No fundo somos um blog de conversas de sofá, é o que nos apetece no momento. Cuidado para não entornar o copo de vinho tinto. Põe a música mais alta. Hummmmm, tiramisu...
segunda-feira, outubro 31, 2005
Deep nail
A religião Muçulmana restringe o uso de alcoól e é proíbido na maior parte dos países do Médio Oriente. A pornografia e a sexualidade explicita e implicita no acto de cortar as unhas dos pés em público, é também proíbida.
Mesmo assim, não consegui resistir a publicar esta imagem obscena correndo o risco conspurcar a mente pura de um árabe com pensamentos impróprios que o levem a procurar a casa de banho mais próxima para se autoflagelar repetidamente no membro mais erecto que um quarto crescente.
sexta-feira, outubro 28, 2005
Do lado certo #3
quinta-feira, outubro 27, 2005
Lentidão #1
Aproximei-me do sofa onde planeava sentar-me tranquilo por algumas horas, juntando as peças espalhadas de mim próprio. Sentado entre uma janela e uma parede que imagino pintada de verde lima, aquele recanto parecia flutuar sobre a terra como um barco-casa algures em Caxemira. Os gatos vieram sentar-se ao meu lado.
Deixei cair os sapatos. Senti o quente do soalho de madeira nas solas dos meus pés. Pela janela entrava o aroma de terra molhada que o sol começava a evaporar. Liguei o leitor de cds, hesitei na escolha, play.
Ontem, fui ver “Alice”. Tinhas razão, é muito bom: fiquei impressionado com a abordagem estética a Lisboa, não a costumamos ver assim (um “período azul”). À saída, uma amiga comentou “acho que faz juz ao cinema português... é muito lento”. Este problema da lentidão causa-me algum transtorno. Dizerem que um filme (ou uma música, por exemplo) é muito lento não significa nada para mim; é apenas uma característica, como ser a preto e branco, francês, alemão ou japonês.
Penso que foi Pascal que disse que todo o infortúnio dos homens vem de uma única coisa: a sua incapacidade de permanecerem tranquilos num quarto. Regra geral, acho que as pessoas têm uma grande dificuldade em lidar com a lentidão. Ah, e o silêncio.
quarta-feira, outubro 26, 2005
Do lado certo?
Vista da cidade, parecia bem mais interessante. Estando aqui, pelo contrário, torna-se indiferente e banal, com noites sombrias e luzes tremulas, comida gordurosa, ataques de mosquitos, chás de ervas amargas. Em tais circunstâncias somos menos sensíveis à beleza natural que os turistas, com todo o optimismo de quem está apenas de passagem.
Registo o mais que posso: manhãs tranquilas de uma simplicidade quase perfeita, cheias de sol que queima até à sombra, passaros solitários (raros, pois as pessoas estão sempre prontas a disparar), bosques onde reina o silêncio, a profundidade, o infinito e o esquecimento.
terça-feira, outubro 25, 2005
Do lado certo
Alguém disse havia cidades para sonhar do outro lado das montanhas. Não disse se estavam suspensas no ar, submersas em lagoas, ou perdidas bem no interior da floresta. Os que lá foram nada encontraram, apenas torres altas. Apenas tu trouxeste algo para continuares a sonhar, algo que não se vê no nevoeiro matinal, um pé descalço de mulher, um sonho de outro deixado nos teus olhos, pedindo-te que o sonhes para além das montanhas onde não há cidades para sonhar.
segunda-feira, outubro 24, 2005
Segredei
Só com a comoção cantamos por dentro: quando o sentir nos agita, se recolhe e cala.
Tivesse sido paixão, verdadeira, e estas palavras noutro tempo mais alegres, não teriam letras mas apenas lágrimas.
sexta-feira, outubro 21, 2005
Antony, o regresso
Quantas feridas abertas por esta música escondida de nós há demasiado tempo – amor, paixão, dor, sonho. Tristeza doce, alegria profunda, que nos são reveladas; uma linguagem nova numa noite ao fim de Outubro. Todo o mundo, todos os sentimentos, numa musica sentida bem dentro.
www.antonyandthejohnsons.com/
quinta-feira, outubro 20, 2005
Undress Code #1
Acabou de me chegar às mãos um exemplar da “Política de Apresentação Pessoal” da empresa onde trabalho (é claro que não vou dizer que se trata do Hotel Alfa, ali mesmo em frente às Twin Towers). Resumindo:
Cabelo – nada de cortes à Oasis, nem “daqueles que agora se usam muito” e que parece que foram feitos por alguém com Parkinson em estado avançado. Isso poderia dar aos clientes a ideia de que nesta empresa trabalham rabetas e viciadas da pastilha. Se querem um emprego, vão para o Bairro Alto! “Os estilos de corte/penteados devem transmitir um aspecto limpo e asseado” (sic). Atenção às raizes dos cabelos pintados!
A meu ver, este primeiro ponto tem as suas vantagens: sei agora que neste hotel nunca haverá lugar para o Garcia Pereira, a Vanda Stuart, Abel Xavier e Pedro Santana Lopes. É reconfortante.
terça-feira, outubro 18, 2005
Passagem
Mas vives e estás, olhas para aquelas nuvens, aquele sonho tão distante, as flores daquele dia, acreditas que podes mudar a sorte e, ainda que vamos direitos à morte, alimentas-te do passado.
Amanhece
segunda-feira, outubro 17, 2005
Fire, walk with me
Arde sem chamas, apagado e ardente, cinza e carvão incandescente, arde no céu e faz subir as núvens. Arde na solidão que nos desfaz, que enlouquece. Entre os meus ossos, arde como arde o tempo, como caminha o tempo para a morte, com os seus passos apressados; arde como a solidão que te devora, imola-te sem chama, sede dos lábios. Para acabar com tudo.
sexta-feira, outubro 14, 2005
Vou de Férias
E nos meus blogs favoritos:
http://ilusoespoeticas.blogspot.com
http://anoeee.blogspot.com
http://estupidamentefeliz.blogspot.com
http://fabricadesonhos.blogspot.com
http://www.uroborus.nsilva.com
São poucos e tão diferentes.
Se eu voltar estranha olhem para o meu pescoço, procurem estacas de madeira ou balas de prata e fujam que eu mordo... @ #
quinta-feira, outubro 13, 2005
Considerações Kafkianas
Todos os erros humanos são fruto da impaciência. Interrupção prematura de um processo ordenado, obstáculo artificial levantado em redor de uma realidade artificial. A partir de certo ponto não há retorno. Este é o ponto que devemos alcançar.
O possuir não existe, existe apenas o ser: esse ser que respira até ao último momento, até à asfixia.
Em tempos não conseguia compreender porque não obtinha uma resposta à minha pergunta, hoje não compreendo como pude estar enganado ao ponto de perguntar. Mas não estava enganado, perguntava apenas. Apenas medo e nervosismo foram a sua resposta à afirmação de que talvez possuísse mas não era.
Nota: Aproveito para recomendar uma visita a http://kafkiano.blogspot.com/ . Este é um site onde "respira" Miss Kafka e que muito nos agrada.
Alice
quarta-feira, outubro 12, 2005
William it was really nothing
Todas as pessoas têm que viver as suas vidas, e eu a minha. Não há-de ser nada, é a minha vida.
Como posso eu ficar com uma rapariga gorda que me irá dizer: “Queres casar comigo? Se quizeres, podes ir comprar o anel.”
Ela não se preocupa com mais nada e eu não sonho com ninguém a não ser comigo.
Não há-de ser nada.
"William it was really nothing" é uma música dos The Smiths.
Mais Chuva
Foi uma viagem de carro intensa, com a janela aberta, a chuva a molhar-me o braço e a cara, o som que trazia recordações antigas e felizes.
Não reparei no moinho que me saúda todas as manhãs, mas hoje foi por uma boa razão.
terça-feira, outubro 11, 2005
Europa
Os políticos fracassaram frente ao problema humano, não são apenas traidores às causas do espírito (para eles irrelevantes), em proveito do partido do interesse, mas também homens perdidos. Perderam a sua força realizadora, o seu talento e não deixarão nenhuma marca; não sentiremos a sua falta e a sua obra nada significará aos nossos olhos.
segunda-feira, outubro 10, 2005
Sobre a Chuva
A propósito de eleições
A minha inconsciência sabe mais sobre a consciência de quem me analisa do que a sua consciência sabe sobre a minha inconsciência. Os políticos roubam-nos os sonhos tal como se furam os nossos bolsos.
O segredo da demagogia é parecer tão atrofiado como a audiência para que essa gente se julgue tão inteligente como o demagogo. A educação é uma muleta com a qual o idiota ataca o sábio para provar que não é estúpido.
Como se manipula o mundo e se leva a uma guerra? Os políticos mentem aos jornalistas e acreditam nas suas mentiras quando as vêem publicadas. O próprio Satanás é ingénuo se acredita que pode tornar as pessoas pior do que já são.
A democracia é a tua oportunidade de ser escravo de todos.
A voz das coisas
sexta-feira, outubro 07, 2005
Bob Dylan
Os irmãos Grimm
Say something now
quinta-feira, outubro 06, 2005
Meet Me in the Rothko Room
“Em Meet Me in the Rothko Room a câmara instala-se na Sala Rothko da Tate Modern, assistindo às reacções dos seus visitantes, para assim captar a essência da pintura de Rothko.”
É de facto uma sala única, parece que as paredes deslizam na nossa direcção, é opressiva e viciante. Eu tive de parar, respirar fundo, não conseguia sair e só penso em voltar.
A essência da pintura do Rothko não passa através de uma tela de cinema, ou de um écran de computador, é sentida em cada milímetro de tinta.
Casa
Sempre que passo por lá sozinha aparece um senhor demasiado antigo a espreitar do topo. Sou surpreendida por uma voz rouca envelhecida que me pergunta, invariavelmente, pelas horas.
Não uso relógio, mas tenho de responder. Procuro o telemóvel atrapalhada e olho incrédula para aquele muro alto e para a cabeça que espreita.
O tempo vai passando, mas mais ninguém passa naquela rua.
terça-feira, outubro 04, 2005
Pornography
Uma mão que me tapa a boca, uma vida que se espalha nas flores.
Parecemos todos tão perfeitos, enquanto vamos caindo na infelicidade.
Ela encontrou a sua última fotografia em cinzas, a imagem de uma rainha.
Uma cama suada, sons agri-doces dentro da minha cabeça.
Mas é tarde demais, mais um dia como hoje e mato-te.
Um desejo por carne e sangue real.
Ver-te-ei a afogar na banheira, a minha vida nos teus olhos abertos.
Tenho que lutar contra esta doença, encontrar uma cura.
Mas é tarde demais, mais um dia como hoje e mato-me.
Encontrei-te
segunda-feira, outubro 03, 2005
L. Gato, o Santo-Tirsense
Eu, L. Gato, filho de cantante, eu, L. Gato Negro, circuncizado pela navalha de um homem que não estava lá e baptizado pela mão de um papa que nunca esteve, chamam-me hoje o Santo Tirsense, mas não sou de nenhum país, de nenhuma cidade, de nenhum gang mata-polícia e assalta a BP de Carnaxide. Sou filho do caminho, o telhado é a minha patria e a minha vida uma constante travessia. Não pertenço a ninguém. Não sou de um deus em que não acredito nem da terra que piso.
Náusea
Maratona
Não há nada que me possa tirar daqui, ninguém que me possa deixar fora. A menos que esteja enganada. Bem, vou... agora!
Poderei regressar se não me sentir bem com tudo o que aprendi ao ter chegado. Deverei?