“Quando Endemião, o pastor,
Guardava o seu rebanho,
Ela, a Lua, solene,
Viu-o, amou-o, procurou-o
Descendo dos céus
Até à clareira do Latmos.
Beijou-o e deitou-se ao seu lado
Abençoada a sua sorte!
Para sempre adormecido ficou,
Sem se agitar nem mover
Endemião o Pastor.”
Teócrito
Dizem que, ainda hoje a lua vem visitar Endemião todos os dias com o seu manto prateado. Hoje, lua cheia, talvez a vejamos a deitar-se no horizonte, junto ao pastor adormecido.
5 comentários:
Ainda estou para perceber o culto da full moon.
O firmamento é sempre belo, independentemente da quantidade de solo lunar a reflectir raios solares.
É uma questão física. A lua influencia a água e nós somos feitos de água.
Então não é A lua. São as forças gravitacionais.
Prefiro olhar o mundo sem a física como meio de interpretação. é mais bonito.
Uma vez vi um homem dentro da lua;
estava a esbracejar. Pensei que estivesse lá preso e quizesse sair.
Mas não, estava a pular de contente por lá estar.
Fiquei à espera. Uma voz ao lado e piano solto do outro. E levantei-me, meio entortado com chinelos pés de pato a desviar as curvas do sofá até à portada.
E olhei. Sabia que a encontrava. Já a tinha visto, mas não estava como eu gosto. Ou gostava. Como eu a queria. Como eu a queria moldar como peça, como escultura perfeita, massajada pelo meu toque sonhado.
Esperei. Tranquilo e viajante.
Estou de ombro na portada. A ouvir o que me rodeia, a criar sinfonia. A olhar para a conquista. Desejada. Agora. Sim, chegou. Aquela luz iluminada nos meus olhos manchados. De cansaço do dia. De alegria partilhada.
Agora és minha, Lua.
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