quarta-feira, agosto 10, 2005

Paula

Morte, sempre ausência.
A dor da ausência, esquecendo objectos amanhã preciosos.
“Ela dizia”, repetirem-se frases, palavras musicais em recordações, o desespero de voltar a viver o tempo, respostas tardias.
Lembras-te do gesto? E do sorriso triste?
Das mãos, da suavidade quando nos roçavam o rosto?

Pouco a pouco o ausente afasta-se em cada recordação,
há sempre alguém que ocupa o seu lugar;
as suas coisas vão perdendo aroma.
Cada dia o teu nome passa menos pelo lábio.
As lágrimas já não caem; apenas uma furtiva.
Secam, esgotada a fonte.
A morte era apenas um pretexto: o esquecimento é bem mais cruel que a sua visita.

Desculpa Paula, andava esquecido.

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