quinta-feira, julho 14, 2005

Soneto de amor

Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.

Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!

José Régio

2 comentários:

Lu disse...

Gosto especialmente da última parte deste poema. Enterrar os olhos nos olhos de outra pessoa. É tão simples e tão absoluto, o mundo a dissolver-se à medida que o olhar é mais profundo.

anoeee disse...

Sem disfarce... A verdade revelada.