quinta-feira, maio 12, 2005

Ilhas Afortunadas


Janeiro 2004

Que voz vem no som das ondas
Que não é a voz do mar?
É a voz de alguém que nos fala,
mas que, se escutamos, cala,
por ter havido escutar.

E só se, meio dormindo,
Sem saber de ouvir ouvimos,
Que ela nos diz a esperança
A que, como uma criança
Dormente, a dormir sorrimos.
São ilhas afortunadas,
São terras sem ter lugar,
Onde o Rei mora esperando.
Mas, se vamos despertando,
Cala a voz, e há só o mar.

Fernando Pessoa

8 comentários:

Carlos Gouveia disse...

Leve com uma nuvem. Muito bom.

Onde vive a ilha afortunada?

Lu disse...

A da fotografia é na Cornualha, em New Key, uma cidade pequena no sul de Inglaterra. (eu já vivi em Inglaterra e quando posso volto para me perder em museus e matar saudades)

A outra vive no meu coração. :)

Anónimo disse...

Não só li como senti; depois fechei os olhos e repeti, parecia que estava no mar, embalada pela preguiça e com o coração cheinho desse prazer enorme que é morar no teu coração. Muito obrigada por me abrigares.

Anónimo disse...

E sim, sou uma ilha muito afortunada!

Anónimo disse...

É verdade que a fotografia me favorece...mas ainda assim...

Lu disse...

Claro que és muito mais linda que qualquer ilha ;)

anoeee disse...

o som das ondas, forte e constante
ao longe
e o barulho suave da chuva que cai
e molha os cabelos

Anónimo disse...

Vale a pena ser ilha para receber um poema destes.