No fundo somos um blog de conversas de sofá, é o que nos apetece no momento. Cuidado para não entornar o copo de vinho tinto. Põe a música mais alta. Hummmmm, tiramisu...
quinta-feira, novembro 26, 2009
Da pele
Há portas que se abrem em água a ferver: sais de um rio e entras num rio; os teus ossos tremem de ignorância sob os umbrais, enquanto tu navegas por desconhecimentos. O silêncio reúne perigos de primeiro grau, com possibilidades de palavras que surgem da epiderme.
quarta-feira, novembro 11, 2009
Num bater de coração
segunda-feira, outubro 12, 2009
Philip
quarta-feira, setembro 02, 2009
Uma das tardes
O meu avô apontou-me o sol vermelho a ponto de desaparecer. Disse-me que este solo é horroroso, mas que o céu é dos mais bonitos do mundo, tão bonito como as pirâmides do Egipto ou o arranha-céus do King Kong. É a oitava maravilha do mundo mundial. Estava tudo tão quieto como num filme que deixaram na TV em que um avô e um miúdo eram os últimos a sair do cemitério depois do enterro de um que era negro. Mas isto era muito melhor porque no filme da minha vida não havia nenhum morto de momento, tinha-me prometido o meu avô. Não vais acreditar, mas foi uma das tardes mais felizes da minha existência no planeta Terra.
quarta-feira, agosto 05, 2009
Os Limites do Controlo
Suspeito que o Jim Jarmusch gosta de fazer as pessoas pensar. Nada contra o "Blockbosta de Verão 2/3/4" etc.; comer pipocas (de boca fechada, caso seja possível), finais felizes, comédias românticas e porcos que falam (é bem capaz de ser um pleonasmo). Vejo um filme do Jarmusch, e interrogo-me porque é que aquele negro a fumar numa paragem de autocarro de Memphis fala um Japonês perfeito, o que está por detrás de uma conversa o Tom Waits e o Iggy Pop num diner, e o que leva um assassino a fazer ver a uma rapariga a importância da leitura. Mystery Train, Coffee and Cigarettes, Ghost Dog, e todos os outros filmes dele podem não ter o molho de natas, mas tem definitivamente a carne que se mastiga e o sabor que se sente muito depois de a engolir. A sua obra é uma reflexão sobre parcelas da cultura Americana desvalorizadas e frequentente ignoradas.
Neste último The Limits of Control, há um Lone Man (de Lone Ranger, logo americano?) que não fala espanhol, francês ou japonês, há uma Europa aqui tão perto, caixas de fósforos e papéis engolidos, um caminho, uma busca, um final sem molho de natas nem cogumelos enlatados.
sexta-feira, julho 31, 2009
Um só homem
Procuro na sombra. Ali, nos confins da mão que ergo como uma asa. Aqui termina todo o meu ser, a carne acaba e começam os astros, a luz das estrelas. Aqui começa o mar. O único junto a quem habita, desde sempre, a eternidade errante da terra. Aqui começa o mar, aqui termino.
Por debaixo de mim os enterrados, navegando por outro mar sombrio, o da morte, onde um vento os empurra até ao confim. Deus nada pergunta, porque Deus em nada existe. A terra cala, porque nada espera. Um só homem, sob os planetas, a sua morte inútil.
quarta-feira, julho 29, 2009
Esta noite lúcida
Hoje venho falar-te, como a mim mesmo. Como me falo quando estou a sós, magoado de dias tristes que nos contemplam, raízes onde cresce, matinal e obscura a primeira carícia da terra. Venho falar-te como a mim mesmo, esta noite lúcida enquanto a lua lança sobre os mundos uma luz calcária e fere o horizonte no seu duro, lento e solitário osso.
segunda-feira, julho 27, 2009
Real
segunda-feira, julho 20, 2009
Tempo #6
Enfim, retira-se como uma venda. O tempo, esta grande mentira, o tempo que mata, o tempo que até hoje nos matava em silêncio. O tempo recuperou o seu ritmo sanguinário, o seu galope. O tempo, esta grande mentira.
O tempo recuperou o seu ritmo sanguinário, já não sabe mentir, corre extenuado. Nunca poderá entregar a mensagem que outros mutilados e outros mortos transmitiram.
sexta-feira, julho 17, 2009
O minuto seguinte
Edward Hopper - Hotel Room
Soube que tinha acontecido algo irreparável no momento em que um homem me abriu a porta desse quarto de hotel e a vi sentada ao fundo, olhando pela janela de um modo estranho. Quando fui não se passava nada de estranho, ou pelo menos nada fora do habitual, nada que anunciasse o que iria suceder durante a minha ausência. Esta vez, como todas, ela prognosticou que algo correria mal e eu, como sempre, passei ao lado do seu prognóstico; saí da cidade numa quarta-feira, deixei-a pintando de verde as paredes do apartamento e no domingo seguinte, quando regressei, encontrei-a num hotel, a norte da cidade, transformada num ser aterrado e aterrador. Não conseguir saber o que lhe aconteceu durante a minha ausência e se lhe pergunto manda-me à merda; a mulher perdeu-se dentro da sua própria cabeça, faz catorze dias que a procuro; é como se ela habitasse uma realidade paralela, bem perto mas intransponível, como se falasse uma língua estrangeira. A transtornada razão de quem quer regressar a casa e não o consegue, no minuto seguinte nem sequer se lembra de ter tido casa.
quarta-feira, julho 15, 2009
Pelos ares
Enquanto informava os seus amigos do que tinha acontecido, enquanto se vestia tão rápido quanto podia, enquanto bebia um café que estava a ferver sem ter mexido bem o açúcar depositado no fundo da chávena, enquanto pisava o acelerador do seu carro para subir a rampa do parque subterrâneo, ele tratava de todos os cadáveres que povoavam a sua memória junto com recordações de todos os acidentados que tinham conseguido sobreviver perante os seus olhos. Agarrava-se a cada cama de hospital, a cada exercício de recuperação, a cada lágrima furtiva, a cada sorriso consciente, a cada jarra de flores, como ao único trampolim capaz de mandar pelos ares outras tantas imagens de corpos sem pernas, sem braços, sem olhos, sem cabeça, sem um corpo de verdade, todos os despojos privados de vida cuja morte tinha visto certificar ou certificado ele mesmo. Nunca tinha estado submetido a uma pressão semelhante, nunca se tinha sentido tão fora de si, nunca recordava ter tido tanto medo como então. Precisava de gritar, insultar as nuvens, arranhar-se na cara, mas estava quieto, e conduzia com todo o cuidado que era capaz à velocidade máxima do carro, e com toda a esperança que podia improvisar.
terça-feira, julho 14, 2009
Aparte
É muito difícil para mim aceitar esta tarefa: manter-me aparte e agir como intermediário; comunicar algo tão essencial como queijo e vinho. A sociedade nunca chegará a compreender estas exigências, continuará indiferente. No entanto, eu devo aprender e compreender a sociedade. Devo aceitá-la?
Faço-me explodir.
quarta-feira, julho 08, 2009
Antigo
segunda-feira, julho 06, 2009
O preço certo
sexta-feira, julho 03, 2009
Põe uma rolha nisso!
Anda por aí uma petição a circular, intitulada "os consumidores preferem a cortiça." Um dos argumentos utilizado, que só pode ter vindo de gente acéfala, é que, se nós não deixarmos de usar as cápsulas e as rolhas sintéticas, todos aqueles ecossistemas delicados dos montados irão desaparecer. Esta é uma lógica perfeitamente idiota.
Não tenho bases para alegar que tudo isto não passa de um tentáculo da estratégia de marketing do lobby corticeiro, da luta dos produtores de cortiça para salvaguardar o seu guito face à quebra na procura do seu produto, mas digo que isto é o sonho molhado de qualquer empresa agrícola. Vamos lá ter aquele gordo careca da Quercus a ajudar-nos a vender dizendo que a nossa falência coloca em perigo as pequenas criaturas que, por acaso, vivem nos nossos terrenos. Até pode ser que os produtores de cortiça apenas tenham tido sorte, mas mesmo que não tenham nada a ver com esta história, o cheiro a estrume chega ao sétimo céu (e não me estou a referir ao bar gay friendly no Bairro Alto que, pelas razões óbvias, cheira sempre bem).
sexta-feira, junho 26, 2009
quinta-feira, junho 25, 2009
Mapas
É curioso, vivemos a vida na primeira pessoa do singular mas, chegado o final, aparece-nos a opção de uma alteração do relato. Esta nova velocidade das coisas é a que nos permite então ver-nos de fora, ver-nos olhar, sentir-nos sentir, morrendo morrer. Talvez se trate do mais primário dos mecanismos de defensa ou do mais convincente dos placebos. Talvez por isso todos aqueles desesperados que dizem ter estado mortos e voltam para contá-lo insistem na imagem de si mesmos cada vez mais reduzida, ali abaixo. A pessoa como personagem, um espelho de carne e osso. O corpo como um plano, como um sem-fim de gráficos e cálculos. A escada de caracol do ADN, a medula como uma via láctea. O corpo visto como essas fotos tiradas a grande altitude - castanhos e verdes e azuis - que se utilizam para fazer os mapas.
quarta-feira, junho 24, 2009
Contacto
quinta-feira, junho 18, 2009
Duração ilimitada
Chegam apressados e nunca dizem para quê, nem de onde vêm e em seguida pedem-te dois mil euros que te hão-de devolver; ou tiram-te a toalha sem respeito quando estás no duche, usam o teu perfume, arrastam-te a lugares espantosos e nem sequer pedem a tua opinião e bebem desalmadamente, põem-se a cantar em qualquer parte, compram-te umas flores e um dia saem a correr quiçá até aos confins do mundo, que desastre.
Rapariga assustada, militante de um partido ecologista: tropeças num desses loucos furiosos. Não o deixes escapar, leva-o para casa; são ternos como crianças, às vezes têm frio (quem sabe porquê), dormem pouco e são curiosos. Têm um grande inconveniente: vão-se mas voltam logo a seguir e duram toda a vida.
quarta-feira, junho 17, 2009
Agridoce
terça-feira, junho 16, 2009
Espelho plural
Gerhard Richter - Seascape
" El mar, el mar y tú, plural espejo,
el mar de torso perezoso y lento
nadando por el mar, del mar sediento:
el mar que muere y nace en un reflejo.
El mar y tú, su mar, el mar espejo:
roca que escala el mar con paso lento,
pilar de sal que abate el mar sediento,
sed y vaivén y apenas un reflejo.
De la suma de instantes en que creces,
del círculo de imágenes del año,
retengo un mes de espumas y de peces,
y bajo cielos líquidos de estaño
tu cuerpo que en la luz abre bahías al oscuro oleaje de los días. "
Octavio Paz
segunda-feira, junho 15, 2009
A Pantera
«De tanto olhar as grades seu olhar
esmoreceu e nada mais aferra.
Como se houvesse só grades na terra:
grades, apenas grades para olhar.
A onda andante e flexível do seu vulto
em círculos concêntricos decresce,
dança de força em torno a um ponto oculto
no qual um grande impulso se arrefece.
De vez em quando o fecho da pupila
abre-se em silêncio. Uma imagem, então,
na tensa paz dos músculos se instila
para morrer no coração.»
Rainer Maria Rilke
sexta-feira, junho 05, 2009
L.Gato à Europa!
Companheiros e companheiras, ora metam lá a vossa mão na consciência (ou noutro sítio que mais vos agradar) e procurem as respostas. Preferem mesmo ir apanhar banhos de chuva na praia, filas de trânsito intermináveis e metade do país no Algarve? Preferem ir à missa e ouvir a mesma merda de sempre? Porra, já todos estamos carecas de saber que o Cristo morre e ressuscita no final. Preferem mesmo ir para o shopping alimentar a depressão de olhar para as montras e saber que não há guito para aquilo?
Ou preferem ir votar L.Gato e comer umas sardinhas a seguir? Ah, pois é!
terça-feira, junho 02, 2009
A segunda sardinha
Na mesa ao lado, um vendedor de gravata cor-de-vinho, vendia-se a si mesmo. “Um aldrabão”, dizia ele do outro. Seria este outro aquele que diz como seria?
- “Importas-te que eu barre uma batata cozida com a barriga da sardinha e a coma?”, perguntei-lhe. “Causo-te asco, se fizer isso?”, insisti.
- “Sim. Se continuares com essas perguntas tontas.”
Amava-a. Assim, exactamente assim.
sexta-feira, maio 29, 2009
Abram alas ao Noddy?
Não quis deixar de partilhar uma questão de grande importância que se me surgiu ao passar em frente aos CTT de Carnaxide e ver um cartaz com o Noddy. “Abram alas ao Noddy”… Então mas porquê? Porque é que havemos de abrir alas ao cabrão do boneco?
...
Sofrerá ele de alguma forma exuberante de incontinência gástrica?
quinta-feira, maio 28, 2009
Intolerância Religiosa: Islão #1
«A maioria [dos paquistaneses] acredita que o Governo fez tudo o que podia para ter paz em Swat, mas foi impedido pela selvajaria da liderança taliban, simbolizada no vídeo de uma rapariga de 16 anos a ser publicamente chicoteada por ter tido “relações ilícitas” com um homem. (Alegadamente, teria saído de casa com um homem que não era seu marido nem seu pai.)»
IN PÚBLICO – 15 DE MAIO DE 2009
Eu não sou muito dado à religião. A prática religiosa baseia-se em declarações normativas sem suporte credível e é socialmente determinada. Por isso mesmo, muitas pessoas adoptam a religião do meio onde foram criadas. Algumas religiões são piores do que outras e uma delas é o Islamismo.
Foram cometidas muitas atrocidades em nome do Islão. O terrorismo é um excelente exemplo. Ele há quem se queixe que os terroristas nos filmes são predominantemente muçulmanos. É verdade, mas o que não entendo é que isto seja considerado um retrato "injusto". Onde andam os terroristas a rebentar bombas em nome do Cristianismo, Hinduísmo ou Judaísmo? Não os vejo a agir como os sub-humanos que, após o 11 de Setembro, dançaram e festejaram nas ruas ou como estes animais que chicoteam adolescentes em praça pública. Esse breve momento na história é quanto basta para me deixar apático perante o seu destino, senão esperançoso pela sua desgraça.
quarta-feira, maio 27, 2009
L.Gato à Europa!
Em 1972, com apenas dois anos, emigrou para a Suíça para fugir ao serviço militar, mas, incapaz de encontrar um emprego permanente, tendo sido até mesmo preso por exposição indecorosa na via pública, foi expulso. Foi deportado para Portugal, onde foi forçado a cumprir o serviço militar. Depois de novos problemas com a polícia, ele conseguiu um emprego no jornal regional de Alhos Vedros “Alhos Diários”, em 1978. Foi nesta altura que escreveu um romance, chamado A ovelha do cardeal.
L. Gato tinha um irmão, Arnaldo, que se tornou um conhecido teórico da sexualidade inter-espécies.
segunda-feira, maio 25, 2009
L.Gato à Europa!
Na escola, com apenas onze anos, L. Gato deu mostras de um carácter violento ao aplicar uns rotativos a um dos seus colegas e agrafar um teste à testa do professor. Foi expulso da escola. Apesar disso continuou os estudos e, mais tarde já na Universidade Independente, teve mesmo boas notas, conseguindo qualificar-se como Engenheiro de Viagens Intra-Estelares num domingo qualquer em 2001.
sexta-feira, maio 15, 2009
L.Gato à Europa!
L. Gato viveu os seus primeiros anos de vida em Santo Tirso, numa família humilde. Seu pai, Paulo Alexandre, era um alcoólatra e um fervoroso socialista (e vice-versa), e sua mãe, Rosa Maltine, uma humilde operadora de caixa de supermercado, era quem sustentava a família com os produtos fora do prazo de validade. Foi-lhe dado o nome de L. em honra do revolucionário mexicano Zapata (era para ser Z. mas tiveram receio que o confundissem com o Zorro). Tal como o seu pai, L. Gato tornou-se um socialista e aderiu mais tarde ao hedonismo. Foi influenciado por aquilo que leu de Franz Kafka, desenvolvendo a partir daí uma doutrina que denominou "minimalismo repetitivo popular”.
quarta-feira, maio 13, 2009
Sorte
sexta-feira, maio 08, 2009
Bestas de circo
Ele há circos que dizem ser educacionais, mas não me parece que haja alguma coisa de educacional em ver animais selvagens reduzidos a marionetas. A ideia de humilhar publicamente um animal para provar o domínio do 'Homem' sobre as demais criaturas não tem nada de divertido e apenas atesta a qualidade da besta humana.
As crianças devem ser ensinadas a respeitar os animais – os circos ensinam o oposto.
quarta-feira, maio 06, 2009
Sindroma de Jerusalém
Afectando cerca de 100 turistas por ano, é uma forma de psicose religiosa despoletada por uma ida a Jerusalém e não está confinada a uma única religião. Os afectados podem ficar convictos que são profetas ou mensageiros do Senhor e ter comportamentos como desatar a dar sermões em público, obcecados pela virtude e limpeza e irão frequentemente pedir aos pecadores para se arrependerem dos seus pecados. Este sindroma desaparece invariavelmente após umas poucas semanas ou quando o turista regressa a casa (principalmente se residir algures no concelho da Amadora).
quarta-feira, abril 29, 2009
Dá cá um voto toma lá uma batata
Há já muito que os políticos distribuem presentes aos eleitores para ganharem votos. Tenho a certeza que recuando ao velho Império Romano – quando ainda era uma democracia – encontraríamos políticos a dar aveia ou qualquer outra coisa para ter um lugar no Senado.
Os políticos portugueses não são diferentes. Eles prometem coisas e levam para casa a bicicleta depois de serem eleitos. Isto não é ilegal, é apenas o negócio da política. Noutras democracias um pouco menos desenvolvidas, chamam-lhe suborno e é feito às claras. O Brasil é conhecido pelas caipirinhas, havaianas e pela compra de votos.
O Irão não é diferente. Contrariamente ao que muitos possam pensar, aparentemente, o Irão é uma democracia – embora uma bastante limitada pelo poder eclesiástico. Os candidatos iranianos ao parlamento e à presidência têm que concorrer em eleições livres. E o macaco conhecido como Mahmoud Ahmadinejad é um desses candidatos às eleições de Junho. A economia tem sido arruinada pelas suas políticas populistas e pelas sanções devido ao programa nuclear do Irão, e muitos iranianos sentem-se envergonhados por serem governados por um símio; o presidente ultranacionalista não terá uma reeleição fácil. Ora, sendo um brilhante macaco, em vez de delinear novas políticas, ele escolheu um caminho mais fácil, pavimentado a batatas. Sim, batatas.
Aparentemente, isto é quanto basta para assegurar votos entre alguns iranianos. Podemos censurá-los? A situação económica é um quadro de miséria e tem vindo a piorar, não surpreende que muitos iranianos aceitem batatas. Que ganhe a melhor batata!
segunda-feira, abril 27, 2009
Pigs Online!
R: "Portugueses que se vacinaram contra a gripe estão parcialmente protegidos"... mas que quer isto dizer? Que ficam protegidos da gripe, mas continuam a ser suínos?
L: Se calhar é por serem apenas "meio-porcos".
R: "PSP impõe número de detenções mínimo por esquadra".
L: Já estou a imaginar a cena... agarram o gatuno em flagrante e dizem "tás com sorte, já atingimos os objectivos".
R: Ou pior, para atingirem os objectivos começarem a ser super exigentes e lixados com infracçõezinhas minimas.
L: Tipo "com que então a pôr o dedo no nariz... faça o favor de me acompanhar à esquadra sáchavor!"
Nota: Conversa ainda fresca, via messenger, com o meu amigo R. a propósito de notícias (reais) no Público Online.
quinta-feira, abril 23, 2009
O comunismo é uma bela merda!
Ele há ainda cinco países no mundo que continuam a eleger o comunismo como a sua ideologia. Claro que quando se fala em comunismo, eleger é provavelmente a palavra errada. A República Popular da China, Vietname, Coreia do Norte, Cuba, e Laos são os últimos redutos desta estrutura opressiva.
"O comunismo é uma sociedade baseada na propriedade comum, cujos governantes gerem através da aplicação da razão."
Boas intenções, má aplicação. O problema aqui é a palavra ‘governantes’, o que significa que um líder auto-proposto consegue aplicar a ‘sua razão’ no modo como vives. Se tivesses o azar de nascer num país comunista, não terias liberdade para escolher:
• A tua religião (mesmo para quem, como eu, é simultaneamente Jedi e ateu)
• A tua profissão
• A tua liberdade física (corte de cabelo, roupa, algemas de peluche,...)
• Os teus Favoritos no teu browser de internet favorito
E então? Porque estou eu a perder o meu tempo a escrever isto? Bem, aproxima-se a comemoração da revolução e, por estas alturas, fala-se do comunismo como aquilo que libertou o país da ditadura. Não foi. Tal como não é a solução para a crise. A verdade é que os comunistas não são donos da revolução (pudessem eles e viveríamos hoje num regime ditatorial como o Norte Coreano, que eles definem como democrático).
terça-feira, abril 21, 2009
O homem de papel
O homem contou-lhes histórias, falou-lhes das pessoas que trabalham para os outros. Falou-lhes de flores que comem insectos, de pássaros, do rio e do mar. E eles, ao escutar as palavras do homem de papel já não choraram mais, riram-se em vez disso. O seu coração de papel dava saltos no peito. E o homem sorria lembrando-se do pássaro escondido no bolso.
segunda-feira, abril 20, 2009
O Sistema é um problema
Por vezes mais do que as suficientes, este país dá-me cabo dos nervos. Os portugueses têm uma (entre muitas) ideia exótica de que a prisão serve, na realidade, para ajudar as pessoas que para lá vão: para as tornar pessoas melhores; para as preparar para a sociedade de consumo imediato. É um lindo ideal, digno de um filme qualquer da Disney. Infelizmente, a realidade é a de um povo que se atribui a si mesmo um crédito muito acima das suas possibilidades.
Bem vindos a Portugal, um subprime feito nação!
quinta-feira, abril 16, 2009
Réplica
Gerhard Richter (Station, 1985)
Quem sabe se no fundo dos humanos não encontraremos, em miniatura, uma réplica do nosso mundo, mais tranquilizadora que o verdadeiro, uma miniaturização na qual se concentra uma solidez que não compreendemos totalmente. Talvez as casas de bonecas (e bonecos) nos ajudem a entender-nos melhor, a não temer tanto esse mistério da vida que não podemos alcançar.
segunda-feira, abril 13, 2009
Do Papa Bento para os Doentes Terminais
Na homilia de Lourdes, o papa disse que os doentes deveriam rezar para encontrar "a graça de aceitar, sem medo ou amargura, deixar este mundo na hora escolhida por Deus." O Vaticano afirma com veemência que a vida deve continuar até ao seu fim natural. O prolongamento da vida através de máquinas é natural?
terça-feira, abril 07, 2009
Jesus & The Bunnies
Dou por mim a pensar no mesmo, Páscoa após Páscoa. Não acham curioso que os Cristãos, pertencentes a uma religião que se afirma como séria ao ponto de querer recuperar as missas em latim (pudessem alguns sectores mais ortodoxos, a inquisição e a fogueira para quem for apanhado de preservativo em riste), celebrem a morte do seu Messias comendo coelhos de chocolate?
quarta-feira, abril 01, 2009
Agora vivo
sexta-feira, março 27, 2009
Earth Hour? Acende mazé a luz, ó borrego!
Apagar as luzes e desligar seja o que for não poupa nenhuma energia. Os geradores de electricidade não irão reduzir de repente a sua produção, nem tão-pouco irão armazenar o excesso de energia... ela é pura e simplesmente perdida. E pior que isso, ainda se encorajam as pessoas a gestos simbólicos completamente inúteis e desprovidos que sentido (embora pensem que estão a ser úteis à humanidade), o que definitivamente não é o que o planeta precisa. Nem de uma merda como a Earth Hour irá convencer os cépticos do aquecimento global a alterar os seus hábitos.
quinta-feira, março 26, 2009
Violência doméstica
«Estava eu a preparar-me para dormir ontem à noite, decidi manter uma vigilância apertada à minha mulher. Ainda me dói o olho, e queria ter a certeza que ela não me iria dar outro enxerto. Qualquer pessoa que nos conheça sabe que ninguém irá acreditar que ela me espanca, a não ser que eu tenha começado. E se eu me dirigir à esquadra para apresentar queixa, ainda fica eu preso ou chamam-me de Castelo Branco para baixo (preferia, claro, ser preso e sodomizado por um gorila).
Enquanto me deitava no escuro, temendo o espancamento a caminho, tive um deja vu (it’s french). Esta não é a primeira vez que me deito cheio de medo de ser espancado pela minha mulher (e não me refiro a uma forma sexual do acto).
(Isto agora é uma espécie de flashback)
Ainda não éramos casados. Eu era um funcionário público. Uma noite, depois de ver um filme muito mau, entrei na cama de mansinho. Inclinando-me, beijei-a na testa. Ela senta-se na cama e, numa execução perfeita, aplica-me um soco no olho! A mulher que amava e com quem iria casar deu-me um incrível panadão por a ter beijado! Por sorte, ela não é propriamente a Wonder Woman (embora a trocasse de bom grado pela Linda Carter na flor da sua juventude) e não doeu assim tanto, mas o choque foi grande.
Sem uma palavra, deita-se e adormece. Não a querendo hostilizar, fiquei ali deitado entregue a pensamentos profundos: “Mas que merda foi esta?” Quando chegou a manhã e eu me levantei da cama, a Solange já tinha saído para trabalhar. Naquele dia fui a casa de um amigo para ajudá-lo com umas coisas. A mulher dele olha para mim e pergunta, “O que aconteceu ao teu olho?” Eu ainda não me tinha visto bem ao espelho nessa manhã, então não é que a bácora me tinha posto um olho negro!
Quando finalmente cheguei a casa, a Solange estava no computador. Ela viu-me entrar em casa. Com um grande sorriso, levantou-se e deu-me um abraço e um beijo. Eu apontei-lhe o dedo e ergui a voz, “Tu, mantém-te a dez metros de distância de mim!” Ela queria saber porque se tinha que afastar. Eu queria saber porque sentiu ela a necessidade de me esmurrar. Relembro-a da história do olho negro, e o que faz ela? A minha querida e amorosa mulher rebola no chão a rir. Não se lembra de o ter feito. Pelo menos é o que ela diz. Até à noite passada, ela afirma não se lembrar de nada.
A noite passada, a meio da noite, abana-me, senta-se na cama: “deve ter sido dos nervos.”»
João Mosquito, 36 anos
segunda-feira, março 23, 2009
O ataque dos Morangos Assassinos?
Os atiradores das escolas de Erfurt, Emsdetten e Winnenden têm todos uma coisa em comum: são todos provenientes da mesma sociedade alemã. No entanto, ao procurar conclusões a retirar deste acto monstruoso, não devemos olhar apenas para novas leis, proibições ou limitações (à loucura de alguns e a liberdade de outros). Devemos sobretudo olhar-nos ao espelho.
Aqueles que dizem agora saber o que deve ser feito estão a mentir. A lista de exigências agora feita faz parte do processo de recalcamentos em curso. Os conservadores atacam os jogos de video violentos, um hobby bastante comum dos jovens eleitores poucos dados a conservadores e conservantes. E, com os políticos e conselheiros da praxe sob pressão, os resultados são apresentados hoje para serem questionados amanhã.
As discussões políticas no rescaldo dos tiroteios escolares irão seguir o rumo do costume: as leis sobre o porte de armas ficarão mais rigorosas. Até mesmo as questões colocadas aos políticos e aos espertos do costume são as mesmas: Poderia alguém ter evitado este tiroteio? Porque não pode a polícia monitorizar os chat rooms na Internet, onde são insinuados crimes e escapadelas pendentes?
A questão da responsabilidade pessoal é uma que raramente surge, mas é esta que deveria estar em foco no debate público. Se os pais não podem ser responsabilizados pelas acções dos seus filhos, quem pode?
quinta-feira, março 19, 2009
O preservativo é o látex do Demónio!
A Igreja Católica anda a dizer às pessoas dos países atingidos pela SIDA para não usarem preservativos pois estes têm pequenos buracos pelos quais o HIV pode passar. A igreja divulga esta mensagem em quatro continentes apesar do consenso científico de que os preservativos são impermeáveis ao HIV. Um porta-voz do Vaticano apoia estas afirmações sobre a permeabilidade, apesar da OMS garantir que são falsas.
Estas afirmações da igreja foram reveladas ao mundo num programa da BBC1, Sex and the Holy City. O presidente do Conselho Pontifico para a Família do Vaticano, Cardeal Alfonso Lopez Trujillo, disse no programa: "O vírus da SIDA é cerca de 450 vezes menor que um espermatozóide. O vírus pode passar facilmente pela 'rede' que é formada pelo preservativo.” Eu acrescentaria: “O cérebro do Cardeal Alfonso é cerca de 104 vezes menor que um espermatozóide. Deverá este pensar que o preservativo é uma rede de pesca? Será uma espécie de milagre dos peixes dos nossos dias?"
quarta-feira, março 18, 2009
Sindroma da Mão Alienígena
Esta rara patologia neurológica dá-se quando uma das mãos parece adquirir personalidade própria e age de tal modo que fica completamente fora de controlo. Por exemplo, a mão alienígena pode desabotoar camisas ou tirar roupa enquanto a outra mão está a tentar abotoar ou vestir. Os indivíduos atribuem uma personalidade à sua mão alienígena e irão tentar puni-la por desobediência.
Eu próprio padeço desta patologia e, por vezes, perco o controlo da minha manápula. Na escola era conhecido como o “mexilhão à espanhola”.
segunda-feira, março 16, 2009
O caos? Amanhã, logo se vê.
A crise global é compatível com o ressurgimento do artesanal. A sociedade da informação poderia ter uma espécie de "especialização flexível", uma alternativa à produção em massa que tem a vantagem da antecipação e da independência para enfrentar mercados de consumo como os actuais, irregulares, complexos e flutuantes. Não fosse o político que prefere a especialização inflexível (a flexibilidade não é definitivamente uma característica política) e mecanizada, e os processos de especialização flexíveis -apoiados em mecanismos simples – poderiam aplicar-se igualmente aos actos de governação.
Mas não, agora não dá jeito, amanhã talvez, logo se vê.
quarta-feira, março 11, 2009
Intolerância Religiosa: Aborto
Não tenho tempo para beatices. Pronto está bem, até tenho. Normalmente tento encontrar tempo suficiente para demonstrar que os beatos são pessoas intolerantes com valores e ética bipolar, de modo a que se encaixem sempre neles. Aqui vai disto.
Segundo a Igreja, qualquer mulher que aborte é uma terrorista. Bem, a Igreja tem o direito de pensar o que bem entende (aqui há uns séculos atrás, também pensava que a Terra era o centro do universo e, ainda hoje, há quem defenda o creacionismo, isto é, que foi Deus que criou todas as criaturas da Terra, que descendemos de Adão e Eva e que os nossos antepassados ainda deram uma volta na Arca de Noé), e imagino que será dever de um líder religioso tentar encorajar as pessoas a acreditar nestas balelas.
Eu sou pro-escolha, o que não faz de mim (nem de ninguém) um adepto de abortos. Não reconheço à Igreja (nem ao Estado) o direito de impor o que devemos ou não fazer, o moralmente correcto e o errado, o bem e o mal. Nem a Igreja, nem o Estado, nem eu sabemos das circunstâncias que levaram à decisão de abortar, não sabemos que tipo de vida iria essa criança ter, não sendo desejada. Se alguém acredita que essa é a melhor opção (mas nunca fácil), então acredito que deve ter o direito de o fazer, não irei julgá-la por isso pois apenas posso falar por mim próprio.
São curiosas as posições da Igreja quando o Cristianismo professa a tolerância, o perdão, pede às pessoas para dar a outra face. Não me parece que passe por demonizar as pessoas pelo modo como decidem viver as suas vidas.
E que dizer de quem encorajou o encobrimento do abuso de crianças por padres Católicos. Houve um documento elaborado pelo Cardeal Joseph Ratzinger, antes deste se ter tornado Papa, que apelava ao secretismo no tratamento destes casos.
A outra face? Isso não era um filme?
segunda-feira, março 09, 2009
A Igreja e as Gajas
Ontem foi Dia da Mulher. Era suposto estar a escrever sobre a minha mãezinha que é uma santa… nada disso. Em vez disso, o que penso sobre a natureza insidiosa de uma perspectiva bíblica chamada complementarismo. Bem, depois de algum trabalho (confesso que) feito em cima do joelho fiz um apanhado de algumas opiniões. Eis porque acho tudo isto uma bela merda.
O complementarismo descreve uma visão teológica defendida por alguns cristãos de que os papéis distintos e não sobrepostos do homem e da mulher, assumidos no casamento, na igreja, na lide e na liderança, são biblicamente imperativos. O termo é relativamente recente mas não é mais do que a versão politicamente correcta do que era conhecido como a visão Tradicionalista ou Hierárquica das relações entre géneros (embora por vezes o tradicionalismo se aplique, não estou aqui a falar de relações sexuais).
O complementarismo é uma esquema complicado de ginástica intelectual que tenta justificar a atribuição da autoridade ao macho, com o fundamento de que a autoridade é apenas um entre muitos outros papéis desempenhados pelos seres humanos (sendo o passar a ferro outro papel muito importante que deveria ser exclusivo da fêmea, por exemplo).
Será que estas eminências parvas cristãs compreendem a natureza do amor mútuo e tudo o que isso implica?
quinta-feira, fevereiro 26, 2009
O admirável imundo novo
Vem aí a caminho a matrícula Magalhães (acho que soa um pouco melhor do que Matriculex), esta maravilha da técnica transmite a identificação do veículo para um pequeno receptor, cujo output pode ser gravado localmente ou enviado para o José Magalhães. Um pequeno detector pode identificar dúzias de veículos em simultâneo, a qualquer velocidade num raio de 9,144 km. A matrícula parece normal, mas tem um chip implantado não visível nem removível. É alimentado por uma bateria própria durante mais de 10 anos.
O meu receio é que o uso de semelhante tecnologia seja uma forma de o Estado se tornar omnipresente à semelhança de DNS (Deus Nosso Senhor). A razão para tal preocupação prende-se com o direito à privacidade, com o poder circular sem que os meus movimentos sejam seguidos por um bronco qualquer.
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