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Está tudo preparado para o corte. As facas fumegam. O abdómen marcado. Debaixo de panos brancos há algo que geme. "Senhor Doutor, está tudo pronto."
A primeira incisão. "Pinças!" Algo púrpura mancha os panos. Mais profundo. Os músculos: húmidos, brilham frescos. Há um ramo de rosas na mesa? É pus o que salta? Terão cortado o intestino?
"Doutor, se fica à frente da luz nem o diabo consegue ver o diafragma. Anestesia, não consigo operar, este homem vai-se junto com o seu estômago." Um silêncio pesado. A enfermeira passa algodões esterilizados.
"Não consigo encontrar nada nesta porcaria!"
"O sangue já está a ficar escuro. Tire-me a mascara!" Por fim: aqui está! Desta vez tiveste sorte. A coisa estava quase a perfurar-se. "Estás a ver esta pequena mancha verde? Mais três horas e o estômago enchia-se de merda."
Barriga fechada. Pele cosida. "Bons dias, senhores." A sala fica vazia. A morte escorre para outra sala.
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