sexta-feira, dezembro 14, 2007

Fernando M @ Incognito



R: http://www.incognitobar.com/. O patrão teve uma trombose ou algo assim?
L: Ainda não vi. A propósito companheiro, tenho roupa para ti... trombose?
R: Podemos combinar entre 2ª e 4ª?
L: Claro que sim.
R: Pôs no site o anuncio de encerrar para férias e reabrir a 31 de agosto.
L: Ah ok, já corrigiu.
R: Oki. Quero ver se 2ª ou 3ª tenho a casa mais organizada das obras para receber as roupas todas e organizá-las. Bem... era de urinar a rir se depois me começasse a cruzar com as pessoas que deram roupa, e estivesse a usá-las.
L: Je je je! Acho que não irias ficar muito bem com as roupas da minha babe... mas nunca se sabe. Eu fico bem de verde-seco.
R: Se calhar ainda ia descobrir que ela é o meu animal interior.
L: Eu tenho dois anões dentro de mim, e não me estou a referir aos meus testículos.
R: Não... esses seriam dois matulões! Tipo irmãos metralha. E já poderias dizer "tenho os irmãos metralha no meio das pernas!"
L: Os patifes... será que temos um testículo bom e outro mau, tipo Yin e Yang?
R: Ocorreu-se-me "Os buchas e o estica."

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Um pequeno mal entendido



Vera estava com o seu marido há apenas dois anos e era o seu terceiro Natal juntos, tinha planeado uns dias na Costa da Caparica com ele, os seus irmãos e irmã, e os seus sogros. Tudo isto tinha implicado uma grande dose de planeamento, ela teve que agir secretamente para que nada se soubesse. Tinha que se ausentar frequentemente para fazer uns telefonemas e algumas combinações. Tudo junto, levou um mês a planear. Mal sabia ela que o seu marido tinha interpretado mal as suas ausências e começou a desconfiar de um affair.

Uma noite, 3 dias antes do Natal, depois de todos os preparativos terminados, chegou a casa e encontrou o seu marido com um buraco na cabeça resultante de um tiro de caçadeira, uma garrafa vazia de whiskey, e uma nota escrita “Sei tudo acerca do teu caso. Não acredito que me tivesses feito isto. Prefiro morrer a partilhar-te com alguém.” Para tornar as coisas ainda piores, a sua família culpou-a pelo sucedido, ela nunca devia ter planeado a viagem nas suas costas e provocado o suicídio. Vá-se lá saber porquê, não teve quaisquer prendas. O pior Natal de sempre! Para o ano iria para Santo Tirso.

terça-feira, novembro 20, 2007

Tempo de nada



O outono é a estação preferida dos convertidos. Detrás das folhas, por debaixo do dourado começam a trabalhar vermes invisíveis, mensageiros do inverno e do esquecimento. Desconfio da serenidade com que estas folhas esperam a sua inevitável queda, da sua vocação de pó e nada. Seremos assim como as folhas? Elas podem permanecer ainda uns instantes para testemunhar a condição do tempo; a derrota final dos mais altos destinos de verdura e estação. Há objectos que não viajam nunca. Permanecem assim, imunes ao esquecimento e às leis que impõem o uso e o tempo. Detêm-se numa eternidade feita de instantes paralelos. Esta condição singular coloca-os à margem da vida. Não os visita a dúvida nem o espanto.

O sono dos insectos é feito de metais desconhecidos que penetram até ao reino mais obscuro. Ninguém levanta a mão para alcançar aos breves astros que nascem. Cuidado. Uma ave desce e, atrás dela, a manhã.

No fundo do mar cumprem-se cerimónias lentas presididas pela quietude das matérias que a terra enviou há milhões de anos para o esquecimento das profundezas. Florescem os gestos desmaiados e o despertar das medusas. Como se a vida tivesse inaugurado uma face nova da terra.

quinta-feira, novembro 08, 2007

É o teu chefe uma besta?



Questão: Quantos chefes são necessários para atarraxar uma lâmpada?
Resposta: Um. Ele segura a lâmpada e espera que o universo rode à sua volta.

A um nível básico, a resposta à questão seguinte é muito fácil: É o teu chefe ordinário? Os chefes-besta deixam as pessoas à espera; gritam-te aos ouvidos. E pensar que o podem continuar a fazer porque sempre o fizeram desde que a sociedade tolera estas merdas dos “poderosos” e influentes chefes de departamento e estes do super-rato-da-barbatana.

Dou por mim a pensar sobre o que apareceu primeiro: Terá essa pessoa sido sempre uma besta ou ter conseguido realizar algo importante (provavelmente por sorte) significa que as pessoas devem tolerar este comportamento de merda? Uma coisa é certa: nem todas as bestas fazem grande coisa, logo não existe relação causal. O chefe-besta:

1. Pensa que as regras são diferentes para ele. Por exemplo, um lugar de estacionamento para deficientes é na realidade para os deficientes mais ele, porque o seu tempo é tão valioso que não poderá 25 metros extra. Ou, o corredor “bus” é para autocarros, táxis e o carro dele pois está atrasado para uma reunião.

2. Não percebe a diferença entre uma função fazer uma pessoa e uma pessoa fazer uma função. O Financial Controller de um hotel de cinco estrelas é uma grande coisa, mas todo o seu poder, e o poder agir como uma besta, evapora-se sem este titulo. Geralmente, as bestas não entendem que a sua posição actual apenas lhes dá privilégios com prazo de validade.

3. Precisa de ajudantes. Ou seja, assistentes pessoais, secretária e chauffeur. É engraçado mas se uma besta não tivesse a posição/poder/status, provavelmente nem seria capaz de atender o telefone, marcar reuniões, falar à imprensa, e conduzir.

4. Precisa de satisfazer pedidos especiais para ser feliz/produtivo/eficiente. Por exemplo, ele precisa de um chá de uma marca especial apanhado por crianças de 5 anos no Bangladesh sempre que está a dar instruções ao seu assistente para a apresentação Powerpoint com que irá fazer um brilharete perante os accionistas. Este tipo de coisas respresentam caprichos do tipo “porque sim” – não porque qualquer desta merda seja necessária.

5. Relaciona-se com as pessoas na medida do que estas podem fazer por si. Por outras palavras, as pessoas “boas” podem fazer muito por si. Os “medíocres” não lhes são úteis e, como tal, passam a incompetentes. A maneira de um medíocre se tornar numa “boa” pessoa é mostrando que pode ajudar o chefe de algum modo.

6. Julga as pessoas segundo os seus próprios valores, não os valores dos empregados ou da sociedade. As bestas julgam as pessoas apenas de acordo com o que pensam que é importante. Por exemplo, um chefe pode valorizar apenas o desempenho profissional, logo alguém que se foque na família, namorada/noiva/cônjuge ou amigos é portanto inferior.

7. Pede-te para fazeres algo que ele não faria. Este é um bom teste. Ele pede-te para trabalhares no feriado enquanto ele tira a ponte para ir passear? Eu sou a favor de rentabilizar o tempo do chefe (por exemplo, não o obrigar a ir às finanças entregar uma declaração), mas caso não estivesse ocupado com assuntos mais importantes para a empresa, iria ele fazer aquilo que te está a pedir?

8. Liga para os empregados durante o período de férias destes. A sua felicidade não é um problema teu/meu. Tens direito à tua vida pessoal, ao teu tempo e espaço pois a escravidão já foi abolida há um bom tempo.

9. Acredita que o mundo está contra ele quando é criticado ou até omitido. Por exemplo, as revistas da especialidade não escrevem sobre ele porque têm todos inveja. Este chefe precisa de aprender o mundo não gira à volta do seu umbigo.

10. Atrasa ou pára o teu progresso/carreira. Até podes perdoar ou ignorar os pontos anteriores, mas este é de longe a pior coisa que um chefe-besta pode fazer. Normalmente, é algo que lhe convém: “Como me podes abandonar? Eu preciso de ti.” Por fazer isto, um chefe devia entrar nos anais das bestas. A tua mãe não te pôs na terra para tornar a vida do teu chefe melhor, portanto não hesites em abandonar um chefe que não te deixa avançar.

Se pensas que o teu chefe é uma besta, muito provavelmente a maioria das pessoas pensará o mesmo.

Nota: Esclareço desde já que não tenho qualquer filiação partidária de esquerda e muito menos estou afecto a qualquer sindicato.

sexta-feira, outubro 19, 2007

Droga? Qual droga?



“O ministro da Justiça, Alberto Costa, garantiu ontem no Parlamento que os guardas prisionais que detectem droga nas prisões onde no final do mês começará a ser feita a troca de seringas vão continuar a apreender estas substâncias ilícitas e a denunciar o crime como até aqui.” In Público, 18 Outubro 2007

Expliquem-me lá isto porque eu confesso que ainda não estou bem a ver a coisa. Por um lado, distribuem-se seringas para evitar a partilha entre toxicomanos e que, por motivos de segurança, deverão estar à vista e entregues depois de estarem inutilizadas. Por outro, a posse de substâncias ilícitas constitui um crime e não será tolerado na prisão. Catch 22?
Ora, se um recluso pede uma seringa, julgo eu que não será para efeitos decorativos, aplicação de botox ou eventuais lipo-aspirações.

Irreal social.

segunda-feira, outubro 15, 2007

A minha geração? Ginveja!



Pondo de lado a minha geração arrependida por uns instantes – já lá irei em breve – terá alguma vez existido um grupo mais estridente de pessoas do que a recente colheita dos 20 e poucos? Não te dá vontade de esbofetear um deles, assim como quem não quer a coisa? Claro que sim. Não tenhas problemas com isso. É natural. Vamos falar sobre isso.

Como todas as coisas desagradáveis da vida, os sentimentos negativos acerca dos 20 e poucos são culpa dos media. Já muita tinta foi derramada sobre este assunto em vez de outros realmente importantes como a vida sexual do António Manuel Ribeiro.
Mas agora tudo mudou. Agora essas pessoas são homenzinhos e mulherzinhas. E deitando-se à sombra dessas inocentes expressões, brilham sorrisos bem pagos. A geração Morangos Com Açucar está a enriquecer!

O resultado: mais tempo de antena. Não há dia que passe sem uma história acerca de um 20 e poucos que esteve na inauguração de um restaurante especializado em pratos de feijão. Estes miudos.com são “revolucionários”. O que até seria fácil de digerir caso não fosse, muito possivelmente, verdade... Sinto a tua raiva.

segunda-feira, outubro 08, 2007

Rent a flat above a shop, cut your hair and get a job says

R: Hoje o Jorge vem aí. Vamos jantar e vadiar.
L: Houve mais polémicas com ele?
R: Não.
L: Um verdadeiro choque de titãs...
R: Confesso que fiquei ali com uma pequena zona de diálogo na qual agora raramente entro.
L: Choque de tetas, no caso da Floribela.
R: Tadita da fofita... o centro de gravidade meio metro à frente da barriga e os olhos de borrego devem tê-la iludido.
L: Sei o que é isso, ele há assuntos que mais vale não discutir com algumas pessoas.
R: Ainda havemos de encontrar a floribela nas portagens de Sacavém.
L: Ou como caixa no Jumbo do Seixal, como a Maria Armanda.
R: A sério? Quem é essa?
L: Aquela do "eu vi um sapo".
R: Porra! Como é possível? Alguém que contribui tanto, que faz subir a fasquia mental de um modo maravilhoso e aumenta os horizontes do sonho nas crianças que serão o futuro deste país...
L: Acho que se ela fizesse uma versão actual ainda era capaz de ir à Praça da Alegria, tipo "eu comi um sapo" (dj c-xal remix).

quarta-feira, outubro 03, 2007

Como tratá-la no 1º encontro…de modo a haver um 2º. (parte 1)



Ouço frequentemente reclamações das minhas amigas, os homens não fazem ideia no que diz respeito a planear um primeiro bom encontro. Não querendo ofender alguns dos machos que por aí andam (bem-intencionados segundo me parece), mas a verdade é que os gajos não fazem ideia do que fazer, onde ir, como agir ou o que usar no primeiro encontro.

Eu sei isto por experiência própria. Já tive a minha parte de maus encontros – saídas desastrosas, ao nível da música do Titanic. Contudo, ele há um encontro que perdura como o pior de sempre.

Cheguei a casa dela com as minhas calças de ganga e sweat-shirt favoritas (apesar de não serem lavadas há duas semanas, vesti-as de propósito para a ocasião); ela, por seu lado, tinha um vestido preto acabado de comprar (será que pensava que iamos a algum casamento?). Quando lhe perguntei onde é que iamos, ela respondeu incrédula “Ah. Querias ir a algum lado?” Chegado a esse ponto, devia ter regressado a casa, mas respondi com uma pontinha ligeira de sarcásmo, “Sim, não estava a pensar ver a novela. Deve ser por isso que se chama uma ‘saída’, não?" Tinha pensado num bom jantar (um super menu BigMac e uma Happy Meal para ela, pagava eu e tudo), talvez um filme no Corte Inglês e um balde de pipocas para dividir (pagava ela); mas não, tudo o que tive foi um passeio na Amadora que culminou com uma seca de uma hora no parque a vê-la fumar, comer pastilhas, olhar-me nos olhos, abanar a cabeça, suspirar, e vice-versa. Quando finalmente chegámos a casa dela, ela disse-me que tinha adorado e perguntou-me se eu queria voltar a sair outro dia.
Respondi-lhe educadamente “antes preferia ser sodomizado pelo macaco Adriano".

terça-feira, setembro 25, 2007

A Forest #2


Trabalhei como de costume de manhã e de tarde. Ao fim do dia abandonei o telemóvel em casa e fui dar um passeio pelos bosques detrás da cidade. Ainda não consegui perceber o que há nesses bosques, o que me atrai. O seu silêncio parece mais profundo que qualquer outro silêncio. Nestes bosques abandonados e incultos há uma curiosa estranheza, e ainda que vá sozinho, tenho a sensação de que seres invisíveis, nem humanos nem inhumanos, andam em meu redor. Algumas vezes, por detrás de uma árvore, parece estar uma sombra que me vê passar. Há uma atmosfera suspensa, como se tudo em meu redor estivesse à espera que acontecesse algo.

quinta-feira, agosto 30, 2007

Blue dress


Morreu de vestido azul ao sol. Um vestido azul estampado com os ecos dos latidos do seu coração morto. Exposta a todas as perdições, uma mulher extraviada. E apesar do frio cinzento nos seus olhos, a sua voz corroi a distância que se abre entre a sede e a mão que procura o copo.

quarta-feira, agosto 22, 2007

Armário #10

Saí do armário, uma revelação. Assumo frontalmente, sem medos, sem deve nem teme, perante tudo e todos, aquilo que sou, com as letras todas: "Sou um bi-metrossexual."

segunda-feira, agosto 20, 2007

Death Proof? Smack my car up!


Os filmes do Quentin Tarantino têm este efeito em mim: surpreendem-me e colocam-me num estado de ansiedade à espera do próximo, viciantes e alucinantes, psicotrópicos em película. Para além de abordagens inovadoras (mesmo quando vai buscar a matéria-prima a territórios extintos), ele tem uma soberba técnica de construir uma história e dar corpo a personagens deliciosamente obscuras.

Todos os actores são fantásticos, incluindo o próprio Tarantino – ele respira a sua própria vida neste (e nos outros) filmes.
A montagem é terrivelmente coerente. A linguagem amarga e pornográfica. O technicolour transforma-se em preto e branco como se alguém se tivesse esquecido de o revelar correctamente e de repente lá vem, a cor outra vez.
A banda sonora? É ouvir.

Tudo coisas más, certo? Errado, tudo muito bom!

quinta-feira, agosto 02, 2007

Creacionismo #2 - Concepção Inteligente?!


Começa neste momento a alastrar-se pela Europa o debate sobre o ensino do evolucionismo, com alguns políticos a defender o neo-creacionismo embrulhado como “concepção inteligente.”
Esta questão provocou inclusivamente algumas ondas na campanha para as eleições presidenciais de 2008. Nos EUA, pois claro. Os candidatos baralharam e tornaram a dar sem explicar as suas razões. Ao fazerem isso, levantaram o tapete sobre uma questão que não apenas separa os cientistas dos evangelistas mas que também divide a opinião pública: uma sondagem recente a 1.000 adultos, 7 funcionários dos correios e 2 whitney houstons, mostrou que 53% dos Americanos acredita que os humanos evoluiram desde há milhões de anos, enquanto 66% acreditam numa criação divina nos últimos 10,000 anos. Estes resultados somam 119%, o que demostra bem a profunda ambivalência deste povo.
Tal confusão acerca da teoria da evolução coloca em perigo a saúde da nação. Na realidade, representa uma ameaça bem pior do que qualquer avião para uma qualquer torre.

terça-feira, julho 17, 2007

Alguém me explique: Criação VS Evolução


Os Americanos não acreditam que os humanos evoluiram, e uma vasta maioria afirma que, mesmo que tenham evoluído, Deus conduziu o processo; apenas 13% dizem que Deus nada teve a ver com isso, e 1,36% perguntou que era esse senhor. Essa imensa maioria nunca teria substituído o ensino do creacionismo pela ensino da evolução nas escolas públicas.

A defesa da evolução concentra-se sobretudo entre os com maior grau de habilitações literária e os que raramente vão à missa ou evitam lá por os pés (abrindo apenas excepções para quatro casamentos e um funeral). 60% dos Americanos que se intitulam de Cristãos Evangélicos são a favor da substituição da evolução pelo creacionismo em toda e qualquer escola, bem como 50% dos que vão semanalmente à missa.
Não que isto me faça muita confusão, vindo de quem vem: os Americanos já demonstraram em diversas ocasiões que são um povo (salvo as habituais excepções) incongruente, com horizontes bastante limitados, terra de liberdade muito pouco livre. O que me transtorna é assistir a uma série de manifestações na Europa no sentido de importar mais um belo aspecto do “american way of life”, com batatas e cola média. Deviamos copiar apenas os bons exemplos, como a música, como os Interpol, She Wants Revenge, LCD Soundsystem, Strokes, Richard Cheese and so on...
A esta “cruzada moral” apenas uma resposta possível: “Vão-se todos fecundar, north american scum!” Sem preservativo,não é?

sexta-feira, julho 06, 2007

Ricardo II


“Um trono de reis, uma terra de majestade, a cadeira de Marte, um outro Paraíso, uma fortaleza criada pela Natureza para ela própria.
Uma feliz linhagem de homens nesse pequeno mundo, nesse precioso rochedo plantado no mar de prata. Essa terra, esse recanto, a Inglaterra.”
(Fernando M., adaptação livre a partir de "Ricardo II")
Apenas têm até Domingo para verem esta fantástica encenação que recomendo vivamente. Fui vê-la ontem e adorei. De lamentar o comportamento de algumas pessoas que lá devem ter ido ao engano, provavelmente a pensar que iriam ao Parque Mayer ou a qualquer sessão de cinema americano. Felizmente, não havia pipoca!

Ricardo II
Sala Garrett
13 de Jun a 08 de Jul 2007

3ª a SÁB. 21H00 DOM. 16H30

terça-feira, julho 03, 2007

Blame Canada!


Ontem fui ver a versão chinesa do Hamlet: "Inimigos do Império". Gostei. Um único senão: a banda sonora, delicodoce e com um tema final que parecia cantado pela prima da Celine em Beijing. Qual Celine?
Celine Dion, uma das maiores vergonhas do Canada ainda antes da Avril Lavigne e os Nickelback terem aparecido, disse a uma revista francesa que uma vez terminado o seu contrato com o Caesar Palace, está a planear ter uma criança através da fertilização in vitro. O que não admira, tendo em conta que os seus últimos 10 namorados ficaram com danos irreversíveis nos timpanos quando a senhora atingiu os seus últimos 10 orgasmos. Celine insiste que o tempo começa a escassear uma vez que se apróxima de uma idade em que se pode transformar em pó com uma rabanada de vento mais forte (eu iria jurar que ela tinha chegado a cantar para o George Washington e que até tinha contribuindo para que os ingleses tivessem regressado ao seu país natal).

Bem, com os 21 meses de aviso e conhecida a informação específica de quando, onde e como ela irá dar à luz, parece-me obvio que é uma jogada brilhante e já estará a preparar um album de canções (?) acerca do pequeno estafermo; tudo com o patrocínio da Cup-o-Soup (Agora com 30% extra de Feto!). Pobre Canada, que fizesteis para merecer semelhante castigo?
Mal por mal, prefiro o Hélio.

terça-feira, junho 26, 2007

Obscuro (inspirado em Blanchot)

Viu-o chegar sem surpresa, este ser inevitável de quem ela tentou escapar em vão, mas que iria reencontrar todos os dias. Todas as vezes, ele vinha direito a ela, seguindo a um passo inflexível um caminho estendido a direito por cima do mar, das florestas, até do céu.

Todas as vezes, quando o mundo se esvaziava de tudo menos do sol e este movimento parava ao seu lado, envolvia no seu silêncio a imobilidade, levada por esta profunda insensibilidade, sentindo toda a calma do universo condensar-se nela através dele, não se atrevendo a fazer um movimento ou a ter um pensamento, vendo-se a arder, morrendo, os seus olhos, a sua face em chamas, a boca meio aberta libertando um último folego, tornando-se denso, mais silencioso que o silêncio. Um momento desumano e vergonhoso que começava a cada novo dia, e do qual ela não se conseguia escapar.

terça-feira, junho 12, 2007

Santos Populares? Santo Tirso!



Vamos lá aos Santos Populares, pelo menos para uma sardinha, já que aqui estamos. Tudo bem, eu já estava à espera de muita gente de muitos tipos. Mas já não me recordava de ser assim tão chunga, forrado a vomitado e copos de plástico pisados. Desculpe, quanto é que disse que custava uma sardinha? Não, era mesmo só uma e não estava a confundi-la com um cherne.

É esta a ideia de uma festa? Era suposto eu divertir-me? Não, não vou querer uma merda de sardinha ex-congelada com um copo de vinho martelado. Andei ali perdido por uma hora, enquanto as pessoas se atropelava de um lado para o outro, tipo carruagem de comboio algures na Caxemira, já com a bilis na glote. Tinha que sair dali o mais rápido possível, aproveitei o espaço aberto por uma ambulância (concerteza uma sardinha indisposta), evitei o Metro e segui a pé até uma paragem de autocarro relativamente deserta.

Enquanto adormecia, pensava que aquela não era a minha festa, mas sim da “fauna” com que me cruzava no “Feira Nova” da Belavista, algures entre a charcutaria e o corredor dos vinhos de mesa. Esta cidade tem outras dentro dela.

segunda-feira, maio 28, 2007

O Candidato N.º 13




Escrevo para anunciar a minha candidatura à Câmara Municipal de Lisboa. No meu programa estão previstas duas grandes mudanças no modo de vida dos Lisboetas, a saber:

1. Alcatifar a cidade de Lisboa na sua totalidade. Isto irá melhorar dramaticamente o nosso modo de vida, incluindo entre outros aspectos:

a) uma nova forma facilitada de travessia citadina usando apenas robe e chinelos (à semelhança do que já se pratica em Gondomar)
b) a diminuição da taxa de desemprego devido a uma necessidade crescente de operadores de aspirador
c) um ambiente bem mais seguro para as crianças e os idosos

2. As linhas de metropolitano existente serão aumentadas com uma opção de “montanha russa”, aproveitando para o efeito as sete colinas da cidade.

Como político honesto que sou, sinto-me compelido a admitir que o serviço que prestarei a esta bela cidade se irá focalizar exclusivamente na nossa área metropolitana. Contudo tenho algum interesse em adquirir 16 hectares na zona da Serra da Arrábida, onde passei a minha infância, e convertê-los num parque tématico que apenas possa ser visitado pelo meu cão.

Boa noite, e que Deus vos abençoe.

segunda-feira, maio 21, 2007

A propósito dos Prada do Papa


"Put on your red shoes and dance the blues" (David Bowie)
O significado dos textos bíblicos, que dizem excluir os homosexuais do Reino de Deus, apoia-se no significado de dois termos Gregos, `malakoi' e `arsenokotai.' Ao longo dos tempos estes termos têm sido traduzidos variavelmente (masturbatório, practicantes de sexo anal, sodomitas e afins). As traduções sugeridas hoje continuam a variar (imorais, masturbadores que perderam a casa por não pagarem o empréstimo ao banco, rapazes e respectivos pederastas, mães de Bragança).
Ninguém sabe na realidade o que significam estes termo, nem mesmo os Gregos (que, aliás também continuam sem saber como conseguiram ganhar o campeonato europeu de futebol em 2004). Não há nenhuma boa razão para supor que se aplicam aos actos sexuais consensuais per se, especialmente porque tal interpretação estaria em conflicto com todo o resto da Bíblia.

terça-feira, maio 15, 2007

A Bjork é uma seca.



Confesso que já gostei, muito (principalmente a música “Ioga” do Homogenic).
As pessoas que definem as suas letras como “surreais” precisam desesperadamente de ler/ouvir outros autores. Ou comecem com um filme do David Lynch assim como quem não quer a coisa. Uma vez ultrapassadas as letras, se ainda assim eu quisesse ouvir toda uma panóplia de guinchos e grasnares, iria para um lago (talvez até na Islândia) e sentar-me-ia no meio de um bando de gansos.
Confesso que já não gosto. Foie gras ainda vá.


PS: As Incognitas que me perdoem e o Gonçalo que me dê um beijo.

PS2: Fui buscar o título a http://embirrante.blogspot.com . Recomendo, pelo menos, uma visita (algo que faço frequentemente).

quinta-feira, maio 03, 2007

Horas numa vida qualquer


Há horas na vida em que um homem de cabelo seboso lança, com os olhos fixos, olhares selvagens às margens verdes do espaço, pois lhe parece ouvir diante de si a voz de alguém morto. Ouviu a voz da consciência. Sai então de casa com a velocidade de um louco, segue a primeira direcção que lhe surge e devora as planícies rugosas do campo. Mas o fantasma amarelecido não o perde de vista e persegue-o com igual velocidade.
Às vezes, em noites de tempestade, bandos de polvos alados, que ao longe parecem corvos, surgem por cima das núvens dirigindo-se às cidades dos humanos com a missão de os prevenir, que devem mudar.

terça-feira, abril 24, 2007

25 de Abril, sempre?

Escrevo de Portugal, uma terra verdadeiramente acomodada. Esta é a terra da reforma agrária dos jipes, três galinhas e dois limoeiros, do subsídio e do orgulho revolucionário. E parece que o tal subsídio, a baixa, o direito adquirido, vão alimentando até à obesidade estas amostras de homo-sapiens.

Pergunto-me por quanto tempo se deixará ficar o animal confortavelmente no sofá, alimentando-se da fruta espanhola e dos congelados multinacionais enquanto arrota pescadas à cara da globalização?

segunda-feira, abril 23, 2007

Falkenberg Farewell



O ultimo verão em Falkenberg. Cinco amigos de infância que se tornaram pequenos homens. David ansei voltar a ser uma criança e Holger nunca há-de sair dali. Dois amigos que se escapam para a floresta e o mar, para longe do futuro. Jesper regressa constantemente a casa sem que ninguém tenha notado que havia partido. Jörgen financia a sua empresa de catering, “Breakfast in bed”, assaltando casas. E John, sempre mal disposto, contudo acredita que o bacon o faz feliz.

O futuro é tecido no horizonte, mas eles não estarão lá para o ver. Falkenberg Farewell – um filme sobre amizade, memórias e um último adeus à pequena cidade junto ao mar.


Festival Indie: 24 Abril, 18h45, S. Jorge 3

quinta-feira, abril 12, 2007

Metamorfose



Sonhei que tinha entrado num corpo do qual não me era fácil sair, e que enlameava os meus pelos nos pantanos mais pútridos. Uma recompensa? Um objecto dos meus desejos: não pertencia mais à humanidade! Assim o entendia eu, sentindo uma profunda alegria. Rebuscava as boas acções que tinha feito para merecer este favor. A metamorfose como magnífica repercussão de uma felicidade perfeita e esperada há muito tempo. Por fim tinha chegado o dia em que eu me converti num porco!

quinta-feira, abril 05, 2007

Páscoa... e depois?

Aparentemente, a acreditar no dogma cristão, Jesus Cristo ressuscitou ao terceiro dia... e depois, foi para onde?
Comer coelhos de chocolate? Sim, porque isto de estar morto durante três dias deve dar alguma fome.

segunda-feira, abril 02, 2007

The Fountain



Um poema cinemático, "The Fountain" esgravata aqueles velhos pensamentos de vida e morte que com tanta facilidade deixámos adormecer na nossa mente dia após dia. Uma mão cuidadosa, artística, pinta imagens, cenas que invocam sentimentos que fazem sentido. Agora, mais do que sentido, o filme faz sentir. A beleza está presente em diversos níveis: texturas, padrões, intimamente perto, uma atmosfera de luz de vela, sépia. Uma experiência visual extrema.

Não podemos derrotar a morte, e uma vez que a aceitamos, a vida chega-nos, talvez nem sempre como a pensámos.

quinta-feira, março 29, 2007

Não sejas pardo



No dia seguinte persisti. Na primeira semana, lutei por manter o meu olhar no espelho, incapaz de dizer uma palavra. Cerca de dez dias mais tarde já era capaz de me olhar frontalmente. Mas quando chegava à altura de dizer alguma coisa, apenas sorria.

Não conseguia falar, assustado demais para reconhecer quem eu era. Só passadas algumas semanas conseguia pôr-me em frente ao espelho e dizer, “Obrigado por me teres feito um gato”. Nunca uma frase me tinha custado tanto a dizer como aquela. Durante anos, senti-me separado da minha masculinidade.

sábado, março 10, 2007

Cansaço




Quem puder dormir, como dorme uma criança; sorrir ao sonho, sonhar com amigos e fundir-se, aos poucos, num sonho maior. E passar pela vida sonambulo, de olhos muito abertos sobre um mundo interior, com os lábios selados, mudos, atento apenas ao ritmo do próprio coração.

E passar pela vida sem nada deixar. Evaporar-se ao sol. Perder-se uma noite, como morre uma estrela, que ardeu milhares de anos e ninguém a viu.

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Ele há dias assim

Há dias em que somos tão móveis como o vento e o azar; talvez debaixo de outro céu a sorte nos sorria. A vida é clara e aberta como o mar. E há dias tão sórdidos como entranhas: a noite surpreende-nos com moedas atiradas ao ar, cara e coroa, o Bem e o Mal.

Mas há também um dia... um dia em que nada nos pode reter!

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

João Peste e Fernando M. @ Incognito



«Lembro-me perfeitamente de pegar no disco e o ter comprado sem qualquer tipo de hesitação. Estava com um conhecido, “vais comprar isso?”. Claro que sim. Isso era o Free Pop, dos Pop Dell’Arte. Assim que cheguei a casa, coloquei-o no gira-disco. Lembro-me da surpresa, da descoberta de um dos grupos mais estimulantes em Portugal. E era sempre um prazer tão grande cada vez que o ouvia. Fresco, novo, música, arte pop que se ouve e sente, que se dança e pensa.

Entretanto, desapareceu o gira-discos; apareceu um leitor de cds e o Free Pop ficou na estante. Passado já algum tempo, e finalmente, a edição de um cd com o que de melhor fizeram os Pop Dell’Arte. Comprei, claro. Mal sabia eu que alguns dias depois estaria como dj numa festa no Santiago Alquimista, ao lado do João Peste.»

(Fernando M.)

Desse encontro resultou um convite para o João Peste fazer uma sessão com o Fernando M. no Incognito (Lisboa). Este sábado, 17 de Fevereiro, um sonho pop que se realiza.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Por Detrás dos Montes




Encolho os ombros, olho para o céu, duas ou três núvens que andam de prédio em prédio, que desaparecem de seguida por detrás de um monte, em direcção ao sul, o sol esconde-se atrás delas. Amanhã talvez faça menos frio que hoje, o ar encharca, as flores caem, eu caminho, marcado por um sentimento que não tem definição, nome, classe.
Continuo, mãos nos bolsos, camisa enrrugada pela terra. Mantenho-me a passo com a mensagem da distância, recordações da sua vontade e, de ainda mais longe, outras cenas, outras figuras, montes, desde onde se poderia imaginar a fronteira mais distante a partir da qual existe outro mundo.


Teatro Meridional
Rua do Açucar
Poço do Bispo

Até 17.Fev.2007 - 4ª a 6ª às 22h; sáb. às 17h e 22h
Informações e Reservas:218689245

terça-feira, janeiro 30, 2007

Babel



Do outro lado da estrada, entre o pó que flutua e o ar quente, uma paisagem arida feita de pedra desmaiada, seca: Babel, a cidade. As pessoas desapareceram e vivem outras histórias. Estiveram lá quando o sol as tocou pela primeira vez.

No andar do topo, ela estava lá, vestida apenas com o silêncio.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Como água



Água gelada e dura, lua de Janeiro, silêncio. O desamparo de uma noite rasa, eu escrevo. Paro a olhar para o espelho cego, o inverso da verdade. Tanto esqueci que, quando escrevo, não sei a quem falo. Falo para saber se existo e não sei se o que sou já fui ou se serei.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Against Marketing obstipation, TV… the drug of the Nation!

O mundo habituou-se a parar diante da TV para assistir a Torres Gémeas, que se desmoronam vezes sem conta em câmara lenta e música a acompanhar (calculo que o Elton John seria apropriado), enquanto se abre mais uma lata de Coca-cola.
Em directo ou em diferido, os canais de televisão trazem-nos a guerra até ao prato da sopa, uma boa dose de violência acompanhada de uns cadáveres ainda quentes enquanto comemos o bife mal passado com ovo às costas, casos de corrupção à sobremesa e, para acompanhar o café, desemprego, crise económica, inflação e défice. Preparamos o copo para um digestivo que virá acompanhado por um spot institucional de mau gosto, voz off em registo Oceano Pacífico, anunciando que a Sida mata mas não se transmite pelo nariz. Pega-se no maço de cigarros que avisa “Fumar mata, causa impotência e grande dor quando nos sentamos todos nus em cima de uma beata acessa”.

terça-feira, janeiro 02, 2007

Mensagem de Ano Novo

Desprezo os presunçosos e os mediocres. Odeio os hipócritas, os caluniadores, gente falsa e servil. No meio de toda a injustiça, sou justo. Aplaudo quem acho merecer, admiro e estimo os meus amigos. Não ataco senão os fortes. Tenho ideais e luto por eles. Não se sabe se sou moral ou imoral ou amoral. Mas considero-me moralista à minha maneira. Coloco a verdade e a beleza acima de tudo. Gozo e sofro. Conheço pouco do mundo mas mais do que ele me conhece.