sexta-feira, julho 28, 2006

É a loucura!




Observando Fernando M. e Filipe N. (o homem da Valise) bem de perto, não penso que tenham sido invalidados ou limitados pelo que foi feito ao Jackie Chan, por exemplo. Filipe propôs que Fernando fosse contratado pelo Sagrado Coração de Maria. No seu bloco de notas, Fernando escreveu um artigo sobre contracepção.
Fernando poderia ter melhor sorte se deixásse a teologia na paz do senhor.

Meninas e meninos, senhores e senhoras, cavalheiros e ovelhas... é a loucura!
Mais uma noite e a tasca encerra para descanso do pessoal.

Depois, se quizerem mais, terão que ir no primeiro fim-de-semana de Agosto à Ilha do Farol.
Sim, é verdade, Fernando M. e Filipe N. em versão "pop my beach up"!

terça-feira, julho 25, 2006

Já sei...

Ao fim de muitos anos à procura, ao engano, à tentativa-erro, à ilusão do perfeito... finalmente encontro, ao abrir uma qualquer revista na cadeira da varanda onde me sento a ouvir música, ali estava aos meus olhos a resposta à questão: o que queria?

«Eu quero uma coisa que não haja!»

domingo, julho 23, 2006

Does She?



Os retro revivalistas transformaram o ambiente do festival com toda a intensidade de um clube escuro de Manchester por volta de 1980. A música dos She Wants Revenge – intimidante e não aconselhável a electrofóbicos – é apenas perfeita, arte em som.
Justin Warfield domina o palco: a maneira como segura o microfone faz-me lembrar Ian Curtis. Em “These Things” parece possuído pelo seu espírito, seguramente inquieto.

Apesar de tudo, música deste tempo.

sexta-feira, julho 14, 2006

Borboleta



Regra geral, não gosto de borboletas. Abro aqui uma excepção.

Um dos meus videos favoritos.

Outro que arrepia pode ser encontrado num blog embirrante. Radiohead, “Street Spirit”. Uma obra-prima feita de música, imagens e (acima de tudo) de sentir. Depressa, antes que alguém o troque só para embirrar.

quinta-feira, julho 13, 2006

O admirável escritor C.



Quando estás de ressaca, de repente recordas-te do que se passou na noite anterior, as quedas e as rasteiras, a gente que insultáste, a quantidade de imbecilidades que pronunciaste e os segredos sobre ti mesmo que soltaste, e então não tens vontade de continuar a viver; só quando estás de ressaca e pensas no suicídio, de repente ocorre-te a frase escondida: que será de ti? E sabes que mais? Penso agora que escrever é a tua defesa contra o suicídio, como se escrevendo te escapásses a ti mesmo, escrevendo talvez pudesses responder à pergunta... que será de ti, quem eras e que és agora mesmo.

terça-feira, julho 11, 2006

O escritor C.

Retorcia as suas frases tentando subir mais alto, dando-lhes outra volta, impondo mais uma subordinada, outra metafora a parágrafos desproporcionados. Até que o voo se mostrava no solo impossível e indecente, e então regressava precipitadamente, de hélice atada ao próprio corpo, uma frase em queda livre. Mas pisava o chão com pés de chumbo, atabalhoado e confuso, ainda cego pela próximidade da luz omeçava a descida veloz da escada como se fosse arrastado pela inércia da hélice e aterrava no patamar do rés-do-chão, onde antes o esperavam os seus amigos. E, com o tom de quem acaba de regressar do deserto e ainda traz a areia incrustada nos olhos e na língua, propunha-lhes uma garrafa de cerveja, duas garrafas, uma em cada mão, desde que fossem eles a pagá-las.

Ele era o artista sofredor e incompreendido, o maldito do poeta. Eu tinha outro nome para ele: fraude.

segunda-feira, julho 10, 2006

Carvalhal



Dispo-me e entro no mar, perfumado de terra, lavo-me nele, lábio a lábio, há tanto tempo, a terra e o mar.
Imerso na água fria e transparente; com um zumbido nos ouvidos, a boca salgada – nado. Tirar do mar os braços molhados para que se dourem ao sol e fazê-los desaparecer de novo com uma torção de todos os músculos; o movimento da água sobre o meu corpo, a onda que me estica as pernas – e a ausência de horizonte. Na praia, caio na areia, de regresso ao mundo, de volta ao meu peso de carne e ossos, olho para os meus braços onde na pele que seca, ao deslizar a água, surgem as manchas de sal. Temperado de mar.
Gostava que ela estivesse aqui. Que estivesses comigo.

A terra respirava lentamente antes de entrar na sombra. Dentro de um momento, com a primeira estrela, cairá a noite. Mar, campo, silêncio, cheiro a terra, mordo a maçã. Acordo o silêncio.

segunda-feira, julho 03, 2006

Outra madrugada

Os abismos atraem. Tento adivinhar os teus pensamentos, a origem dos teu actos. Desejos que se removem no fundo, ondulantes. De que se alimenta o meu olhar? De nada a não ser dos olhos que me devolvem a descoberta.

Às vezes a vertigem desvia os olhos de ti. Mas volto sempre. Atraído pelo abismo, deixo-me cair.