terça-feira, julho 12, 2005

Admirável Mundo Velho

A maior parte das pessoas que conheço acha aberrante esta minha ideia de não querer ter filhos. “Isso é o que dizes agora!”, dizem-me com a convicção da sua normalidade. Há seguramente mais de uma década que lhes ouço esta certeza. Será que não percebem que se trata de uma opção? Não. Supostamente, é para ter filhos que cá andamos, para continuar o nome da família (mas o nome são apenas algumas letras e, além disso, nem todos os membros da família são recomendáveis), porque já está na altura e (se não o fizer) vou-me arrepender para toda a eternidade. Ou talvez não.
Acho extremamente redutor pensar que a procriação é o objectivo último da nossa existência.

3 comentários:

anoeee disse...

Qual é o objectivo último da nossa existência? Quem não sabe refugia-se na procriação, a garantia de que fica cá alguém para tentar descobrir esse objectivo último em seu lugar.

Não sei se é redutor. Talvez nem sequer haja objectivo nenhum! Talvez o objectivo seja apenas a existência em si...
Independentemente de tudo:

«Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca... »

F. Pessoa (Liberdade)

Unknown disse...

A "simples" existência parece-me um óptimo objectivo para a nossa vida. Não tenho nada contra as crianças, apenas contra as imposições (ou suposições) sociais.
Ter (ou não) filhos é uma opção, nunca a coloquei como correcta ou incorrecta.

Lu disse...

Mesmo a propósito.
Ter filhos!
É também um acto de coragem, é encontrar o amor sem tempo, sem barreiras, sem palavras...
Eu quero e não quero... Quero sentir o verdadeiro amor. Tenho medo. Sinto as hormonas a gritar. Tenho medo. Fascina-me o desafio. Tenho medo.

Será o amor o objectivo final da nossa existência?