quarta-feira, novembro 16, 2005

Ao largo

Passam lentos os dias em que estamos sós. Um destino conduziu as horas e trouxe companhia. Chegaram as noites. Sobre elas acendiamos palavras, as palavras que logo abandonamos para avançar, começamos a conhecer-nos por cima da voz.

Agora sim. Podemos trocar palavras suáves, que flutuam sobre o ar; estamos de novo no mundo, começamos uma história. Atrás de cada um a sua casa, o campo, a distância.

Agora cala-te. Quero dizer-te uma coisa. Às vezes, ao falar, alguém se esquece do seu braço sobre o meu, e ainda que esteja calada sabe-me bem, há tranquilidade nos corpos e entre nós. Quero dizer-te como todos traímos as nossas vidas. Uns e outros, há tanto tempo nem sabemos quanto; na recordação a alegria é igual à tristeza. Para mim a dor é suáve.

O tempo. Tudo se compreende nele. Não?

3 comentários:

black_bri disse...

Ás vezes tenho tanto medo que o tempo não me chegue, para compreender tudo o que desejo... Ele foge entre as minhas mãos. Tento arragar e nao consigo...

Lu disse...

Traímos as nossas vidas quando deixamos de viver. O resto faz parte... Feliz, triste, amor, indiferença, paixão, desprezo...

Unknown disse...

O problema do tempo é não parar quieto.

Traímos as nossas vidas quando não avançamos com ele.