quarta-feira, janeiro 20, 2010

Dose de informação inútil #4



Mais imagens do Haiti. É mesmo necessário mostrar imagens de pessoas em sofrimento? Sim, já sabemos que estão a sofrer, porra. A exploração do sofrimento humano atinge hoje e aqui uma dimensão mercantil: vende-se sangue, morte, gritos, pranto, … tudo o que o freguês quiser.

Mais do que a catástrofe natural, é o desastre em que a sociedade de consumo imediato se tornou que impressiona.

6 comentários:

Maria disse...

Os meios de comunicação social em geral, e a televisão em particular, são tão influentes e poderosos que acabaram por inventar um mundo só deles onde não há espaço, nem interesse, para reflectir sobre os acontecimentos. E a concorrência dita as regras. O resultado é este: o vazio, a ausência de reflexão e, muitas vezes, o ridículo.

Mas o contrário de tudo isto não 'rende'...

Se este cenário pode mudar? Sim, acredito que sim. Bastaria que os leitores, ouvintes, telespectadores fossem mais exigentes em relação à qualidade da informação em vez de negarem a sua importância.

Beijo,

Unknown disse...

Sem dúvida, Maria. É claro que o lucro é o objectivo comum a todo e qualquer tipo de empresa (tirando as EPs) mas não é fim que justifique este meio.
Agradeço-te muito (in repeat) a preciosa colaboração.

Beijo-te,

Hugo Lopes disse...

Caros amigos, cada um de nós é um desses espectadores... por isso, façam como eu: ainda não liguei a tv esta semana... minto, vi um pouquinho do jogo de beneficência - precisamente para o Haiti :-) ... mas não vi sangue! Só alguns gritos. Mas vai haver! Pelo que vejo em algumas paragens de autocarro e no metro, andam para aí umas novas séries sobre vampiros...!
Desta não nos safamos...

Unknown disse...

Sim, essa é uma solução possível. Mas não invalida que, ao procurar informação sobre o que nos rodeia, deparemos com este tipo de ditadura imposta por uma maioria mediocre de gente que quer fazer guito e ganhar poder e gente que digere a desgraça alheia como cheeseburgers.
Abraços,

Maria disse...

Mas por que razão devemos nós renunciar ao nosso direito de exigir mais qualidade na informação? Até parece que quando falamos de jornalismo estamos a falar de uma espécie de dogma qualquer e por isso «é melhor fechar os olhos, tapar os ouvidos e, se se conseguir a proeza, meter as mãos nos bolsos e assobiar para o alto como quem diz: isto não é nada comigo, la la la lala lala, não quero saber, la la lala...»

A curiosidade, o procurar saber, é algo inato no Homem. Exigir qualidade deveria também sê-lo pois só assim poderemos mudar este cenário.

Acrescento, em jeito de conclusão, as palavras de um mestre do jornalismo:

«Os nossos leitores, ouvintes e telespectadores são pessoas muito justas que rapidamente reconhecem a qualidade do nosso trabalho e, com igual rapidez, começam a associá-lo ao nosso nome; sabem que esse jornalista lhes dará um bom produto. É a partir dessa altura que nos tornamos jornalistas estáveis. Não será o nosso director a decidi-lo, mas sim os leitores.» R. Kapuscinski in, Os Cínicos Não Servem Para Este Ofício

Beijos,

Hugo Lopes disse...

Oi Maria. Não me estava a esconder nem a olhar para o lado.
Foi apenas um comentário irónico.
Concordo com as tuas palavras.
Cheers.