pensar, escapar era o seu retiro.

Ele tinha 20 minutos até ela estar no ar. Não podia esperar, tinha que chegar lá. Pagou ao taxista 50 euros para atravessar a cidade; naquele mesmo momento ela estava a partir. Tinha que lhe dizer o que sentia, ela tinha que o saber, mas apenas lhe sobravam 16 minutos e o trânsito estava lento. Ele tinha sido um idiota por ter esperado tanto, mas tinha medo que as coisas corressem mal. Mas ali estava ele, com 13 minutos até ao meio-dia, se as coisas não estivessem já tão mal seria ainda cedo. Tentou manter-se calmo, mas continuava a pensar no que faria se ela não sentisse o mesmo?

Pararam num semáforo vermelho e ele tentou não chorar. O tempo estava a escapar-se. Ela pode estar a entrar no avião agora. Perguntou ao condutor se já estavam a chegar, “não”. Não tinha a certeza de conseguir, apenas sabia uma coisa: amava-a.

5 minutos passaram, outros dez eram perdidos, tudo mentira, não ia correr nada bem. Se ela já descolou irá desaparecer por meio ano. Passaram 21 minutos e estavam quase lá, ele viu um avião a descolar. Quando saiu do táxi eram já 5 minutos tarde demais, ela tinha partido.

Virou as costas ao ouvir uma voz, “Não sabia se virias”. Viu-a a correr. Ali estava, não tinha desaparecido. Esperou por ele todo o tempo. Abraçou-a forte. “Nunca mais adiarei abraços até à hora de partir.”

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