quinta-feira, janeiro 05, 2006

2002

Recordo o frio do amanhecer, os círculos dos insectos sobre os copos imóveis, a possibilidade de um abismo de luz por detrás das janelas, o aroma triste, cáustico.
Pássaros. Atravessam chuvas e países no erro dos ventos. Voltam incompreensíveis sob leis de esquecimento.
Não tenho medo nem esperança. Deste hotel exterior ao destino, vejo uma praia negra.
Agoro olho o mar. Não tenho medo nem esperança. Estou ferido em mulheres, o meu pensamento é só recordação da ira.
Há uma erva cujo nome não se sabe; tem sido assim a minha vida. Atravesso o inverno e volto a casa: roupa húmida esquecida. Os espelhos estão vazios. Amei tudo o que perdi.

3 comentários:

black_bri disse...

Os espelhos não estão vazios. Olha novamente irás ver alguma coisa. A tua mudança...

Unknown disse...

Não eram os espelhos que estavam vazios mas sim o espaço que me rodeava. Por momentos, vivi em vácuo, atravessei buracos negros e do outro lado tudo era diferente sendo igual na sua essência.

Mudamos, é verdade. Ou como o português muito gosta de dizer (embora aqui nada tenha a ver com conformismo): "é a vida".

beijos BB

black_bri disse...

Essa tal frase cliché, dá cabo de mim. Os portugas no seu melhor!!!